Repórteres: Ana Oliveira e Bruno Gomes
Jornalista formada pela UFMA (Universidade Federal do Maranhão) e especialista em Assessoria de Comunicação Empresarial e Institucional, Hyana Reis se destaca como uma profissional versátil. Com vasta experiência em produção e redação de notícias, assessoria de comunicação e marketing digital, autora de cinco livros e roteirista premiada, ela também brilha na literatura e no audiovisual.
Ao longo de sua carreira, Hyana acumulou experiências diversas, que vão desde o gerenciamento de redes sociais para empresas e figuras públicas até a produção de documentários e vídeos institucionais. Essa versatilidade não apenas enriquece seu portfólio, mas também lhe confere uma perspectiva única sobre os desafios e as oportunidades em diferentes áreas de comunicação e criação. Atualmente, com 334 seguidores no Instagram e 12 seguidores no YouTube, Hyana utiliza suas plataformas para compartilhar suas atualizações sobre seus projetos, ampliando seu alcance e influência no setor.
Na literatura, Hyana lançou títulos que conquistaram leitores e críticos, como “Vidas em Pauta”, “Crônicas da Cidade”, “Manual de Redes Sociais para Pequenas Empresas”, “Entre Relicários” e “Amores em Tempos de @”. Esses livros não só demonstram sua habilidade como escritora, mas também sua capacidade de transitar por diversos gêneros e temas, sempre com uma abordagem cativante e relevante. Reconhecida pela Academia Imperatrizense de Letras em 2022, Hyana Reis recebeu o prêmio de melhor roteiro de curta-maranhense no prestigiado Festival Guarnicê de Cinema em 2023 por “Atenção para este aviso”. Esses reconhecimentos são testemunhos de seu talento e dedicação, refletindo seu compromisso com a excelência tanto na escrita quanto na produção audiovisual.
Em 2018, Hyana Reais criou o “Mulheres em prosa”, um clube do livro para mulheres que leem obras de outras mulheres. O clube define um tema anual para as leituras que são realizadas seis vezes ao longo do ano, abrangendo diversas perspectivas e representações, como mulheres de diferentes continentes, mulheres negras e autoras brasileiras.
No ping-pong que se segue, ela fala sobre suas motivações, processos criativos e a importância de se manter versátil em um mercado em constante transformação. Ela compartilha histórias inspiradoras de sua jornada, oferecendo uma visão íntima e pessoal de uma carreira marcada por conquistas significativas.
Imperatriz Notícias: Você começou na literatura antes de se aventurar no audiovisual. Como essas duas formas de expressão se conectam na sua trajetória. Como é transitar entre essas diferentes formas de escrita?
Hyana Reis: é uma espécie de gangorra, porque são duas mídias completamente diferentes. Eu entrei no audiovisual por meio da literatura, mas são universos distintos. Minha primeira paixão foi a literatura; comecei como escritora e publiquei livros. Foi a partir dessa experiência que comecei a me apaixonar pelo roteiro, o que acabou me levando ao audiovisual. Apesar de ambas serem formas de contar histórias, elas exigem abordagens completamente diferentes. Na literatura, você pode brincar com figuras de linguagem e simbologias, enquanto no roteiro é preciso ser muito literal, descrevendo exatamente o que você quer ver em tela. Para mim, é um desafio, mas é um desafio que eu gosto muito. Tenho livros publicados de poesia, crônica e perfil, e também roteiros. Além disso, meu trabalho como jornalista me desafia a escrever em gêneros muito variados. Acho que essa diversidade é um excelente exercício como escritora. Estou sempre navegando entre essas áreas. Agora mesmo, estou finalizando a edição de um livro e preparando um filme, então essa “gangorra” é constante na minha vida.
IN: Como foi a transição da poesia para a crônica na sua carreira de escritora?
HR: Comecei primeiro pela poesia. Escrevo desde pequenina. Isso não quer dizer que eu escrevesse bem, mas desde criança já queria ser escritora. Só depois descobri o jornalismo. Fui fazer uma visita à Academia Imperatrizense de Letras porque queria ser escritora. Um dos escritores, que hoje é um grande amigo, me falou: “Minha filha, arrume outra profissão; não seja só escritora, senão você vai morrer de fome.” Para mim, que era adolescente na época, foi um choque. Pensei: “Agora preciso procurar outra opção.”
Já conhecia o jornalismo, mas continuava escrevendo poesia. Quando entrei na faculdade de jornalismo, mais de dez anos atrás, a moda da época eram os blogs, não TikTok ou Instagram. Eram os blogs, e todo mundo tinha um. Eu mantinha um blog de poesia, já que escrevia desde antes. Assim, a poesia veio primeiro.
