Pesquisa Jornalismo de Fôlego Premiado 1: conheça os vencedores no formato televisão

Texto: Deborah Costa

Imagens: Divulgação

O grupo de pesquisa Jornalismo de Fôlego, da UFMA de Imperatriz está aprofundando pesquisas com reportagens premiadas dos anos de 2018, 2019 e 2020. Durante o período do estudo, que segue até 2022, estão sendo analisadas cerca de 52 reportagens que abordam sobre variados temas envolvendo os direitos humanos. Desde 2020 a equipe trabalha com estas matérias e são os bolsistas e voluntários do grupo que fazem parte desta pesquisa. Um dos objetivos do projeto é compreender como são feitas estas reportagens e destacar as suas características. O material é dividido em seis mídias, sendo elas: jornal, revista, televisão, rádio, multimídia e livro-reportagem. Ao final da pesquisa será divulgado um relatório, que tem previsão de ser apresentado em maio de 2022.

Nesta matéria, iremos apresentar nove reportagens televisivas que tratam de diversos temas sociais como é o caso da intitulada “Defensores sob ameaça”, produzida pela TV Brasil – Guará/DF. A reportagem denuncia a violência sofrida por agentes sociais que defendem os direitos humanos. Uma das defensoras destacadas é Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro morta em março de 2018, em um atentado ao carro em que estava com o motorista Anderson Pedro. Diante deste ocorrido, os repórteres iniciaram seus trabalhos para relatar outros casos de violência contra outros defensores que ocorrem em todo o Brasil. A produção mostra, por exemplo, os conflitos agrários de pescadores em São Luís (MA), além de abordar a briga de assentados e indígenas em terras já demarcadas. A premiação veio do 40º Prêmio Jornalístico Vladmir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, no ano de 2018 e a reportagem está disponível em: https://tvbrasil.ebc.com.br/caminhos-da-reportagem/2018/05/defensores-sob-ameaca.

Outra premiada em 2018 produzida pela TV Pajuçara, afiliada da Record TV em Alagoas, ganhou o 7º Prêmio Anamatra de Direitos Humanos com uma série chamada “Casas de Farinha: o fim da tradição. O começo da escravidão”, que fala sobre o trabalho desgastante do qual mais de 26 mil pessoas fazem parte: a fabricação de farinha. A reportagem expõe o processo da origem ao destino final. A série também traz relatos de trabalhadores que precisam descascar manualmente mais 500 mandiocas por dia para, no final, conseguir cerca de R$ 20 de renda diária. Foram encontradas, ainda, outras irregularidades, como o trabalho insalubre, a ausência de equipamentos de proteção, além de denúncias envolvendo o trabalho infantil. Para conhecer melhor este impacto cruel na vida destes trabalhadores, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=iWJm-Haejpo.

A terceira premiada em 2018 na categoria televisão, está disponível em:  https://tvbrasil.ebc.com.br/caminhos-da-reportagem/2018/05/barcarena-cidade-contaminada. Conta sobre a cidade de Barcarena, na região metropolitana de Belém do Pará, onde moradores tem de conviver há anos com estragos causados por acidentes ambientais. Chamada de “Barcarena, cidade contaminada”, a reportagem produzida pelo programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil e veiculada em maio de 2018, traz vozes de pescadores que contam a suas necessidades de como é ter que ficar sem água potável para seu consumo devido à poluição dos mananciais. O material ganhou o 35° Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo da OAB-RS e traduz, entre outros personagens, a realidade de Rosângela Morais, uma das pescadoras da cidade. Ela relata que a água contaminada acaba prejudicando suas vendas de pescado na praia.

Em 2019, a primeira reportagem premiada nesta categoria foi “Médico Genial”, do Jornal da Record 24 horas. A reportagem conta a história de Wellingson Paiva, neurocirurgião que foi destaque na série, que apresenta cinco médicos conhecidos pelo tratamento diferenciado aos pacientes. O médico é reconhecido internacionalmente em técnicas no diagnóstico de doenças graves. A equipe acompanha o profissional recebendo seus pacientes e demostrando amor pela sua atividade. Wellingson Paiva recorda que a vocação para a medicina surgiu quando foi atendido em um hospital público de sua cidade, com apenas sete anos de idade. Desde então continuou estudando até chegar onde está. Atualmente ele trabalha no Hospital das Clínicas da FMUSP e também médico supervisor desta mesma unidade. A matéria venceu o 9º Prêmio Estácio de Jornalismo, e encontra-se em: https://recordtv.r7.com/jornal-da-record/videos/jovem-sai-do-interior-do-piaui-e-se-torna-neurocirurgiao-reconhecido-no-mundo-13052019.

