Repórteres: Ayrton Araújo e Luana Rodrigues
O Imperatriz Notícias entrevistou Márcia Martins, gerente da unidade do Sebrae em Imperatriz. Durante a entrevista, a gerente apresentou um panorama geral do empreendedorismo na cidade, focando em aspectos como desafios comuns, planejamento e o papel de iniciativas de apoio para empresários em início de carreira.
De acordo com o levantamento “Total de Empresas Brasileiras”, conduzido com dados da Receita Federal, há cerca de 23 mil empresas na região de Imperatriz. Além disso, a unidade do Sebrae em Imperatriz atende 12 municípios próximos. E para cada novo empreendedor que adentra o mercado, Márcia afirma que existem dificuldades recorrentes, mas que podem ser superadas com a orientação correta.
Márcia aborda a sua visão de quais são os principais desafios para um novo empreendedor local, como, por exemplo, o processo de planejamento, a pesquisa de mercado, entendimento de fluxo de caixa, entre outros.
Além disso, ela reforça: há setores em alta em Imperatriz, especialmente no que diz respeito ao empreendedorismo feminino, especialmente na área da beleza. Confecções e alimentação. Além da necessidade que há de o empreendedor conhecer seu mercado.
Apesar de destacar a importância da pesquisa de mercado, Márcia afirma que a concorrência local é fator que contribui para que o empreendedor possa melhorar constantemente nos seus produtos e serviços. O foco, segundo a gerente, deve estar na inovação: o empreendedor deve atentar para o seu diferencial competitivo para o mercado.
Imperatriz Notícias: Quais são os principais serviços que o Sebrae está oferecendo a micro e pequenas empresas no momento em Imperatriz?
Márcia Martins: o Sebrae apoia os pequenos negócios em todas as categorias empresariais, seja: comércio, serviço, e do varejo à indústria, atendendo ao MEI (microempreendedor individual) — aquele potencial empreendedor que está buscando conhecer o mercado, ME (microempresas) e EPP (empresas de pequeno porte). São os empreendedores e empresas que geram um faturamento de até R$ 4,8 milhões que é o limite da categoria empresarial do Sebrae.
IN: Você poderia compartilhar o caso de alguma empresa que se destacou após receber apoio do Sebrae?
MM: Nós temos um processo de evolução empresarial. Então nessas categorias de EPP, MEI, vemos empresas com destaque no empreendedorismo feminino, no comércio, serviço e indústria. No agronegócio, a exemplo de premiações, proporcionamos ao empreendedor caminhos para melhorar sua atividade. O prêmio Sebrae, Mulher de Negócios, temos empreendedoras na categoria rural que foram premiadas e recebem o troféu de valorização do crescimento à melhoria promovida. Essas empresas servem como experiência para outros negócios. Temos outras empresas orientadas no segmento de inovação e indústria. O Vale das Carretas, com destaque muito importante na produção industrial, que fornece um grande serviço na região. Essa é uma das empresas que podemos citar como potencial destaque.
IN: Partindo para uma pergunta um pouco mais conceitual: sobre o cenário regional de Imperatriz e com base na experiência de atendimento aos empreendimentos locais, quais são os principais erros que você visualiza entre os empreendimentos iniciantes aqui na cidade?
MM: Na verdade, eu não considero o erro. Tudo o que é novo, tudo o que se começa, é um processo de aprendizado. O empreendedor que busca uma informação para ter mais eficiência e eficácia no seu negócio, busca assertividade. Ele nos procura para se munir de informações para que ele se encontre naquelas informações para poder classificar melhor as suas atividades. Apenas aí, ele pode tomar uma decisão de maneira coerente e estratégica. Erros proporcionam acertos, então eu posso dizer: na oportunidade de citar erros, eliminamos essa frase e chamamos de desafios. São desafios que os empresários têm no mercado e precisam entender melhor para se posicionar também de forma diferente.
IN: E você poderia enumerar alguns desses desafios?
MM: O empreendedor quando está começando, busca muito conhecer o mercado. Ele desconhece o mercado, então busca entender outras atividades competitivas e o faturamento de potenciais empresas que tenham similaridades. Então precisa conhecer o nível de faturamento. Por isso, orientamos em: fluxo de caixa, controle de estoque, gargalos iniciais que começam na vertente do planejamento. Tudo começa no planejamento. O empreendedor precisa ter esse horizonte de planejamento e identificar dentro desse plano de negócio a própria capacidade produtiva de mercado. Na segmentação de negócio: quem é seu cliente no mercado? Então entra a orientação do Sebrae nessas questões. Pontos fortes e fracos do mercado, para que ele possa se definir. Existe a necessidade de conhecer onde ele vai se estruturar e como adequar o fluxo de negócio. É preciso um ponto de equilíbrio empresarial: quanto é preciso vender, faturar, comercializar enquanto fluxo de caixa para que a empresa seja rentável nesse mercado.