Foi na faculdade de jornalismo que descobri a crônica, um gênero híbrido, que transita entre o jornalismo e a literatura. Estudei a crônica durante a faculdade e utilizei esse gênero no meu TCC [Trabalho de Conclusão de Curso]. Quando comecei a escrevê-las, percebi que havia encontrado minha grande paixão. Embora tenha lançado um livro de poesia, desde então só escrevo crônicas.
IN: Como você acredita que sua experiência na área de jornalismo influenciou sua abordagem e criatividade na escrita de roteiros cinematográficos e livros?
HR: Minha experiência como jornalista contribui para o trabalho com o audiovisual. No jornalismo, vivencio situações muito diferentes todos os dias, especialmente quando era repórter. A cada dia, me deparava com realidades completamente opostas, o que me servia de inspiração para escrever sobre temas diversos. Sou uma pessoa que se entedia facilmente com certos assuntos, então gosto de estar sempre mudando. Hoje escrevo uma crônica, amanhã estou trabalhando em um livro completamente diferente, depois escrevo um roteiro. Essa diversidade é uma característica minha como escritora.
Para mim, transitar por gêneros, realidades e assuntos distintos é mais prazeroso, pois consigo mergulhar em universos completamente opostos. Acredito que essa é uma das coisas que mais me atraem no jornalismo: a possibilidade de vivenciar experiências diversas. Essa quebra de rotina é algo que aprecio bastante.
IN: Você pretende expandir seu conteúdo literário para outras redes sociais como tik Tok, YouTube ou X? Nos últimos anos o público literário brasileiro criou grupos como o booktwitter, booktok, booktube e eles são muito convenientes para autores divulgarem livros e se conectarem com o público. Você planeja adentrar nesse nesse meio?
HR: Trabalho com redes sociais, atuando como social media e assessora de comunicação, promovendo pessoas todos os dias. No entanto, minhas próprias redes sociais são tristes, pois sou muito tímida, especialmente em relação ao meu próprio conteúdo. Tenho dificuldade em me expor, principalmente porque cada obra literária minha é muito pessoal. Acredito que todo escritor escreve sobre algo que vem de si, e isso faz com que eu tenha receio de que as pessoas leiam o que escrevo. Até para publicar meus livros, passo por um processo complicado. O próximo livro que vou lançar, por exemplo, será publicado com um pseudônimo, porque ainda não quero que as pessoas saibam que sou eu. Não gosto de aparecer, nem de falar sobre meu trabalho. Já tentei dar mais atenção às minhas redes sociais, mas reconheço que preciso melhorar nisso. Infelizmente, não sou uma pessoa mediática que promove os seus próprios livros. Sei que é necessário, especialmente por trabalhar com redes sociais, e tenho colegas que fazem isso muito bem. No entanto, ainda prefiro ficar quietinha no meu canto, escrevendo meus livros sem precisar me expor. Se pudesse, não dava as caras para mais nada.
IN: Você mencionou que está prestes a lançar um novo livro. Poderia nos contar um pouco sobre a história que ele apresenta? Talvez algo breve, só para dar um gostinho do que está por vir?
HR: Ainda não foi publicado, mas o que posso adiantar é que o livro é de um gênero completamente novo, sem relação com nada que eu já tenha escrito. Ele vem no formato de um diário, algo totalmente diferente. Não se enquadra em crônica nem em poesia; é uma espécie de diário que aborda saúde mental. O lançamento está previsto para até o fim do ano.
IN: Fale um pouco sobre a experiência de produzir o documentário que lhe rendeu uma premiação. Como foi o processo de gravação, desde a pesquisa inicial até a produção final. Quais foram os desafios enfrentados ao longo do caminho e como você encontrou e trabalhou com os personagens que apareceram na obra?
HR: Meu documentário venceu a categoria de Melhor Roteiro no Festival Guarnicê de Cinema. Foi um sonho de dez anos que evoluiu de um projeto de livro-reportagem para um documentário, mudando completamente a mídia. Lembro-me de conversar com João Luciano, cineasta de Imperatriz, que me deu muita força e ajudou a escrever o projeto. Ele acreditou na ideia e sua ajuda foi fundamental, especialmente quando eu tinha dúvidas sobre a qualidade do trabalho. Este foi meu primeiro projeto solo. Quando foi aprovado e recebeu financiamento da Lei Aldir Blanc [legislação brasileira, que visa apoiar e incentivar a cultura durante crises, como a pandemia de COVID-19, através de recursos financeiros para artistas e espaços culturais], fiquei animada, mas o processo foi estressante. Tive um mês para entregar o documentário pronto, o que foi uma grande correria. No entanto, contei com uma equipe incrível, formada por pessoas com quem já trabalhava em uma produtora de filmes. A equipe vestiu a camisa e trabalhou duro no projeto. Recebi muito apoio da comunidade local, especialmente do bairro Bom Sucesso, onde cresci e ouvi a voz que inspirou o documentário. Foi um trabalho coletivo, com contribuições de vizinhos e familiares. Apesar da correria e do esforço, ver o documentário finalizado foi a realização de um sonho. Além do prêmio de Melhor Roteiro, o documentário foi indicado em outras categorias, como Melhor Direção e Melhor Fotografia, e saiu vencedor como Melhor Roteiro Maranhense.