Reportagem “Infância Refugiada”, do programa Caminhos da Reportagem, trata das crianças imigrantes da Venezuela

 

A segunda matéria premiada em 2019 se chama “Infância Refugiada” e levou o 36º Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo da OAB-RS na categoria televisão, em outubro de 2019. A série  produzida pelo programa Caminhos da Reportagem (EBC-Brasil), conta que mais de 10 mil crianças da Venezuela já entraram no Brasil e andam por caminhos difíceis até chegar ao país. “Queremos chinelos e roupas para sermos crianças limpas”, pede Diego Hernandez, de apenas 10 anos. Para conhecer a primeira reportagem da série, ela está disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=h-eJcsexNX0 . Nas reportagens a seguir, o foco é nas histórias alarmantes de crianças que chegam sozinhas no país e outras que imigram com os pais, mas acabam sendo abandonadas em maternidades. A prefeita de Boa Vista, Tereza Surita, alega não ver diferença entre as crianças brasileiras e as venezuelanas, pois elas são tratadas da mesma forma e garante que sabe da importância da primeira infância. Quer saber mais sobre esta série de reportagens? Clique em: https://www.youtube.com/watch?v=_6yWQFrQvbA. Para conferir a segunda e a terceira e última parte da série, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=MYxuOvybfTY.

A terceira reportagem premiada em 2019 foi produzida pela TV Globo e ganhou o 41º Vladmir Herzog de Direitos Humanos, com o tema “70 anos da Declaração dos Direitos Humanos: conquistas e fracassos”. O material fala sobre a importância deste texto, com princípios éticos firmados para proteger o ser humano depois das atrocidades da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e que foi traduzido para mais de 500 línguas. A declaração foi proclamada em dezembro de 1948, na França. A reportagem faz uma comparação de como ela foi recebida na ocasião pela sociedade e como é compreendida nos dias de hoje. A triste constatação é que a declaração perde força até mesmo no mundo ocidental, onde foi escrita. Por outro lado, a série aborda o desafio de tornar os Direitos Humanos uma realidade para todos os brasileiros. Quer saber mais sobre o assunto? Clique em: https://www.youtube.com/watch?v=OxQHsOFY6RM.

A realidade dos Guajajara, que sofrem com a invasão dos seus territórios no Maranhão, aparece na reportagem “Guajajara-terra de conflitos”

 

Em 2020, foram escolhidas mais três reportagens premiadas para o estudo. A primeira, chamada de “Guajajara: Terra de Conflitos”, é uma matéria da TV Record que expõe o drama dos indígenas guajajara, que sofrem com a invasão violenta dos seus territórios no Maranhão. “A gente fica assustado, porque eles têm armas pra matar a gente”, conta um deles. A reportagem destaca que só entre novembro e dezembro de 2020, quatro indígenas foram assassinados na região. Os jornalistas responsáveis pelas matérias tiveram a oportunidade de acompanhar e investigar, durante dois meses, os atentados contra o povo da floresta maranhense. A reportagem ganhou o 9º Prêmio da Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj) Patrícia Acioli de Direitos Humanos. Aprofunde mais na reportagem acessando: https://www.youtube.com/watch?v=a5e3Ixzp0_8&feature=youtu.be.

A segunda premiada em 2020 está disponível em: https://estudio.r7.com/edicoes/a-escravidao-do-seculo-xxi-10082020 e denuncia os casos de escravidão e exploração de crianças e adolescentes, em pleno século XXI, na colheita do cacau, que é matéria prima do chocolate. Os repórteres da TV Record percorreram por 18 dias, no Pará e na Bahia, os principais polos produtores do cacau. O que eles encontraram é muito diferente da riqueza que movimenta este mercado. Por ano, este setor movimenta mais de R$ 14 bilhões no Brasil, o que torna o país o sétimo maior produtor de cacau do mundo. A reportagem traz a fala de dois irmãos que, com 14 anos de idade, vivem nesta condição precária. “O facão escapuliu e pegou na minha perna. Eu não sabia se chorava de medo ou de dor”, diz um deles. A matéria mostra relatos de donos de terra e lavradores que contam que o dinheiro que recebem, dá mal para se alimentar. A reportagem ganhou a Menção honrosa – 9º Anamatra de Direitos Humanos e lançou a sugestão de um plano que tinha previsão de ser desenvolvido em 2020, para combater o trabalho escravo nas plantações de cacau do país.

Imagem da reportagem “Defensores da Floresta”, mostra região defendida por guardas florestais

 

A terceira e última reportagem televisiva escolhida para a pesquisa se chama “Defensores da Floresta”. Relata momentos em que os fiscais responsáveis por combater o desmatamento em Parques Nacionais sofreram ameaças e acabaram escapando de atentados. A matéria produzida pelo programa Fantástico, da Rede Globo, flagra a prisão de dois responsáveis por esses crimes. Com eles foram encontrados cheques, armas e documentos de venda ilegal. A equipe traz o relato de um fiscal do Ibama que lembra das emboscadas que passou e nas quais, segundo ele, sua vida quase foi eliminada. Na ocasião, o servidor estava na estrada, um caminhão parou e criminosos começaram a jogar combustível no carro onde ele estava. “A intenção, com certeza, era de colocar fogo”, diz o fiscal. Esta matéria venceu o 42º Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos e está disponível em:https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2019/09/29/fiscais-responsaveis-por-combater-desmatamento-estao-marcados-para-morrer.ghtml