“Quando você prioriza a educação, você organiza tempo e prioriza recursos para atender melhor o estudante”, afirma o subsecretário de Educação, Danilo Moreira

Subsecretário estadual de Educação Danilo Moreira: “Pandemia acelerou mudanças importantes”

Texto: Maira Soares

Danilo Moreira é natural da Bahia, formado em eletrotécnica pela Escola Técnica Estadual de Feira de Santana e cursou História pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia–UESB, possuindo também MBA em Gestão Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Em 2003, Danilo se dedicou às politicas públicas de juventude e em 2005, integrou a Secretaria Nacional de Juventude e o Conselho Juventude-Conjuve. Entre 2005 e 2010, desempenhou a função de secretário-adjunto da Secretária Nacional de Juventude, sendo atualmente o subsecretário estadual de Educação do Maranhão.

Com a pandemia do novo coranavírus, todas as instituições de ensino paralisaram suas atividades. Quais foram as medidas preventivas que o Estado adotou inicialmente?

Danilo Moreira: A principal medida preventiva que adotamos já no dia 17 de março foi a suspensão das aulas para evitar o contágio. Então, as aulas estão suspensas desde o último dia 17 de março, as aulas presenciais.

E como ocorreu o planejamento para que as aulas retornassem no formato remoto de forma que o estudante pudesse recuperar o calendário escolar e não ter atrasos no ano letivo?

Nós suspendemos as aulas no dia 17 de março e imediatamente começamos a oferecer o ensino remoto, que é o ensino a distância. Nós começamos a transmitir aulas na TV – TV Assembleia em especial –, transmitir aulas via rádio através da Rádio Timbira e, ao mesmo tempo também, postar materiais, conteúdos e vídeos nas redes sociais da Secretária de Educação e no nosso canal do You Tube. Mas é bom que se diga que nada substitui a aula presencial, nada substitui a presença do professor em sala de aula, a relação com o estudante.

Quais os desafios e as perspectivas que a pandemia provocou na educação? Qual a sua opinião sobre esse momento que vivenciamos e que afetou várias áreas da sociedade?

Essa crise mundial em torno da pandemia de fato criou muitas dificuldades para a Educação. Há de se reconhecer que boa parte dos estudantes, não só no Maranhão, não só do Brasil, mas também do mundo, tiveram seu ano letivo prejudicado. O esforço é para poder manter o mínimo de contato, de aprendizagem nesse período. Por outro lado, ela também [pandemia] trouxe esse desafio, algumas novidades e acelerou mudanças importantes. Ela nos obrigou a migrar mais rapidamente para a questão digital. Transformou também a metodologia, a forma do professor se relacionar com o estudante. Os nossos professores aprenderam a utilizar muito rápido as plataformas educacionais digitais para poder ministrar as aula.

Foram feitas várias consultas sobre o retorno presencial das aulas no estado. O senhor acredita que os resultados obtidos ajudaram de alguma forma no possível retorno das aulas presenciais no futuro?

Quando os indicadores da pandemia passaram a melhorar aqui no Maranhão, assim como outras atividades retornaram de maneira gradual, parcial, nós propusemos o retorno da rede estadual do Maranhão para o dia 10 de agosto, porque já tinha segurança e autorização das autoridades sanitárias para que pudesse voltar. Claro, cumprindo protocolos e adotando medidas de segurança. Ocorre que percebemos que havia uma insegurança, uma dúvida muito grande na comunidade escolar, e nós, de fato, optamos por fazer uma consulta democrática, porque não queríamos impor um retorno sem ouvir a opinião de pais, estudantes e professores. Então, nós fizemos desde o dia 10 de agosto três consultas e essas três consultas apontaram que a maioria da comunidade escolar achava mais prudente não voltar.

Com o ensino remoto, os professores se reinventaram para dar continuidade aos conteúdos e aulas. Foram disponibilizados cursos ou treinamentos para os docentes com o intuito de auxiliá-los nessa nova modalidade de ensino?

Desde o primeiro momento a Secretaria de Educação deu apoio pleno aos professores. Realizamos uma série de encontros, webnários, lives, explicando e trocando dúvidas, primeiro sobre a pandemia e de como traduzir este momento até nos conteúdos escolares ofertados. Do ponto de vista da preparação do professor também ofertamos cursos para o professor aprender e aprimorar as aulas nas plataformas digitais: no Microsoft Teams, no Google Meet, no Google Classroom, várias plataformas disponíveis na internet. E nós fizemos um curso de formação para milhares de professores para que eles pudessem se aprimorar.

Vários estudantes não possuem acesso a uma internet de qualidade ou equipamentos próprios para acompanharem as aulas. Quais meios foram viabilizados para que todos os alunos participassem ativamente das aulas?

Desde o primeiro momento,além de oferecer conteúdos na internet, na TV e no rádio, nos preocupamos com os estudantes que não tinham um acesso direto a isso. As escolas e os gestores escolares providenciaram apostilas impressas. Ao lado disso, essa oferta de chips de internet para facilitar e democratizar o acesso à internet e manter o estudante mais próximo.

Este período de pandemia também provocou o aumento da evasão escolar e da desistência do ano letivo. Estão sendo pensadas medidas para que os alunos continuem estudando e se sintam motivados neste momento difícil?

De uma maneira geral, as pesquisas feitas no país inteiro apontam um dado muito preocupante: em torno de 30% dos estudantes não aderiram às atividades do ensino remoto. Isso é mais ou menos a realidade aqui do estado do Maranhão. É um número grande e preocupante. E que vamos tentando reduzir com essas medidas que eu já falei anteriormente, que é a busca ativa, o diálogo com os estudantes, o papel proativo dos gestores escolares e professores, uma comunicação direta com pais para que possamos manter o estudante na escola.

Para ajudar nos estudos, vários projetos, como o Terceirão Não Tira Férias e o recente Pré-vestibular Gonçalves Dias, foram disponibilizados aos estudantes. Como esses e outros projetos que surgiram neste período foram planejados e colocados em prática? 

Quando fomos desenvolvendo o ensino remoto, tivemos uma grande preocupação. Claro, que a preocupação é com todos os estudantes, todos os estudantes matriculados, mas uma preocupação maior com os estudantes do terceiro ano, porque este é o último ano deles na rede estadual, último ano deles no Ensino Médio. Então, direcionamos os nossos esforços com o Terceirão Não Tira Férias, que foi uma série de aulas, de lives e de conteúdos específicos para esses estudantes. E o Terceirão Não Tira Férias já era algo que existia antes da pandemia, só foi reforçado e adaptado para o meio digital e, a partir dessa experiência exitosa, e por sugestão direta do govenador Flávio Dino, que é o governador bastante preocupado eproativo com a Educação, nós transformamos isso na Plataforma Gonçalves Dias. E acho que isso é mais um exemplo de como quando você prioriza Educação, você organiza tempo e prioriza recursos para atender melhor o estudante, o jovem que deposita na escola os seus sonhos.

Por fim, gostaria de adicionar mais alguma coisa ou fazer algum comentário?

Ao lado do ensino remoto, desses desafios da pandemia, seguimos investindo nas outras políticas educacionais. A Seduc não ficou paralisada. Seguimos ampliando a nossa rede de escolas em tempo integral, investindo em obras, preparando melhor os nossos professores para o retorno.