Policiamento insuficiente preocupa moradores do Recanto Universitário

Texto e foto: Maria Eduarda Santos

Furtos, roubos e assassinatos fazem parte da história do Recanto Universitário. Apelidado pelos moradores de “Cidade de Deus”, em referência ao filme do diretor Fernando Meirelles, o bairro foi fundado em 2014, a partir do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 1), e possui um posto policial para atender mais de 420 famílias.

“Uma sensação de insegurança e medo”, desabafa Ariana Sales, 35 anos, que vive na região desde a inauguração. Ela conta, ainda, que já presenciou situações de risco e que a preocupação a impede de encontrar lazer nas proximidades. “Pessoas sentadas em suas portas, sendo abordadas por meliantes que lhes tomaram os celulares”, descreve. Ariana acredita que o reforço do policiamento no local é a forma de combater esse problema. “Um efetivo maior de policiais no bairro, fazendo rondas com mais frequência”, sugere, esperançosa.

Essa realidade faz com que os moradores vivam em estado de alerta. “Observo mais a movimentação dos lugares onde estou e também antes de sair. Coloquei rastreador no meu transporte, uso cerca elétrica na minha residência, evito sair com bolsas e celular à vista”, afirma Andreia Costa, 42 anos, uma vítima de roubo na localidade. Diferente de Ariana, Andreia considera que os pormenores são compreensíveis, já que existe uma grande demanda para os agentes.

Contrapartida

Em resposta, o sargento do 14º Batalhão da Polícia Militar, Isaias Sousa, defende que as forças policiais estão trabalhando para garantir a segurança dos cidadãos. “A viatura passa determinado período em um local, depois em outro e assim sequencialmente de acordo com os horários em que os crimes costumam acontecer nesses locais”, explica.

Veículo é um dos principais recursos utilizados pelos policiais

Sobre as condições de trabalho, Sousa pondera que o suporte do Estado é insuficiente para uma ação eficaz. “Disponibilizam armas, coletes à prova de bala, comunicação eficiente entre Centro de Operações e a guarnição de serviço. Mas o combustível na maioria das vezes é insuficiente para fazer rondas ostensivas e preventivas por toda a área. Dessa forma, uma parte do bairro fica sem o policiamento”.

O sargento alega que os jovens criminosos vêm de outros lugares, já que não é difícil ser reconhecido dentro do seu próprio bairro, e que muitos tiveram oportunidades de uma vida digna. “Por exemplo, um jovem conhecido na cidade e jogador do Cavalo de Aço, praticava roubo”, lembra Isaias, que lamenta o fim trágico do atleta, morto em uma troca de tiros com a Polícia Militar.

Segundo Sousa, há medidas que podem ser adotadas pelos próprios moradores para auxiliar no combate violência. “A comunidade tem que fazer denúncias, através do 190 quando: elementos que aparentam não ser do bairro rondam a área; alguém a pé ou de moto permanecer por muito tempo parado no local e participar de um grupo de Whatsapp com elo direto com o Copom (Centro de Operações da Polícia Militar), para viabilização do atendimento da denúncia”, instrui o sargento.

Esta matéria faz parte do projeto “Meu canto também é notícia”, desenvolvido com os estudantes do 1º semestre do curso de Jornalismo da UFMA de Imperatriz (MA). Eles e elas foram estimulados a procurar histórias no entorno onde vivem.