Grupos culturais pedem por maior incentivo em Imperatriz

Segundo organizações, faltam iniciativas para valorizar cultura local e implementar políticas na área

Por Giuliana Piancó e Willas Ilarindo

Encarar a cultura como uma política pública implica que o Estado deve oferecer mecanismos de preservação, fomento e incentivo cultural. Mas para os representantes do setor em Imperatriz faltam ações mais concretas para valorizar a multiculturalidade de Imperatriz, fruto da miscigenação iniciada com a Rodovia Belém-Brasília que liga o município a todo o país e que trouxe diversos imigrantes e diferentes manifestações culturais.

Desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), concebe-se a cultura como um direito a ser preservado, direito este também garantido no Brasil por meio da Constituição Cidadã de 1988: “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”.

Ações do poder municipal priorizam grande eventos

A Fundação Cultural de Imperatriz, órgão ligado à prefeitura, é um meio de gerenciamento dos grupos e artistas da cidade. De acordo com o coordenador de memória e documentação da fundação, Ozório Mendes, “Imperatriz está bem adiantada, estamos bem amparados em comparação as demais cidades”. “A fundação tem como objetivo fazer grandes eventos e festas tradicionais como carnaval, São João e ano novo. São gastos altíssimos, mas não são gastos, são investimentos, porque geram uma economia criativa que aquece o mercado”, relata Ozório.

Quando questionado sobre a democratização do espaço cultural na cidade ele diz que o que falta é que os movimentos se legitimem enquanto instituição. Porém, alguns grupos sentem falta de uma secretaria específica para garantir esse direito e tratar de assuntos culturais e que fomentem, de maneira mais democrática, todos os tipos de grupos culturais.

Democratização Cultural

Segundo a secretária do Centro de Cultura Negra Negro Cosme, Eronilde Cunha, os mecanismos institucionais voltados à cultura da cidade são falhos. “O órgão responsável pela cultura municipal, a Fundação Cultural,acaba priorizando os calendários oficiais do município, e os outros grupos ficam em segundo plano, não são tão assistidos e, algumas vezes, nem conseguem recurso algum para a manutenção e o fortalecimento das atividades desenvolvidas”.

Eronilde Cunha afirma que não há democratização do espaço. “O Centro de Cultura Negra Negro Cosme é um órgão sem fins lucrativos e que passa por diversas dificuldades em relação à concretização e o fortalecimento das ações relacionadas às atividades culturais e sociais. Mas o centro se mantém mesmo sem as estruturas que poderia ter tanto do governo municipal quanto federal, mas continua se mantendo assim como vários outros grupos culturais aqui na cidade”, conclui a secretária.

Artesã Ana Carmen: ainda há muito para melhorar”

Para a artesã associada do Centro de Artesanato de Imperatriz, Ana Carmem Ramos, ainda há muito para melhorar. “Eu acredito que já esteve pior em termos de apoio municipal, mas ainda é muito pouco. Esse prédio aqui é da prefeitura, mas a prefeitura até ano passado não apoiava nada, não tinha uma ajuda ou uma verba direcionada a isso. A reforma foi feita pelo Governo do Estado”, explica.

Políticas estaduais

            Centro de Artesanato: reforma realizada pelo governo

O Centro de Artesanato de Imperatriz hoje funciona com 250 associados e 30 artesãos trabalhando na sede, que é dividida em vários boxes. A artesã conta que o Governo do Estado está dando suporte em outras coisas quando precisamos, além do centro. Aos fins de semana acontecem feiras na Beira-Rio e as artesãs participam de eventos como Salimp e Fecoimp”.

A superintendente de Cultura e Turismo da região metropolitana de Imperatriz e polo da Chapada das Mesas, Lília Diniz, detalha sobre a reforma do Centro de Artesanato, criação da Superintendência de Cultura e Turismo e a descentralização de políticas.

 

Para Lília Diniz, existem boas leis de proteção, preservação e tombamento. “O que falta, em certa medida, são os governantes executarem e respeitarem as leis. Por exemplo, em Imperatriz existe uma lei de proteção ao patrimônio, entretanto vemos um local que poderia ser o centro histórico da cidade, nas proximidades da Beira-Rio sendo descaracterizado, pois não tem uma política pública e cumprimento da lei”.

*Reportagem especial produzida para disciplina Jornalismo Político (2018.2). Fotos: Giuliana Pianço e Wilas Laurindo