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Repórter: Renan Oliveira
Associação das quebradeiras é perceptível a união forte de mulheres que, juntas, trabalham há anos, uma espécie de irmandade que ultrapassa tempos e que é ensinado de mãe para filha. A matriarca passa adiante toda a tradição de conhecimento sobre os babaçuais e atividades que resultam deles para mulheres mais novas da família ou que são vizinhas. Às vezes nem era preciso ser ensinado oralmente, apenas a observação do dia a dia das mães que levavam suas filhas para a quebra do babaçu ajudava, como foi o caso de Maria Faustina dos Santos, umas das mais antigas quebradeiras da Reserva Ciriaco.
Hoje, com a unidade de conservação e a associação da Reserva Extrativista do Ciriaco, as quebradeiras se sentem mais seguras. Antes, era organizado o mutirão de mulheres e uma protegia a outra, mesmo não gozando de direitos assegurados por lei. Faustina, a matriarca, afirma que hoje é mais fácil de trabalhar, que percebe na modernização a mudança de muitos aspectos da atividade que exerce. “O babaçu é nosso, hoje temos mais firmeza no trabalho com a associação que garante nossos direitos”.
A fábrica que conseguiram por meio do esforço e luta pelos direitos de melhorias no trabalho em tudo que envolve a prática da extração da amêndoa do babaçu, foi um importante marco na longa história das quebradeiras. Hoje, é possível torrar a amêndoa, fazer azeites, óleos, inclusive para a produção de cosméticos. A união é muito importante para elas, já que, mesmo com a experiência da matriarca, cada uma respeita o espaço da outra e todas são livres para opinar e decidir a respeito de questões surgidas na dinâmica do grupo.
Esse grupo de dez mulheres produz muitas riquezas com o babaçu, e seu uso pode ser aproveitado de diversas maneiras, desperdiçando-se quase nada. Dentre as utilidades se destacam: óleo de coco, azeite de coco e a farinha do mesocarpo, que é rica em amido.
Nesta entrevista, conheceremos o cotidiano de Faustina, natural de Caxias-MA, que chegou à área em 1973. Uma senhora de 70 anos, que trabalha desde a infância como quebradeira de coco e esbanja jovialidade, com um sorriso característico e orgulhoso de ser quem é. Como uma das matriarcas mais antigas da reserva, ela nos conta a respeito do processo de extrativismo, a irmandade entre mulheres, a forma de sustento e como se organiza a comunidade.
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Grupo Jornalismo de Fôlego: Como vocês se organizam durante o ano para fazer a coleta das amêndoas?
Faustina: A gente sempre se organiza marcando os dias, porque de momento pode chegar o inverno, aí nós já estamos preparadas e temos matéria prima garantida por muito tempo. Fazemos a coleta pensando no futuro pra poder ter a renda garantida. Chega a chuva e, se não fizer coleta antes, pode prejudicar.
GF: Os homens costumam aprender esse ofício de quebrar coco ou é uma atividade inteiramente feminina?
Faustina: Apenas quando a gente paga por outros serviços, quando tem muito serviço pesado, carregar sacos, esses tipos de coisas, que eles podem levar um carro para carregar mercadoria. É difícil ter homens que queiram quebrar coco, não existe.
GF: A nova geração de mulheres ainda se interessa pela atividade?
Faustina: Não, os mais jovens não estão mais tão envolvidos. Não é por falta de convite, a gente convida muito.
GF: A senhora não tem medo de que essa tradição se perca no futuro, um futuro não tão distante?
Faustina: Tenho sim. A gente tá ficando velha, né? Aqui estão pouquíssimas pessoas se for comparar antes com hoje. Então, como a juventude não se interessa muito por essas atividades antigas, pode ser que se perca. Eu acredito que essa cultura não pode se perder.
GF: Você aprendeu o ofício de quebrar coco com quem?
Faustina: Com minha mãe. Nós íamos para o mato, tinha 10 anos de idade e ficava sentada, e ela levava o machado. Ela partia o coco e me dava e eu tirava as taiadas das beiradas e o coco de dentro.
GF: Com o babaçu ainda dá pra fazer o famoso mesocarpo, que é rico em amido. Quais as utilizações do mesocarpo?
Faustina: Todo tipo de uso, inclusive o medicinal. Por exemplo, você pode pegar duas colheres de mesocarpo, ferver dois litros de água e misturar tudo. Isso é ótimo para gastrite, muito bom para desnutrição. Meu neto teve desnutrição e eu cuidei apenas com mesocarpo.
GF: Percebe-se que a senhora adora seu trabalho. Isso representa uma forma de empoderamento?
Faustina: Quebrar coco é tudo que eu sei, eu gosto muito e me sinto orgulhosa. Hoje eu sou aposentada e faço porque eu amo. A forma de empoderar foi eu ter conseguido minha independência financeira e não depender totalmente do meu marido, ajudar na renda de casa.
GF: Se tivesse outra forma de ganhar sua renda você largaria a quebra do coco?
Faustina: Se, por exemplo, eu ter que mudar de cidade ou uma outra unidade rural que não tivesse essa atividade, eu incentivaria as outras pessoas. Isso não é só uma forma de ganhar a vida, mas é uma cultura. Eu me sinto bem e não tenho vergonha em lugar nenhum aonde eu chegar e dizer que sou quebradeira. Pra mim significa vida. A palmeira é uma mãe, ela dá tudo, além da minha vida é outra que andam juntas.
GF: Você falou que ajuda na renda de casa. Fora a renda, existe desigualdade por pertencer ao sexo feminino e viver em uma área rural?
Faustina: Não existe isso de marido manda e mulher obedece, nós vivemos em conjunto, somos iguais. A maioria deles sabe quebrar coco, isso é interessante. Mas por ser uma atividade considerada feminina, muitos não fazem. Agora, uma mulher quebradeira faz praticamente de tudo o que eles fazem.
GF: Como funciona a divisão dos lucros obtidos dentro da associação?
Faustina: Quando terminamos, ou conseguimos uma boa parte, a gente senta, faz a conta e tira a porcentagem de cada uma. Tiramos do que quebramos e do que compramos também. Por que compramos também para poder ajudar na associação. O que sobra a gente divide em partes iguais. Não existe um lucro certo, todo mês é diferente, mas dá pra tirar o sustento.
GF: Quais os planos para o futuro da associação?
Faustina: Eu espero que futuramente comecemos a recrutar pessoas novas para aprender a todas as atividades envolvendo o babaçu, já que estamos envelhecendo e não podemos deixar essa cultura morrer. Com a fábrica já instalada só tende a melhorar e se modernizar ainda, já que existe a criação de cosméticos com óleo de coco que cresce cada vez mais.
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Entrevista Especial produzida para o grupo de pesquisa Jornalismo de Folêgo da Universidade Federal do Maranhão – Imperatriz
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