Histórias de maternidade: mães contam as suas experiências de parto

Texto: Yohana Oliveira, Beatriz Moura e Amanda Cibely

A maioria das mulheres, quando grávidas, espera ansiosamente a chegada do seu bebê ao mundo. Durante todo o processo de gestação são tomados cuidados como as escolhas das roupas, sapatos, fraldas e acessórios. Porém, existe uma grande dúvida: fazer ou não o parto normal?

Katia Regina, mãe de dois filhos, já teve a experiência tanto do parto natural quanto a da cesariana. “Prefiro o normal, gostei devido à recuperação ser mais rápida”. Já Rafaela Lopes teve o seu filho no Hospital Regional de Imperatriz, o que foi uma vivência única, na sua opinião. Apesar de ter sofrido bastante durante 24 horas, após o nascimento do bebê ela não sentiu mais dor. “Tive o apoio da minha família e a minha recuperação foi bem rápida”, afirma Rafaela.

Cawanny Silva, 18 anos, passou por uma experiência um pouco diferente das outras. “Eu sempre tive o desejo de ter meu filho em casa, pesquisei muito sobre isso, se eu poderia, se teria risco tanto para mim quanto para o bebê”. O seu trabalho de parto durou exatamente 13 horas, sem intervalos de uma contratação à outra.

“Tive o privilégio de ser acompanhado por uma doula, que me auxiliou em tudo da gestação até o parto”, explica Cawanny. Porém, as dores começaram às 22h,  e só às 3h da manhã é que a doula ficou sabendo sobre os sinais da vinda do bebê. Às 9h a doula chegou, avaliou a posição da criança no ventre e a auxiliou. “Eu pedi a ela que fosse em casa o nascimento do meu filho, porém tive uma complicação. O colo do meu útero estava grosso e o feto não iria conseguir descer”. Devido a este imprevisto, a ida de Cawanny ao hospital foi indispensável, pois era preciso assistência urgente.

“No caminho até lá eu pensava no quanto eu tinha medo de parir no hospital. Só sabia clamar a Deus pra que tivesse meu filho, nem que fosse dentro do carro”, relembra. Ao chegar na porta, o bebê já estava saindo. Ele nasceu dentro do carro mesmo, na entrada do hospital. O pós-parto, entretanto, foi bem tranquilo. Cawanny não precisou de ajuda nos primeiros dias para o banho ou se vestir e a recuperação foi muito rápida. Sete dias após, nem era mais perceptível que acabara de dar à luz.

Experiências

Mãe de três filhos, Lidiane Rodrigues passou por três cesarianas e por algumas complicações. Sua expectativa no nascimento do primeiro era que o parto fosse normal. Mas ela estava com muito medo na hora e as coisas não saíram como planejado. Lidiane havia escutado muitos casos de mulheres com complicações e entrou em pânico. “Acredito que hoje o parto normal deveria ser trabalhado psicologicamente nas mulheres, para que elas entendam os prós e contras e não tenham medo”.

Após diversas contrações e centímetros de dilatação, a equipe médica teve que aplicar em Lidiane a raquianestesia, que acabou sendo utilizada nos seus três partos. Na terceira cesariana houve uma complicação nas vias respiratórias por conta da anestesia. “Senti um gosto péssimo na boca e muito mal-estar enquanto estava sedada e mais ainda depois”.

Amanda Moreira, por sua vez, conta que “deu à luz” aos seus dois filhos em cesarianas, mas que não foi por opção. Afirma que queria muito ter parto normal, devido à recuperação, que seria bem mais rápida e menos dolorosa, e porque gostaria de voltar a trabalhar o quanto antes.

Amanda em uma selfie com seus dois filhos, que nasceram de cesariana

Porém, quando já estava em trabalho de parto não conseguiu, devido a complicações: pressão alta, manchas vermelhas na pele, muito mal-estar e inchaço. “Porém, me sinto muito feliz com meus dois filhos vivos, saudáveis, e por meu processo não ter sido tão doloroso ao chegar em casa e passar os dias de resguardo”, considera Amanda.

Lidiane relata que no caso da sua primeira filha, que hoje tem 20 anos, o parto foi realizado pela obstetra plantonista da maternidade. “Era o que meu plano de saúde da época cobria. Quando comecei a sentir as contrações, ainda achava que conseguiria ter parto normal, mas não consegui. Na recuperação, quando eu já estava em casa, foi muito doloroso, pois o doutor tinha esquecido de colocar a sonda. Então passei dois dias sem urinar, causando dor insuportável na bexiga, uma infecção urinária”, conta Lidiane.

