Pela primeira vez, a Feira do Comércio e Indústria de Imperatriz (FECOIMP) trouxe uma novidade: a inclusão de intérprete de Libras na programação cultural. A ação permitiu que a comunidade surda pudesse acompanhar as apresentações e atividades do evento sem barreiras, promovendo uma experiência mais inclusiva e acessível.
Jean Carlos Pinheiro, professor e tradutor intérprete de Libras, foi um dos responsáveis por essa transformação no evento. Segundo ele, a preparação envolveu um estudo detalhado. “A preparação para interpretar os shows do evento envolveu que eu estudasse previamente o repertório dos artistas, além de entender as letras da música e me familiarizar com o estilo musical dos artistas que iriam se apresentar. Além disso, foi de suma importância conhecer o cronograma do evento e também me alinhar com a equipe de produção para que eu pudesse dar garantias que a interpretação ocorresse de forma coordenada com o andamento da programação”. Jean também destacou a importância das expressões corporais e faciais na interpretação de Libras. “É essencial já que a Libras é uma língua muito visual e expressiva, isso também faz parte do preparo na hora da interpretação”.
Para Jean, a inclusão de intérpretes em eventos como a FECOIMP é fundamental para garantir o direito das pessoas surdas de participarem plenamente. “De forma geral é fundamental para garantir acessibilidade e o direito de pessoas surdas a participar plenamente da experiência cultural, foi o que aconteceu com a FECOIMP. Então, eventos como a FECOIMP que teve shows e costumam ser espaços de lazer, espaços de interação social… quando se disponibiliza o intérprete para estar fazendo ali a interpretação, aí sim se promove a inclusão e o respeito à diversidade, além de reforçar a importância da acessibilidade em todos os âmbitos”, afirma Jean.
Apesar do sucesso, ele também apontou desafios comuns em caso de interpretação ao vivo, como o volume do som e a iluminação. “Um dos principais desafios é lidar com a questão do volume do som. Às vezes não existe retorno, mas no caso da FECOIMP foi tranquilo. Outro desafio também é o ritmo das músicas, às vezes esses ritmos podem dificultar a concentração e a sincronização com a interpretação. Mas, além disso, a iluminação é um desafio porque tem que ter uma luz disponibilizada para o intérprete, já que a Libras é totalmente visual. Então nós temos que estar bem iluminados para isso”.
A recepção do público surdo foi extremamente positiva. Nairton Silva do Carmo, professor e instrutor de Libras, estava entre os que participaram da feira este ano e comemorou a iniciativa. “Fiquei muito feliz com a inclusão do intérprete de Libras na FECOIMP este ano, não só eu como os outros surdos que participaram. Essa é uma ação importante para garantir que a comunidade surda tenha acesso completo às informações e atividades da feira. Senti que finalmente fui considerado e que pude participar plenamente, o que fez uma grande diferença para mim”, comenta.
Antes da inclusão, Nairton relatou as dificuldades enfrentadas ao participar de eventos sem acessibilidade. “Antes de a FECOIMP contar com intérprete de Libras, eu confesso que não ia e quando ia era com minha esposa e filhos por insistência deles, mas quando ia, a maior dificuldade era entender o que estava acontecendo. Muitas vezes eu ficava perdido e dependia de outras pessoas para me ajudar a compreender as informações. Era frustrante ver todo mundo interagindo, enquanto eu não tinha o mesmo acesso”.
A presença do intérprete também provocou um impacto positivo na conscientização do público ouvinte, promovendo uma cultura de inclusão. “A presença de um intérprete promove a conscientização entre os ouvintes sobre a importância da acessibilidade”, pontua Jean Carlos.
Lauro Sousa, Secretário Geral da ACII, reforçou o compromisso da FECOIMP com a acessibilidade. “A inclusão de intérpretes de Libras na programação da FECOIMP este ano foi uma decisão pautada pelo nosso compromisso de tornar o evento mais acessível e inclusivo. Sabemos que a acessibilidade é um direito e também uma forma de garantir que todos os visitantes possam participar plenamente das atividades e entender as informações compartilhadas”.
Com essa iniciativa, a FECOIMP não só se consolidou como um espaço de negócios e entretenimento, mas também como um modelo de inclusão, abrindo portas para que outros eventos na região sigam o mesmo caminho. Como colocou Nairton Silva, “essa iniciativa pode influenciar positivamente outras feiras e eventos na região. Quando as pessoas veem que a inclusão é possível e traz benefícios, isso pode abrir portas para mais eventos acessíveis”.