IN: Você poderia contar sobre algum projeto ligado ao cinema que esteja desenvolvendo atualmente, especialmente relacionado à nova fase da sua carreira como roteirista e consultora de comunicação?
HR: Atualmente, estou envolvida em dois projetos de curtas documentários sobre Imperatriz. Não posso fornecer muitos detalhes sobre um deles, pois ainda está em processo de financiamento via Lei Paulo Gustavo. No entanto, posso adiantar que um dos documentários está em fase de produção e aborda uma de minhas grandes paixões: o reggae. O filme mostrará que o reggae não se restringe a São Luís, mas também tem sua presença e influência no sul do Maranhão. Estamos trazendo grupos locais e destacando a importância do reggae na região. Além disso, estou trabalhando em outro documentário como roteirista e produtora, mas não como diretora, então não posso comentar muito sobre ele no momento. Também estou envolvida na produção de um longa-metragem maranhense, inspirado em um livro que Zeca Baleiro apreciou. Embora eu não seja a diretora, estou ajudando no roteiro e na produção. Portanto, estou trabalhando em três filmes que devem ser lançados no próximo ano. Vamos ver como esses projetos se desenvolvem.
IN: Você lembra qual foi o livro que motivou a criação do ‘Mulheres em Prosa’ e que vocês leram juntos, influenciando na continuidade do clube? Como foi a experiência de comentar esse primeiro livro em grupo, e qual foi a sensação de compartilhar essa leitura pela primeira vez?
HR: Sempre sonhei em participar de um clube de leitura e fiquei encantada quando soube que existia um em Imperatriz. Uma das questões que eu abordava com frequência no clube de Imperatriz era a baixa representação feminina. Como escritora, percebia que, ao fazer o balanço dos livros lidos no ano, a quantidade de autoras mulheres era muito pequena. Isso me levou a criar o “Mulheres em Prosa”, um clube de leitura exclusivo para mulheres que leem obras de outras mulheres. Nosso objetivo é valorizar a literatura feminina e aproximar mulheres, criando um espaço de apoio e troca entre elas. Estou muito orgulhosa desses projetos e do impacto que eles têm na promoção da literatura feminina.
O clube começou a partir do nosso amor por Jane Austen. Inicialmente, não éramos conhecidas como “Mulheres em Prosa”; éramos o Clube da Jane Austen. Nosso objetivo era ler os seis grandes livros de Austen ao longo do ano, e nos reuníamos a cada dois meses para discutir um desses livros. Após completarmos a leitura das obras de Austen, decidimos seguir com um novo projeto e lemos os seis livros das irmãs Brontë, tornando-nos o Clube das Irmãs Brontë. Ao final do segundo ano, decidimos formalizar o projeto e escolhemos o nome “Mulheres em Prosa”. Desde então, mantivemos o formato de ler e discutir livros de autoras mulheres, reunindo-nos duas vezes por mês. O projeto começou com nosso entusiasmo por Jane Austen e evoluiu para um espaço dedicado à literatura feminina.
IN: Como você lida com o desafio de gerenciar redes sociais para empresas e figuras públicas?
HR: Gosto muito de trabalhar com redes sociais. Inclusive, lancei um manual de redes sociais durante minha pós-graduação na UFMA. Trabalho com isso e gosto bastante, mas sou muito boa em gerenciar a imagem dos outros, não a minha. Passo o dia nas redes sociais dos clientes, promovendo pessoas, mas nas minhas redes sociais, aceito pouquíssimas pessoas e sou muito low profile [Perfil discreto]. Sou o oposto do que faço para os outros. Sei da importância de um bom posicionamento nas redes sociais, especialmente como profissional, e reconheço que preciso melhorar nesse aspecto. Porém, é uma área que gosto muito de trabalhar e de fazer pelos outros. E, enquanto falo, minha cachorra está aqui, aparecendo na entrevista e fazendo bagunça.
Serviço:
Para acompanhar o trabalho da escritora, roteirista e Jornalista Hyana Reis, acesse:
Instagram: @hyana.reis
Youtube: @TheHyanaReis
Livro/Amazon: Amores em tempos de @
Documentário premiado: Um filme de Hyana Reis