Alta dos hortifrúti: preços elevados seguem até abril

Texto de Beatriz Farias e Gustavo Araújo

 

O preço dos hortifrútis em Imperatriz está elevado. No primeiro semestre de 2016 houve uma variação de 30% a 100% chegando a dobrar o valor de alguns alimentos. O tomate por exemplo, que custava R$ 2,50 chegou a marca R$ 12,00 em alguns estabelecimentos.

 O ponto alto dos preços começou na segunda quinzena de fevereiro e a previsão é de alta até os três primeiros meses do ano, conforme estimativa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). “Fenômenos climáticos como El Niño interferem na produção de legumes e hortaliças, há excesso e escassez de chuvas nas regiões produtivas do país. Insumos agrícolas como adubos e fertilizantes têm preços afetados pela alta do dólar que por sua vez influenciam no produto final que chega à mesa do consumidor”, explica o professor de Agronomia da Universidade Estadual do Maranhão, com doutorado em Ciência do Solo pela Universidade Federal Rural do RJ, Wilson Araújo.

Mito

 A maioria das pessoas imagina que quando chove muito é sinal de fartura nas colheitas, maior oferta de produtos e preços baixos. Mito! Muito pelo contrário, explica o professor Araújo, no período chuvoso o risco dos legumes e hortaliças de contrair doenças, fungos e bactérias é enorme tornando impróprio para o consumo. “A força da gota da chuva prejudica mecanicamente as folhas das plantas, há alagamentos e dificulta a penetração de água no solo que não chega até a raiz. Quem não tem a tecnologia da plasticultura (estufas) corre o risco de perder a plantação toda”, detalha.

Conforme o professor, é mais fácil produzir em períodos mais secos do ano através do processo de irrigação, seja tecnológica ou manualmente. Regiões do Sul e Sudeste têm sido castigadas com muitas chuvas por causa do El Niño, boa parte dos produtos vem dessas áreas do país, com o diesel e a gasolina com preços altos, o transporte das cargas ficam com valores elevados e também influenciam no valor final dos produtos nos comércios e supermercados da cidade.

Abaixo, alguns valores coletados em três grandes pontos de comércio de hortifrútis de Imperatriz, pesquisados nos dias três e quatro de março:

Confira antes de comprar
Confira antes de comprar

Os preços mais caros do mercado estão no Caldeirão Supermercados, em seguida o Mateus Centro e por último o Mix Mateus Bacuri. Os preços da rede Mateus Supermercados diferem entre si, enquanto a do centro vende no varejo a do Bacuri vende no atacado, daí a razão dos valores serem diferentes mesmo pertencendo a mesma rede. Produtos que passam de quatro reais são considerados caros, afirma o professor de administração da Uema com doutorado em Desenvolvimento Socioambiental, Edney Loyola. O Mateus Centro oferece os melhores preços no dia de quarta-feira, com a promoção no setor de hortifrúti, chamada “Quarta-feira Livre”.

Driblando o preço

O cubano gerente de bar, Samuel Oliva, 45, conta que costumava fazer as compras de casa apenas uma vez por mês. Agora vai duas vezes a cada semana e compra em menor quantidade numa tentativa de driblar os altos preços. “Antes comprava por mês, agora não, só vou comprando por semana. Eu lembro que em alguns anos atrás no mês todinho gastava trezentos reais só para mim e para minha mulher, hoje chega a setecentos e cinquenta. Essa história da inflação no Brasil virou um problema cultural, a inflação sobe e as pessoas começam só a aumentar os preços querendo ganhar mais dinheiro, mas não adianta porque todo mundo aumenta e só faz desvalorizar o dinheiro mais ainda ”, comenta.

A feirante Léia Barbosa, que está no ramo há 21 anos, afirma que se assustou com o preço das hortaliças. “Agora até que baixou, mas nesses dias atrás estava caro. A alface chegou a R$ 5,00 o pé, agora não, normalizou, a alface está R$ 3,00 a rúcula que tinha chegado a R$ 4, estou vendendo de R$ 2,00 e o cheiro verde vendo por 0,75 centavos, mas tem gente que vende mais caro”, afirma.

Feirante Léia diz que se assustou com a alta nos produtos
Feirante Léia diz que se assustou com a alta nos produtos

A feirante acredita na qualidade de seus produtos e na confiança da clientela. “Mesmo quando eu vendo no preço alto, meus clientes sempre compram. Tenho meus clientes certinho. Quando é na falta fico cheia de clientes clandestinos (chamo assim porque eles só aparecem aqui nessa época, pechinchando), mas quando é na cheia eles somem, só ficam os que compram com frequência na minha mão”, conta a feirante.

Segundo ela, os clientes sempre perguntam o porquê da alta nos preços e ela afirma que fica em dúvida no que responder. “Uns reclamam de muita chuva e outros reclamam da seca. Aí eu nunca sei qual motivo é mesmo. Uns dizem que o poço seca e não tem como tirar água ou quando chove muito diz que estraga e fura as folhas, entendeu?”, explica a feirante.

Saídas

Os preços estão altos, mas há sinais de saídas do vermelho. Os valores já começaram a cair desde o final dessa segunda quinzena de fevereiro, em ritma lento, claro. Informa o professor Edney Loyola. ”No final da segunda quinzena de fevereiro os preços começaram a baixar, estão caminhando para o normal. Creio que daqui para o próximo final de semana os preços estarão normais”, explica. Enquanto isso, aproveitar as promoções, comprar em menor quantidade, alternar as compras de verduras na semana são algumas alternativas para fugir dos altos preços do mercado.

 

Veja como substituir

Frutas, legumes e verduras da estação possuem o preço mais em conta. A alternativa é substituir alguns produtos por outros de valores nutricionais semelhantes. Veja a lista a seguir:

– batata lisa: batata doce e mandioca
– abobrinha: berinjela
– chuchu: pimentão, alface, brócolis, couve
– frutas da estação: abacate e abacaxi
– verduras e legumes da estação: couve, espinafre, e alface