Texto e fotos de Lucas Milhomem da Silva
O único elevador do prédio de Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Campus Centro, em Imperatriz, está sem funcionamento desde o segundo semestre de 2016, inviabilizando o acesso dos alunos ao primeiro andar do prédio, onde se encontram a maioria dos laboratórios do curso. Apesar de o problema ter sido apresentado no ano passado, até agora não há previsão de conserto.
O diretor da UFMA em Imperatriz, Daniel Costa, conta que a empresa responsável pela manutenção da plataforma atua em São Luís e que todo o processo de autorização vem da capital. “Foi realizado um contato no último dia 05 de abril com a Pró-Reitoria de Gestão e Finanças e também com a Prefeitura de Campus para viabilizar o processo de recuperação da plataforma. No momento possuímos apenas um eletricista, que já fez a troca de uma fonte queimada no elevador. Porém, o problema não se resolveu, o que nos leva a concluir que a falha seja em outro componente”, justifica.
O diretor reitera que não há pr
evisão para que o conserto seja realizado, embora ele admita que o projeto de reparo deve incluir, mais adiante, uma melhora na sinalização do Campus com a inclusão de piso tátil para deficientes visuais, além de placas informativas.
Enquanto isso não acontece, as dificuldades seguem. Todo ano, através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), são preenchidas 15 vagas nos cursos do Centro para alunos deficientes, que acabam tendo que conviver com dificuldades diárias de locomoção dentro da universidade. Atualmente o curso possui um aluno cadeirante que depende diretamente do equipamento para frequentar as salas do prédio.
Acadêmico do quinto período de Jornalismo, Carlos Eduardo conta que o problema da plataforma dificulta sua locomoção dentro do ambiente acadêmico. Sem o elevador, ele relata precisar da ajuda dos demais alunos para transportá-lo até o primeiro andar do prédio, além dos contratempos de não poder frequentar as salas do andar acima.
“As disciplinas em laboratório, com computadores e equipamentos próprios, são sempre ministradas no andar de cima. Por exemplo, neste semestre devo fazer a matéria de Assessoria de Comunicação e, sem uma opção alternativa às dependências da parte de cima do curso, a acessibilidade acaba se tornando muito mais difícil, já que preciso de quatro pessoas para me ajudar a subir e descer as escadas”, complementa.
Segundo informações do MPF (Ministério Público Federal) de Imperatriz, já foi feita uma denúncia este ano sobre a situação de abandono do elevador. O processo está tramitando, mas também não há prazo para que a ação judicial seja resolvida.
Como forma de garantir direitos ao deficiente, o Estatuto da Pessoa com Deficiência, através do artigo 28, inciso XVI, assegura a todos os estudantes acessibilidade às edificações, aos ambientes e às atividades concernentes a todas as modalidades, etapas e níveis de ensino. O presidente do Centro de Assistência Profissionalizante ao Amputado e Deficiente(Cenapa) em Imperatriz, Edilson Vieira, conta que na cidade existem em média oito instituições de apoio à pessoa com deficiência, com foco na garantia dos direitos e deveres como critério de inclusão social. “No meio do ano passado foi votado e aprovado um projeto de lei na Prefeitura sobre acessibilidade em rampas e calçadas. Agora é só a gente correr atrás dos nossos direitos para que a cidade se enquadre nessa proposta”, acrescenta.
Dados do Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que no Brasil existem mais de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Em Imperatriz, segundo a mesma pesquisa, são aproximadamente 5 mil pessoas com dificuldades motoras que necessitam de políticas públicas eficazes para a efetivação de seus direitos, que são garantidos em lei.