Sabrina Branco, mãe de gêmeos, lembra que desde o início da gestação a médica que a acompanhava informou que ela não conseguiria ter o parto normal. Ela se preparou psicologicamente, então, para  uma cesariana. Após passar a gestação sentindo contrações e dores, no nono mês foi ao hospital no dia em que estava prestes a dar à luz das filhas. A sua médica não estava presente na ocasião, então foi necessário que outro profissional fizesse o parto.

Sabrina diz que se sentiu insegura e com muito medo na hora, sofrendo um pequeno ataque de pânico. “Fiquei muito nervosa quando soube que a médica que eu esperava há nove meses para eu fazer o meu parto não estava lá. Isso fez com que precisasse mais medicação ainda para não atrapalhar o processo”.

Papel das doulas

Doulas são as parteiras atualizadas? Aleny Morais, 31 anos, mãe, enfermeira obstetra e doula, afirma que há uma diferença entre ambas profissões. Enquanto as enfermeiras  são profissionais voltadas às questões técnicas, como toque e aparar o bebê, as doulas cuidam do apoio psicológico e do preparo físico e mental da mulher.

Doula Aleny Morais foi uma das pioneiras de Imperatriz (Foto: Weverton Ferreira)

Assim que finalizou a sua faculdade, Aleny recebeu uma vaga de emprego na maternidade. “Me deparei com uma realidade que ficava muito feliz em ver o bebê nascendo. Mas, receosa em ver algumas mais despreparadas”, diz a enfermeira. Ela decidiu se especializar na área da maternidade para mudar a realidade que percebia. Fez especialização em Santa Catarina (SC) e teve oportunidade de obter um ensinamento de preparo familiar atualizado. Assim, como ela conta, descobriu o verdadeiro sentido de tudo quando se tornou mãe e viveu na pele todo o processo.

Após ter que se submeter à cesárea, porque seu bebê estava em posição sentada, ou pélvico, e também enfrentar a dificuldade ao amamentar, Aleny menciona que ter vivido estas situações foi uma forma de incentivo para ajudar outras mulheres. Ela e mais três amigos trouxeram para Imperatriz a inovação da assistência às mães.

No início, promoviam rodas de conversas e mantinham contato direto com as gestantes e as famílias, oferecendo apoio psicológico, preparo físico, mental e assistências de primeiros cuidados com o bebê. Mas enfrentaram críticas e não foi fácil a implantação da doulagem na cidade, o que não as levou a desistir. Pelo contrário, a profissão de doula foi ganhando a cada vez mais força, conforme explana Aleny Morais.

Bárbara Bandeira, 23 anos, compartilhou toda sua gestação  e suas experiências como mãe de primeira viagem nas redes sociais. Seu maior desejo era ter parto normal humanizado. Porém, teve complicações e teve que se submeter a uma cesariana. Desde que soube que ia ser mãe, Bárbara sempre pesquisava e se preparava intensamente para a chegada do seu bebê. Lives no Instagram, livros, reuniões. Tudo que pudesse agregar para seu conhecimento, ela foi atrás.

Em uma de suas pesquisas, conheceu a doulagem e se apaixonou e percebeu o quanto a atividade é importante. A partir de então dedicou-se a todo o preparo indicado pela doula, que inclui exercícios, chás, escalda pés e meditação.

Bárbara Bandeira compartilhou nas redes sociais todo o seu processo de gestação (Foto: Karolina Carvalho)

O dia em que a sua filha nasceu, no Hospital Regional de Imperatriz, Bárbara passou mais de 14 horas de trabalho de parto recebendo todo apoio da equipe plantonista e da sua acompanhante/ doula. Mesmo com toda vontade e desempenho não teve mais evolução na dilatação, ainda que recebesse induções, restando a opção final da cesárea.

“Eu não me arrependo de ter tentado e ter vivido todo o processo. Se hoje tivesse que passar por tudo de novo para ter normal, eu passaria”, garante Bárbara. Ela também ressalta a importância do acompanhamento de uma profissional, que lhe deu apoio e motivação em todas as fases do seu trabalho de parto.