Por: Ana Maria Nascimento
O Maranhão registrou um aumento de 22% na área atingida por queimadas em novembro deste ano, comparado ao mesmo período em 2023. De acordo com os dados do Monitor do Fogo, criado pelo MapBiomas, o fogo se alastrou por mais de 470 mil hectares no último mês, enquanto no ano passado foi de 338 mil hectares. O professor e engenheiro florestal, Murillo Carvalho, aponta que existem motivos para este número ter crescido. “Esse aumento pode ser indicativo do avanço do desmatamento para uso e ocupação do solo, bem como práticas não sustentáveis de manejo e uso do fogo”.
O estado ainda ficou na segunda posição de área com mais incêndios florestais no país, ficando atrás apenas do Pará, que teve 870 mil hectares atingidos pelo fogo. O estudante de Engenharia Florestal, Manassés Macedo, explica que este número de hectares queimados é muito alto. Proporcionalmente, um hectare equivale a dez mil metros quadrados, o que significa que os 477 mil hectares queimados correspondem a mais de 400 milhões de metros quadrados afetados pelo fogo.
“A crise climática tem muita responsabilidade sobre isso, uma vez que com as ondas de calor e o prolongamento dos períodos de seca, ajuda no aumento de queimadas”, comenta o estudante. Apesar dos incêndios serem comuns entre julho e o final de outubro, a situação é preocupante.
Murillo Carvalho diz que a maior dificuldade para a recuperação destas áreas queimadas são as questões socioeconômicas. “Em geral, essas áreas são abertas para avanço de pastagem e agricultura. E dificilmente serão recuperadas depois da exploração vegetal”. O engenheiro florestal ainda destaca que os impactos dos incêndios florestais no estado incluem a diminuição da fertilidade do solo, a redução da biodiversidade, perda de habitats e até mesmo o aumento de atendimentos hospitalares por risco à saúde.
Umas das técnicas utilizadas para solucionar o problema dos incêndios é a queima controlada, que “antes do período crítico do verão, se faz uma queima dos materiais que serão possíveis combustíveis naturais”, explica Manassés Macedo. O professor Murillo reforça que pode ser feito o monitoramento com tecnologia, a criação de aceiros e a formação de brigadas locais.