Por Marcos Viana Pereira
Diversos estudos apontam que a inclusão de exercícios físicos dentro da rotina de uma criança com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), é benéfica por diversos aspectos, sendo alguns deles, a sociabilidade e o desenvolvimento motor e cognitivo. Além da natação, futebol ou do basquete, o patins é um desses esportes indicados como forma terapêutica, por não somente proporcionar o lazer, mas também de ser uma forma de atenuar os sintomas dessa condição, como a dificuldade de interação social.
A neuropsicopedagoga e especialista em ABA – Autismo e Deficiência Intelectual, Karla Bianca, explica que com a prática do patins a criança autista é levada a ter um contato externo em um espaço público e isso faz com ela aprimore as suas habilidades sociais. “O patins vem com esse intuito de tirar a criança do espaço terapêutico e colocá-la na rua, na praça, ao ar livre, convivendo com outras pessoas e isso é fundamental para o desenvolvimento dela”, diz ela.
A instrutora de patins, Arivana Sousa, que já tem mais de dois anos nessa profissão e um ano sendo orientadora de crianças autistas, relata que para ensiná-los é necessário manter o foco deles com criatividade e dinamicidade durante as aulas. “O grande desafio está em manter a atenção deles na atividade, mas também em ser criativo e dinâmico no que está sendo trabalhado com eles e sem distrações”, afirma Arivana.
Outro ponto que a professora ressalta sobre os desafios enfrentados é que há situações onde a criança se frustra por algo ou então chega a aula com humor diferente e isso acaba afetando todo o planejamento do que seria feito, mas afirma que é necessário ter paciência e respeito pelo processo de cada um.
Karla esclarece que com o exercício do patins a criança aprende a encarar melhor as suas emoções: “Ela aprende a lidar com a queda e com o medo, mas também em se arriscar e a também ousar”. Outras vantagens que ela também fala sobre a prática do patins é na parte motora da criança ao se trabalhar com tônus muscular, a lateralidade e o equilíbrio. Já na parte cognitiva, a criança aprende a ler e a escrever melhor e a aprimorar outras habilidades correlacionadas.
Além dos inúmeros benefícios que a prática do patins propõe, ela também promove que as crianças autistas passem a ter novos hábitos incluídos na sua rotina, como o exemplo que a professora cita de um dos seus alunos que não mantinha o costume de usar o tênis: “Depois de seis meses realizando atividades lúdicas, mostrando o patins e explicando o que a prática poderia trazer de bom para ele, eu o convenci a colocar [o patins] aos poucos, deixava de dez a quinze minutos, até que consegui colocar todo equipamento com o kit de proteção”, ela explica.
Incentivar a prática de esportes para crianças autistas é fundamental, pois além de haver diversos benefícios como físico, cognitivo, emocional e social, ela também promove a inclusão e o lazer, permitindo assim que elas possam estar mais conectadas com o social e o mundo externo. Por isso, a inclusão da prática de exercícios físicos adaptadas às suas necessidades dentro da sua rotina devem ser um componente importante na vida de cada uma dessas crianças.