IN: Sobre o processo de pesquisa de mercado: acredita que tem algum setor em Imperatriz que já esteja saturado?
MM: Não existe saturação de mercado. A saturação é volume, é quantidade, e temos com certeza setores de atividade empresarial que tem fluxo maior de negócio, como o comércio. Mas, se você analisar a atividade empresarial no comércio, quantas empresas aqui se enquadram nessa categoria? Geralmente, quando o cliente busca entender um mercado, ele começa querendo saber a quantidade de empresas que tem no raio, de por exemplo, 2 km de sua localização. Porém, ao analisar esse indicador, é importante lembrar que, em farmácias, por exemplo, em todas as cidades do Brasil, elas se posicionam estrategicamente, próximas umas das outras. Nesse caso, isso não é prejudicial. Muitas vezes, as empresas pensam que aquele concorrente ali do lado é um fator prejudicial. Mas não é. O concorrente está vendendo algo, que tem um fluxo que não vai ser igual ao das outras empresas, e que pode servir como modelo. O volume de negócios é muito influenciado pela qualidade do produto e pela quantidade no mercado. Mas não há razão para o empresário se preocupar, pois o foco deve ser no que ele próprio vai trazer de novo para o mercado.
IN: Se a saturação do mercado não é uma questão tão importante, qual seria um mercado promissor aqui em Imperatriz?
MM: Aqui, atendemos muito a questão do empreendedorismo feminino. O setor de beleza, por exemplo, tem um destaque muito grande aqui na região. Além disso, o ramo de alimentação, a indústria de confecção de vestuários e a produção rural também são relevantes. Numa escala de crescimento, projetos de beleza têm tido destaque. As mulheres estão desempenhando um papel muito importante no empreendedorismo feminino em nossa cidade, em um movimento que tem crescido bastante.
IN: Com base na nossa pesquisa prévia, visualizamos que o Brasil conta com um problema de analfabetismo digital, com uma pesquisa da Anatel apontando que apenas 24% da população tem entendimentos digitais básicos. Considerando o trabalho com os programas citados, como tem sido a adaptação da cidade para o mercado digital?
MM: A adaptação tem sido excelente, crescendo, e cada vez mais com a nossa entrada no mercado. O Sebrae recentemente implementou em Imperatriz, junto com empresas e entidades parceiras, o Ecossistema de Inovação. Ele reúne toda uma governança, sejam parceiros ou empresas, para falar de inovação e mercado. Inovação de ponta, pensando em bioma e a floresta amazônica. Uma das finalidades é observar o gargalo nas empresas e promover soluções de melhoria, como em startups, por exemplo. Nós temos uma parceria muito importante com as universidades, e a UFMA é uma delas – nas quais elaboramos soluções para negócios. Identificamos uma empresa âncora e, diante de suas necessidades, organizamos Hackathons ou Ideathons, com o objetivo de criar soluções baseadas no problema que aquela empresa apresentou. Com o apoio das universidades, desenvolvemos um conjunto de grupos, envolvendo os alunos e startups, para criar produtos. Pensamos em inovações, em soluções, em marketing digital, levando soluções de posicionamento e funcionamento virtual para as empresas.
Temos um programa voltado para a transformação digital — que é justamente para orientar esse empreendedor para o posicionamento nas redes, no mercado digital, com outras empresas, com vendas on-line, e outras várias soluções digitais dentro desse processo de transformação. Essas são ferramentas de apoio para esse empreendedor. Desde a organização, até o processo de ideação, nós conseguimos, em especial por causa dessas parcerias com a universidade.
Graças ao conhecimento e a expertise de jovens no mercado, desbravando e criando soluções maravilhas. E com premiações, os alunos vencedores vão para fora e encontram oportunidades para investir, escalonar no mercado. Se for pra falar de empreendedorismo e a capilaridade que o Sebrae tem de atendimento e de alcance, tem uma imensidão de soluções. Esteja ele surgindo do zero querendo conhecer o mercado para começar de maneira mais assertiva, o Sebrae tem soluções em várias frontes
IN: Para finalizar, continuando a partir dos projetos que você acabou de citar para Imperatriz, o que vem por aí?
MM: Como estamos hoje para o que vamos buscar no futuro? Hoje, temos projetos voltados para o Sebraetec, empreendedorismo feminino, indústria, comércio, serviços, varejo, agronegócio e educação empreendedora. Esses projetos são variados e se estendem até 2025. Vamos começar nosso planejamento anual, entrando com o ecossistema de inovação, com a manutenção do programa Territórios Empreendedores. No próximo ano, toda essa tecnologia será transferida para 2025, associada ao Inovação e Empreendedorismo e ao Inclusão Produtiva. Com base nisso, esperamos que o nosso pequeno empresário esteja cada vez mais atento a essa inovação e à captação de informações que vão ajudar com certeza a melhorar com certeza significativamente em seu empreendimento.