Moradores do Jardim Tropical cobram mais infraestrutura

Textos e fotos: Pedro Marques

Francisco Nava, 43 anos, o “Lourão”, líder da associação do bairro Jardim Tropical, na tarde do dia 13 de julho, preencheu, sozinho, mais de três metros das laterais da avenida Tropical Norte usando apenas concreto e enxada. “Pra não ganhar nada, só pra mostrar que o cara quer o bem pela rua, pelo bairro”, garante, descrevendo sua motivação. Ele também apoia um grupo de manifestantes que têm interditado constantemente a avenida com o intuito de chamar a atenção das autoridades. Segundo Lourão, o projeto de asfaltamento da pista pela Prefeitura Municipal no ano passado não foi eficiente. “O asfalto é novo, tem só um ano, um ano e meio, mas aí como fizeram um serviço mal feito, estragou tudo”.

Francisco não é o único que pensa dessa forma. Na verdade, pergunte a qualquer um que vive por ali o que acha do local e a conversa sempre chegará nesse assunto, a indignação é genuína. Maria Victória, 19 anos, afirma que até houve um avanço com relação à rua asfaltada no ano passado. “Só que, como foi um trabalho não muito bem feito, a rua já está só poeira e tudo mais, tudo esburacado”, alega. Ela, que é neta dos primeiros moradores da avenida Tropical Norte, a principal do bairro, conta que o trecho mudou muito desde que seus avós começaram a morar lá, há mais de 20 anos.

Porém, Maria acredita na importância do setor, e que ainda existe muito a ser melhorado. “A gente dá acesso à rodoviária, à avenida Jacob, à BR. Então, assim, dá pra fazer vários cortes por aqui e ainda é desse jeito”, argumenta. A estudante também sente falta de uma parada de ônibus e enfatiza a dificuldade de se locomover até a universidade pela ausência de um acesso eficaz ao transporte público nas proximidades. Além disso, reivindica uma farmácia. “Todo bairro geralmente tem aquela farmacinha, aqui a gente não tem nada”.

Buraco preenchido por Franscisco Nava na avenida Tropical Norte

Lourão, apesar de não estar satisfeito com as condições atuais do Jardim Tropical, acredita, assim como a jovem, que as mudanças nas últimas décadas são perceptíveis, e que boa parte delas é fruto de seu trabalho na liderança. Ele vive na atual moradia há oito anos e desde então começou a exercer esse papel. “Muitos políticos vêm aqui na minha casa”, afirma, reiterando que fazem isso porque sabem de sua influência e rede de contatos no bairro. “Querem uma aproximação, mas só na intenção de pegar voto”.  Porém, o líder afirma que só dá credibilidade àqueles que fazem algo pelo setor antes de bater na porta dele solicitando uma reunião.

MATO SECO

Outro problema destacado pelos moradores do Jardim Tropical é o excesso de terrenos baldios. Maria e Francisco reconhecem que essa abundância contribui com a falta de segurança e riscos à saúde da comunidade, mas ambos acreditam que o bairro é tranquilo. “Aqui em casa a gente já foi assaltado. Os ladrões entraram, mas não tinha ninguém, graças a Deus”, lembra a garota, que, mesmo assim, lamenta o fato de terem levado muitas coisas. Já Francisco, apesar de considerar essa problemática, crê que uma de suas maiores contribuições ao bairro é justamente na diminuição da criminalidade. Como ele é ex-militar, convenceu vários policiais a se mudarem para o local. “A gente pacificou”, garante.

Praça construída pelos próprios moradores está suja e abandonada

Ao contrário de Lourão, Werberth Kennedy, 33 anos, que vive no Jardim Tropical desde que nasceu, sente insegurança e falta da polícia por lá. O morador destaca, ainda, o problema com os buracos, dentre outros, como a falta do apoio da Prefeitura para a organização do setor. Ele chegou a construir uma pequena praça com ajuda de sua esposa, Mickaelly Fernandes, 34 anos, e de alguns vizinhos, e são eles  que se encarregam de cuidar do local. “Se não for o pessoal pra limpar, ninguém limpa”, conta Werberth. O casal tem uma bebê e Mickaelly diz pensar que, como o bairro possui várias residências, a movimentação por lá deveria ser maior. “Aqui não tem um comércio, não tem uma panificadora, aqui não tem nada. Não tem nem uma escola pras crianças”, afirma, indignada.

  • Esta matéria faz parte do projeto “Meu canto também é notícia”, desenvolvido com os estudantes do 1º semestre do curso de Jornalismo da UFMA de Imperatriz (MA). Eles e elas foram estimulados a procurar histórias no entorno onde vivem.