“Tudo aconteceu tão rápido de uma forma evasiva e violenta, vi minha família quase morrer por diversas vezes”, conta a estudante, Cyarla Barbosa.
Por Carla Guerrero
Durante 13 dias de tratamento, sofrimento e muita luta, uma família conseguiu vencer o coronavírus em Imperatriz. A vendedora autônoma, Cristina Barbosa, de 53 anos, e seu filho Weslley Barbosa, de 27 anos, contraíram o vírus e tiveram, respectivamente, 60% e 70% dos pulmões comprometidos pela doença.
Na família formada pela mãe, Cristina, o filho, Weslley e as filhas, Cyarla Barbosa e Camila Soares, todos foram pegos de surpresa pela doença, porém, somente a mãe e o filho precisaram ser internados por conta das complicações, no Hospital Macrorregional de Imperatriz.
Tudo começou quando a família testou positivo para a Covid-19, mas como os sintomas não estavam fortes, permaneceram em casa. Após alguns dias, os sintomas de Cristina começaram a se agravar, ela sentia muita falta de ar e precisou fazer o exame de tomografia. O resultado do exame, revelou que seu pulmão já estava 60% comprometido e a internação precisava ser feita urgentemente.
A família relata que até conseguirem a internação, muitas dificuldades foram enfrentadas por causa do colapso, na rede de saúde da cidade. Cristina, precisou aguardar dois dias na sala laranja do hospital, local onde os pacientes ficam na fila de espera para conseguir um leito clínico. Um dia depois da mãe ser internada, o filho teve complicações, como falta de oxigênio, e de acordo com a indicação médica, também precisava ser internado em um leito clínico com urgência.
“Tudo aconteceu tão rápido de uma forma evasiva e violenta, vi minha família quase morrer por diversas vezes. Primeiro, minha mãe foi internada com 60% do pulmão comprometido, um dia depois, meu irmão começou a apresentar sintomas mais graves e teve de ser levado às pressas para o hospital. Meu carro virou uma ambulância nos últimos dias.” desabafou a filha, Cyarla Barbosa.
Weslley precisou aguardar dois dias em um leito, na sala laranja, da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), até conseguir ser encaminhado para um leito clínico disponível, na ala ao lado da ala em que sua mãe estava internada, no Hospital Macrorregional de Imperatriz. Mesmo tão próximo da mãe, as filhas e os médicos decidiram que não iriam contar que seu filho precisou ser internado em estado grave, pois isso poderia deixar o estado de Cristina ainda pior.
“Minha irmã e eu tivemos que brigar com o mundo para que minha família recebesse o tratamento que tem por direito. Meu irmão foi negligenciado três vezes pela rede de saúde particular, se nós não tivéssemos aberto a boca e dado a cara a tapa, ele iria morrer em casa!”, conta Cyarla.
Após a internação, no início do tratamento, a mãe e o filho passaram por situações desesperadoras, pois o vírus estava sendo combatido nos organismos. Sendo assim, os 11 dias de tratamento de Weslley e Cristina foram difíceis, mas com o tempo seus corpos começaram a vencer, pouco a pouco, o vírus. Então, no dia 16 de março, Cristina finalmente recebeu alta, junto com a informação de que seu filho estava internado, mas se acalmou ao saber que no dia seguinte, ele também poderia voltar para casa, pois já estava fora de risco e não transmitia o vírus.
Pior momento da pandemia
Estamos enfrentando um dos piores momentos da pandemia do coronavírus, não apenas na cidade de Imperatriz, mas em todo Brasil. Segundo o boletim quinzenal da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado no dia 11 de março, os principais motivos para que o país esteja nesta situação, são as altas taxas de ocupação de leitos, o aumento nos casos de síndrome respiratórias e a alta participação do Brasil no total de mortes causadas pela doença no mundo.
De acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Saúde, apenas hoje (18), 2.724 mortes foram registradas no Brasil. Agora Imperatriz, de acordo com dados do boletim epidemiológico divulgado no dia 18 de março, a ocupação dos leitos de UTI, na rede estadual de saúde, atingiu 100% de lotação, ou seja, todos os 72 leitos de UTI destinados a pacientes com Covid-19, estão ocupados. Com isso, apenas 50 leitos, clínicos e de UTI, estão disponíveis para toda cidade e municípios vizinhos, na rede municipal e estadual de saúde.