Repórter: Lara Sofia
Os produtores de jornais desempenham um papel fundamental na construção da sociedade da informação. Em um mundo onde a comunicação se torna cada vez mais instantânea e multifacetada, esses profissionais são responsáveis por garantir a veracidade, a relevância e a profundidade das notícias que chegam ao público. Desde a apuração de fatos até a elaboração de conteúdo editorial, a atuação dos produtores envolve um conjunto de habilidades que vai além da simples redação. Eles são os guardiões da ética jornalística, responsáveis por informar e educar a sociedade, ao mesmo tempo em que se adaptam às novas tecnologias e às demandas de uma audiência cada vez mais exigente. Neste contexto, compreender o papel dos produtores de jornais é fundamental para apreciar o valor do jornalismo de qualidade em um mundo saturado de informações.
Hugo Oliveira é produtor do jornal Hora D da rede difusora de Imperatriz afiliada do SBT formado pela Universidade Federal do Maranhão em Comunicação Social – Jornalismo ele atua há três anos como produtor e chefe de reportagem.
Nesta edição, vamos explorar os bastidores das produções do jornal através da experiência e do dia corrido de Hugo, um jornalista dedicado e apaixonado pela profissão. Ele nos leva a um passeio pelos desafios e recompensas enfrentados em sua rotina informativa, oferecendo uma visão privilegiada que nos convida a apreciar não apenas os produtos finais que chegam aos leitores, mas também todo o trabalho e dedicação que ocorrem por trás das câmeras.
Imperatriz Notícias: Pode nos contar um pouco sobre sua trajetória e como você se tornou produtor de um jornal?
Hugo Oliveira: Minha trajetória começou com uma paixão pelo jornalismo e pela comunicação, apesar de ser um pouco tímido. Desde cedo, sempre gostei de acompanhar jornalistas locais como Mônica Brandão e Tátyna Viana, que traziam denúncias e buscavam soluções para a comunidade. Eu ficava fascinado com o poder que o jornalismo tem para cobrar o poder público e ajudar as pessoas. Isso me acompanhou pela infância e adolescência, até que entrei na faculdade em 2017. Mesmo na faculdade, sempre busquei me aproximar desse universo da TV.
Quando estava terminando a graduação, em 2021, bateu aquele desespero de estar me formando sem ainda estar atuando na área, coisa que todo formando passa. Comecei a contatar as emissoras da cidade, mas nenhuma tinha vaga disponível. Até que a então coordenadora de jornalismo, Pollyana Galvão, me chamou para conversar. Ela disse que não havia vagas, mas que eu poderia acompanhar a rotina da redação. Aproveitei a oportunidade, fui por vários dias, e em menos de um mês surgiu a primeira oportunidade como auxiliar de produção para o programa “Bandeira 2”. Fiquei nessa função por 15 dias, até que surgiu uma vaga como chefe de produção. Aceitei e atuei nessa função por dois anos. Agora, sou repórter e, com as mudanças recentes na gestão da empresa, voltei a integrar a produção, dando suporte à coordenação e orientando os estagiários.
IN: 15 dias como auxiliar e já subiu pra chefe?
HO: Sim, eu nunca imaginei que um recém formado que tinha apenas uma paixão e um sonho em trabalhar em televisão receberia uma oportunidade como essa em tão pouco tempo. Quando recebi o convite para assumir a chefia de produção, achei até que era brincadeira só que depois a ficha foi caindo aos pouquinhos e aceitei esse desafio com muita gratidão e apoio de todos os colegas.
IN: E como foi o primeiro dia?
HO: Foi um dia bem atípico na nossa produção pois só havia eu como produtor e o assunto do dia era as chuvas que estavam acontecendo na cidade então além da chuva que não dava trégua e parte da equipe não estava conseguindo chegar na emissora, eu também tinha pouco tempo pra definir esses assuntos para o programa, pois estávamos com déficit de conteúdos principalmente para começar o Hora D, mas ainda bem que no final deu tudo certo, demos as informações do dia e com essa chuva rendeu uma reportagem especial para o SBT, mostrando a situação das enchentes em nossa região.
IN: Quais são as principais responsabilidades de um produtor em um jornal?
