Estudantes do IFMA participam de campeonato de barcos Poc Poc

Além da interação entre os estudantes o objetivo da atividade extracurricular é a vivência da interdisciplinaridade

Textos e fotos: Hérika de Almeida

No dia 15 de junho estudantes do ensino médio integrado do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia – IFMA, participaram de um campeonato de barcos Poc Poc, uma atividade extracurricular da disciplina de Física. A proposta pedagógica reuniu 90 alunos de duas turmas do primeiro ano dos cursos de Química e Edificações. A competição foi realizada em três minutos. Ao contrário do que se imagina, o evento não está relacionado à prática esportiva.

O campeonato foi idealizado pelo professor doutor em Física, Rivelino Cunha Vilela, que é servidor do IFMA desde 1996. Ele explica que a ideia surgiu a partir de outra atividade realizada no curso de Licenciatura em Física, do próprio instituto. “Os alunos da graduação realizam vários projetos sobre o ensino de física de uma forma lúdica, estão sempre pesquisando sobre o assunto e eu me interessei por um desses projetos, que é o barco Poc Poc, onde eles aplicam alguns conhecimentos de química e física, mecânica, termodinâmica e vários outros conteúdos e conseguem entrelaçá-los. Fizemos primeiro o teste numa banheira, uma bacia pequena e vimos a possibilidade de realizar o campeonato e deixar as coisas mais divertidas”, descreveu o professor.

Os barquinhos Poc Poc foram confeccionados com materiais alternativos

De acordo com Vilela, o objetivo principal do campeonato é estimular a interdisciplinaridade, pois os componentes curriculares de química, física e matemática estão associados à produção dos barquinhos, além da interação entre os estudantes. “O objetivo da atividade é interagir entre si, se divertir, quebrar um pouco a rotina do semestre, pois eles já passam 200 dias letivos se matando de estudar… E aí por que não mostrar que é possível se divertir na escola, viver um pouco de distração, interação, ao mesmo tempo, aplicando um pouco do que estudaram na sala de aula?”.

Servidor do IFMA, Damião Marques da Silva, foi jurado do campeonato e destaca a relevância da proposta extracurricular. “A atividade foi extremamente importante, pois proporciona que os alunos tenham um interesse maior pela disciplina de física. Por ser uma atividade prática e lúdica, os princípios da física são abordados e foge da rotina da sala de aula, tanto é que os alunos vieram em massa. Tivemos quase 30 barquinhos confeccionados, isso demonstra que quando a aula se torna atraente para o aluno motivar mais e isso foi comprovado por meio da competição”, ressaltou o servidor.

Para estimular a participação dos estudantes, o campeonato foi idealizado de modo a premiar os alunos em duas categorias: os três barcos mais rápidos e os três barcos mais criativos. Em relação aos critérios de escolha, Silva aponta os principais quesitos para a classificação dos vencedores. “O trabalho em si, o acabamento dos barquinhos, as questões que proporcionaram o deslocamento na água, a estética e a distância percorrida no menor tempo possível”, esclareceu o jurado.

RELATOS DOS PARTICIPANTES

Os estudantes do curso de Química, turma 162 – I, André Andrade Gonçalves e Arthur Silva Santos, compartilharam a sensação de vivenciar a atividade extracurricular. “Foi interessante fazer os barcos e entender como funcionam alguns conteúdos de física na prática, que é o sistema de ensino in loco. É bom sair um pouquinho da sala de aula pra ver como a física funciona na vida real. Produzimos o barquinho com isopor, latinha, vela, cano de PVC e fita adesiva. O trabalho em equipe foi um pouco conturbado, mas deu tudo certo no final. Seria melhor se tivéssemos ganhado”, enfatizou Gonçalves.

“Gostei do campeonato, pois saímos da sala de aula, aprendemos bastante sobre o barco a vapor e colocamos em prática o conteúdo de cinemática. Muita gente não gostou porque deu muito trabalho. Demoramos cinco horas para construir o barco, mas nosso grupo foi bem unido”, afirmou Santos.

Em média, 90 alunos do ensino médio integrado participaram do campeonato

Os alunos de Edificações turma 111 –I, Juan Canjão Almeida, Verônica de Pádua Pinto Silva e Nágilla Maria Sá dos Santos comentaram sobre o aprendizado e a opinião a respeito da atividade desenvolvida. “Aprendi que o barco é movido a vapor. O calor da vela esquenta a água, que está dentro do motor que faz gerar vapor e que faz o barco andar. Foi um trabalho legal, deu pra fazer uma coisa diferente, mas gastamos muito dinheiro. Em duas semanas, produzimos 13 barcos, pois nenhum dava certo e ficamos testando. Usamos lata de refrigerante, caixa de leite, cola de isopor, cola quente, durepoxe, estilete, tesoura e fita”, descreveu Almeida.

“Foi legal, foi divertido por causa da aprendizagem do conteúdo de vetores. Produzimos barcos a vapor com isopor e lata de alumínio e ascendemos uma velinha para ele ser movido. Conquistamos o terceiro lugar na categoria do barquinho mais rápido”, declarou Nágilla.

“Foi uma experiência diferente, porque sempre temos aula em sala e foi algo diferente do comum, uma aula mais dinâmica. Aprendi que para a combustão da água funcionar a vapor, precisamos da vela e que [no local] não tenha vento de preferência. Além disso, observamos que o barco não se desloca em movimento retilíneo uniforme, mas vai variando o movimento. Demoramos dois dias, fizemos três barcos. Usamos lata de refrigerante, caixa de leite, canudos dobráveis, vela e cola durepox”, destacou Verônica.

Verônica ainda sugeriu que outras propostas sejam realizadas para fixar o aprendizado. “Minha sugestão é que sejam realizadas outras atividades parecidas com essa, para nos ajudar a entender melhor física, que é uma matéria bem complicada”, acrescentou a estudante.

PREMIAÇÃO

Para honrar os autores dos melhores barcos, os alunos vencedores foram contemplados com uma medalha personalizada sobre o evento. Ao todo cinco equipes foram premiadas: as três primeiras colocadas no critério rapidez, além da segunda e terceira classificadas pelo critério criatividade. Infelizmente, os vencedores do barco mais criativo não compareceram para receber as medalhas, pois apenas cursam a disciplina de física de forma isolada e, por isso, não pertencem às turmas participantes do campeonato.