Moradores do Nova Imperatriz lembram dos prejuízos da enchente de 2020

Habitantes do bairro sofreram por terem suas casas alagadas e bens destruídos pela água

Carolina Kunz

Em 16 março de 2020, Imperatriz-MA foi tomada pelas águas da chuva, causando uma enchente inesperada no bairro de Nova Imperatriz, que arrastou mais do que móveis e pertences: levou a sensação de segurança e deixou marcas profundas na vida de seus moradores. Casas foram submersas, sonhos desfeitos e vidas transformadas em questão de horas.

“Perdi quase tudo, só fiquei com dois móveis. Tive que recomeçar tudo, comprar tudo de novo. A dor não foi só material, mas emocional também. Achei que estava segura, mas a enchente acabou com tudo”, relatou Irene da Cunha Lima, que morava na rua Rio Grande do Norte na época, e ainda lida com os desafios de reconstruir sua vida anos após o desastre.

A enxurrada causada pela chuva forte trouxe muito barro para dentro das casas. Após a enchente, Irene conta que recebeu ajuda financeira de alguns amigos para conseguir tirar toda sujeira de sua casa e também, algumas cestas básicas. O cenário era de destruição após a tempestade. Ruas tiveram o asfalto arrancado, calçadas foram destruídas e veículos arrastados pela força da água. No bairro Nova Imperatriz, os moradores contabilizavam os prejuízos.

Situação do asfalto da rua Santo Cristo, esquina com a rua Rio Grande do Norte, ao lado da casa de Irene, logo após a enchente de 2020. (foto: Leandro Lima)

A família de Maria Alice Carvalho Silva, moradora do bairro há 39 anos, na rua São Francisco, também foi afetada. Sua casa foi severamente danificada, com muros quebrados pela força da água. A enchente chegou a atingir cerca de dois metros de altura. Os eletrodomésticos, como geladeira e fogão, boiavam dentro de casa. “Foi um desastre. Perdi roupa, comida, tudo. Foi horrível. Não sabemos o que é sofrer até passar por algo assim”, disse ela, emocionada.

Raimundo Batista de Oliveira, vizinho de Maria Alice, conta que o muro do 50ª Batalhão de Infantaria de Selva (50º BIS), que fazia fundo com sua casa, foi derrubado pela força da água de um córrego do lado de dentro da reserva. “Tínhamos chegado da igreja e fomos lanchar. Quando nos sentamos, vimos a água passar por debaixo da porta e, quando abri, já tinha tomado todo quintal. Minhas galinhas morreram afogadas, e a água continuou subindo, chegou a meio metro dentro de casa”.

Raimundo lembra que chorava muito, sem acreditar e nem saber o que fazer. Nunca pensou que aquela área alagaria, por ser uma região alta no bairro. “A cada chuva que dava, sentíamos muito medo de acontecer tudo de novo”, diz Raimundo.

Muro da casa de Raimundo Batista que faz divisão com a reserva do Batalhão 50 Bis, após enxurrada de 2020. (foto: Raimundo Batista)

As três famílias, de Irene, Maria Alice e de Raimundo Batista, sentiam muita insegurança a cada chuva que vinha após a noite de 16 de março de 2020. O medo de perder tudo novamente, enquanto tentavam reconstruir o que foi quebrado e comprar o que foi perdido, era assombroso. Essa data ficou marcada para eles. 

Defesa Civil

Embora não tenham respondido especificamente sobre o bairro de Nova Imperatriz, o capitão Evandro Ferreira de Abreu, superintendente da Defesa Civil, informou que foram tomadas diversas medidas ao longo desses anos para proteger a população. Ações como a análise da qualidade ambiental e limpeza e aprofundamento dos riachos, visam reduzir impactos de enchentes e eventos climáticos adversos.

Estratégias também foram implementadas para garantir que os moradores recebam alertas, a tempo de se protegerem e tomarem as precauções necessárias. Autoridades municipais têm informado a população pelas redes sociais, websites oficiais, rádio e televisão, além de estarem disponíveis para realizar visitações de fiscalização de medidas preventivas e orientações de como agir durante situações de emergência.

Esta matéria faz parte do projeto da disciplina de Redação Jornalística do curso de Jornalismo da UFMA de Imperatriz, chamado “Meu canto também tem histórias”. Os alunos e alunas foram incentivados a procurar ideias para matérias jornalísticas em seus próprios bairros, em Imperatriz, ou cidades de origem. Essa é a primeira publicação oficial e individual de todas, todos e todes.