HO: O produtor é responsável por escolher e desenvolver pautas, coordenar as equipes de reportagem e garantir que o conteúdo seja entregue no prazo e com qualidade. Também é importante garantir que o conteúdo esteja alinhado com a linha editorial do jornal e seja relevante para o público. Além disso, o produtor precisa saber lidar com os imprevistos. No início, eu era muito sistemático, mas aprendi a flexibilizar e a entender que, muitas vezes, os imprevistos acabam trazendo resultados ainda melhores do que o planejado. Na Difusora em Imperatriz, o produtor tem uma função dupla: ele decide as pautas e também coordena o programa, gerenciando a execução de cada parte.
IN: Como você define a sua função dentro da equipe editorial?
HO: Minha função é fazer a ponte entre a ideia e a execução. Eu colaboro com repórteres, editores e técnicos para garantir que a produção do jornal seja fluida, eficiente e interessante para o telespectador, sempre respeitando os princípios éticos do jornalismo. Temos um programa diário de 2 horas, e todas as decisões sobre o conteúdo passam por mim e pela coordenadora de jornalismo, Thays Gabrielle. Juntos, discutimos como abordar os temas de maneira relevante e impactante.
IN: Como é o processo de seleção de pautas para o jornal?
HO: Selecionamos pautas com base na relevância, no impacto público e na atualidade. Fazemos muita pesquisa e monitoramos constantemente as notícias. A equipe editorial — produção, coordenação, apresentador e repórteres — se reúne para discutir e ajustar as ideias. Essas reuniões nem sempre acontecem presencialmente; muitas vezes, resolvemos as pautas via internet, o que agiliza o processo. Como o tempo é precioso na televisão, já saímos com tudo pronto para que a equipe de externa possa começar as gravações o mais rápido possível.
IN: Como funciona sua rotina de trabalho?
HO: O dia começa com monitoramento das notícias e reuniões matinais, geralmente online, para definir as pautas, entrevistados e a programação do dia. Temos que alinhar também os merchandisings e organizar os aos vivos com as equipes de externa. Com 2 horas de programa ao vivo, o ritmo é sempre muito acelerado. Após o programa, fazemos uma rápida avaliação do que foi ao ar e já começamos a planejar o que pode ser pauta para o dia seguinte.
IN: Quais são os maiores desafios que você enfrenta como produtor de um jornal?
HO: O maior desafio é lidar com prazos apertados sem comprometer a qualidade. A falta de estrutura de equipe às vezes também pesa, pois queremos cobrir mais lugares do que conseguimos, mas, com a união da equipe, sempre fazemos o máximo possível. O telespectador imperatrizense é muito exigente e quer ver o que acontece na cidade, então sempre buscamos essa proximidade com o público local.
IN: Que conselho você daria para alguém que deseja seguir carreira como produtor de jornal
HO: O meu principal conselho é: tenha paixão pelo que faz. Produzir um jornal exige muita dedicação, organização e vontade de aprender. A rotina é intensa, e os desafios são muitos, mas, com paixão, tudo fica mais fácil de encarar. Outro ponto importante é ser organizado. Como produtor, você vai lidar com muitas responsabilidades ao mesmo tempo, então manter tudo em ordem é essencial. Além disso, esteja sempre atualizado com as novas tecnologias e tendências do jornalismo. O mercado está em constante evolução, e quem se adapta mais rápido tem mais chances de sucesso. E, claro, nunca deixe de aprender. Cada dia traz algo novo, e quanto mais você se permite crescer, melhor você se torna.
IN: Há algum aspecto do seu trabalho que você gostaria que mais pessoas soubessem?
HO: Muitas pessoas não percebem o quanto de planejamento e coordenação existe nos bastidores de uma produção jornalística. O que elas veem na tela é o resultado de um trabalho coletivo, que envolve várias etapas, desde a escolha da pauta até a finalização da reportagem. Gostaria que mais pessoas soubessem o quão desafiador e gratificante esse processo pode ser. Também acho importante destacar que, por trás de cada notícia, há uma grande responsabilidade. Estamos sempre preocupados em ser justos, éticos e precisos, porque entendemos que o nosso trabalho impacta diretamente a vida das pessoas.