Imperatriz 170 anos: a cidade sob os olhos de quem veio
Em homenagem ao aniversário do município, pessoas naturais de outras regiões do Brasil relatam suas vivências na segunda maior cidade do Maranhão

Fundada em 16 de julho de 1852, três anos após a partida da expedição religiosa liderada por Frei Manoel Procópio, Imperatriz foi conhecida por muito tempo como “Sibéria Maranhense”. Distante geograficamente e politicamente de São Luís, a cidade teve lento crescimento econômico e populacional, realidade que foi transformada apenas em 1958, com o início das obras de construção da rodovia Belém-Brasília.
A partir de 1960, o jogo virou e Imperatriz teve acelerado surto de desenvolvimento. Já na década de 1970, era considerada a cidade mais progressista do país, recebendo migrantes de diversas regiões. Em homenagem aos 170 anos do município, pessoas de diferentes lugares do Brasil e que hoje moram em Imperatriz, escreveram seus relatos de vida sobre esta cidade multicultural.
Gabriel Cantarino, de 30 anos, é pastor e conta que veio de São Paulo (SP) para Imperatriz (MA), juntamente com sua família, com o propósito de fazer missões e implantar uma igreja na cidade. Gabriel diz que o que mais lhe agradou aqui foi o clima, pois ele ama o calor. Cantarino ainda acrescenta que desperta curiosidade, principalmente entre os mais velhos, por causa do visual com tatuagens e cabelos compridos, sendo pastor de uma igreja evangélica. “Entretanto, isso nunca foi motivo de preconceito em Imperatriz, sempre sou muito bem acolhido pela cidade, o que fez me sentir em casa”, afirma o missionário.

Já com Gleysa Kauany, de 22 anos, que veio da cidade de Moju (PA), o período até a adaptação no Maranhão foi conturbado. “No começo eu achava ruim, pelas pessoas que ficavam rindo da forma que eu falava, por ser do interior do Pará”, comenta Gleysa. Além disso, ela assume que sentiu uma diferença na culinária. No Pará, não é costume tomar açaí misturado com outras frutas; e sim com farinha, camarão ou charque. Diferentemente do pastor Gabriel, Gleysa achou o calor ruim, mas algo que com o tempo foi se acostumando.
Araguaína (TO) fica a 248 km de Imperatriz. Foi de lá que Túlio Porfírio, gerente bancário, veio a trabalho, devido a uma transferência realizada pela empresa a qual presta serviços. O tocantinense descreve que o período junino em Imperatriz chama a atenção por ser bem intenso. Além disso, as equipes de quadrilhas são mais preparadas e com figurinos “impecáveis”, como é colocado por ele. Em sua cidade, o que tem maior proporção, diferente daqui, é o ritmo sertanejo e country.

A nutricionista Fabíola Milhomem, filha de pai imperatrizense e mãe acreana, parou aqui na cidade com o intuito de criar laços afetivos com a família paterna. Fabíola relembra que em Rio Branco (AC) existe uma valorização da cultura maior do que em Imperatriz, com mais pontos turísticos e que contam a história da cidade. Mas para Túlio Porfírio, a “cidade é completa em todos os sentidos”. O bairro Mercadinho é um dos lugares mais completos que já conheci”, frisa o tocantinense.
Outro ponto que agrada o bancário é porque existem “muitas opções de comida, além disso, muito baratas”. De acordo com a pesquisa de Custo de Vida Nacional, realizada pela empresa Mercer em 2021, Imperatriz se configura em quarto lugar entre as cidades mais baratas para se viver no Brasil. O indicativo leva em consideração o mercado imobiliário, custos com a alimentação, lazer, serviços gerais de utilidade pública, suprimentos, serviços domésticos, transporte, infraestrutura e etc.