Falta de lazer no Parque São José frustra moradores

Texto e fotos: Carol Sena

“O lixão do bairro hoje virou uma calçada com bancos”, afirma a moradora do Parque São José, em Imperatriz (MA), Maria Hilda Bezerra Brito, de 67 anos. A praça Eurico Fernandes Evangelista está situada em um local onde pessoas de todos os lugares jogavam dejetos e enterravam bichos. “Tudo era apenas mato, os vizinhos mesmo cavavam buracos para enterrar o lixo”, relatou a senhora durante a entrevista. Inaugurada em 2014, com ajuda dos moradores e um vereador local, a praça continua sendo a única no bairro inteiro. Não possui quadras de esporte e nem espaço para crianças brincarem, entre outros equipamentos de lazer.

“A situação não me agrada, mas ainda tiro meu pão de cada dia. Isso eu não chamo de praça, precisava de ter uma encanação melhor e mais segurança’’, explica Dona Maria.  Ela é feirante e se apropria do pouco espaço para se manter, após ter colocado uma barraca de frutas e verduras no local. As pessoas costumam perguntar para ela se alguém da prefeitura já se apresentou para tentar resolver alguns problemas da praça.

Praça Dom Eurico Fernandes em uma tarde de primavera

Maria afirma que em dias de venda, por conta de o lugar não ser bem-visto e não contar com os devidos cuidados, o lucro é pouco. “Tem dias que saio daqui com 30 a 40 reais, os vizinhos me ajudam. No início eu vendia mais’’.

Passatempo

Sentados na praça na companhia de um violão e um bom vinho, jovens comentam sobre suas histórias vividas ali. “É interessante como foi uma boa transformar uma área de lixo em um lugar arborizado, em uma praça mesmo que pequena”, afirma Mayara Ferreira de Souza, de 17 anos. Os jovens se sentem negligenciados, pois não têm para onde ir durante a semana e nem aos sábados e domingos. Acabam tendo que procurar outros lugares no Centro ou bairros mais populares.

Paulo  Vitor Almeida, de 23 anos, relata que não se diverte e quando sai à noite para encontrar alguns amigos vizinhos, se sente em zona de risco. “Não tem quase nada no bairro, também sinto sensação de perigo, falta de segurança, parece que alguns lugares são esquecidos. Porém, vivi momentos legais com meus amigos aqui. Estar aqui tem valor sentimental”, comentou.

Jovens passam o tempo de lazer da noite tocando violão

Uma boa conversa, um lugar seguro e boas amizades fazem toda diferença. O lugar onde vivemos diz tudo sobre nós. Ver crianças crescendo sem suporte ou um local onde possam brincar à vontade, sem riscos, é o desejo de todo morador de bairros esquecidos por conta da situação socioeconômica.

Jeferson dos Santos Castro, de 24 anos, comenta que as condições não são tão favoráveis. “Sinto que o meu bairro nem faz parte da cidade. Já partilhei tardes agradáveis de conversar aqui com meus amigos, porém não possui um lugar com uma boa infraestrutura, como para caminhada e esporte”, afirmou o jovem. Como Dona Maria confirma, ninguém da prefeitura se manifestou sobre melhorias no local.

Esta matéria faz parte do projeto “Meu canto também é notícia”, desenvolvido com os estudantes do 1º semestre do curso de Jornalismo da UFMA de Imperatriz (MA). Eles e elas foram estimulados a procurar histórias no entorno onde vivem.