O Box 22 do mercadinho: a história de Emanuel Lima

Por Anna Luiza Barros

O cachorro quente do Chico é uma das peculiaridades gastronômicas da cidade de Imperatriz, mas o que talvez

O box localizado no setor do mercadinho

ninguém conheça tanto é a história do seu dono que é o famoso “Chico” ou “Seu Chico”. Natural de Itapecuru Mirim – Maranhão, o seu nome verdadeiro é Emanuel Lima, e hoje tem  73 anos.

A ideia de vender cachorro quente não foi por dom, mas por necessidade. “Quando eu morava lá em Itapecuru Mirim tinha uma mercearia, mas quebrou, ficou sem vendas. Então vim para Imperatriz porque eu já conhecia. Vim e comecei a procurar emprego, todos os dias”.

Então depois de procurar tanto, não viu nenhuma oportunidade mas viu um carrinho ambulante e então decidiu aproveitar a oportunidade. “Eu vi um carrinho encostado e pedi pra um parente comprar pra mim ir pagando aos poucos.”

 

“Comecei a vender sem saber para onde ia. Cozinhar eu já cozinhava um pouco lá onde eu morava, poucas vezes, mais para família.”

Emanuel Lima o “Chico do cachorro quente” hoje com 73 anos.

Então ele decidiu abrir um ponto, e esse ponto foi no box 22 do mercadinho. O cachorro quente começou a funcionar no ano de 1975 e continua até hoje. Ele é preparado de forma simples: pão francês, carne moída e uma salada feita de cebolas e tomates picados. “Quem preparava a carne era eu mesmo, meu tempero, lá no mercadinho. O pessoal sempre gostou.”

Seu Chico começou a conquistar muitos clientes, e com o passar do tempo seu negócio se tornou muito popular na cidade de Imperatriz. “Passei 43 anos ativo no ponto”, hoje Chico não participa mais da produção do cachorro quente por conta da trombose. “Dois anos atrás eu já vivia doente da trombose, e ai como piorou, eu deixei de vender lá. Diminuiu a freguesia depois que eu saí de lá.” O box 22 é um lugar de história por conta do famoso cachorro-quente, mesmo sendo um lugar pequeno e com um modesto em meio ao grande mercado do bairro Mercadinho.

Hoje quem cuida dos pontos é sua filha. Além do ponto do mercadinho existe outro ponto na Avenida Pedro Neiva de Santana. “Ela é quem cuida agora, mas não fica no ponto. Ela é quem prepara a carne, não mais eu”.

Apesar de não estar mais presente por conta da saúde, seu Chico sente falta de estar presente no Box. “Eu sinto muito falta, eu conversava com os fregueses e também ganhava mais. A freguesia caiu, esse vírus também afetou, e também o tempero da carne que não faço mais.”

Sua história talvez seja pouco conhecida por conta de ele nunca ter dado entrevista. “Essa é a primeira vez que eu dou uma entrevista, sempre recusei.” Atualmente Emanuel vive financeiramente com o pouco que ainda resta do cachorro quente e também com a sua aposentadoria.