Aos trancos e barrancos: acessibilidade das ruas em Imperatriz

Texto: Jonas Lima

Estamos na correria dia a dia, sempre voando de um lugar para outro para resolver esse ou aquele problema. Muitas das vezes precisamos contornar obstáculos, subir e descer calçadas em sua grande maioria irregulares. Fazemos isso sem muitos problemas, mas não é assim para todo mundo.

O universitário e cadeirante Mardonio Catanhade, 24 anos, vive em uma situação bem diferente  do que a que estamos acostumados. “É bem complicado viver em Imperatriz, a maioria das calçadas não são do nível padrão e isso dificulta muito pra quem é cadeirante”, afirma.

O problema não se encontra apenas nas calçadas, o asfalto desregulado atrapalha o cadeirante que corre inclusive risco de ser atropelado por motoristas desatentos. “Na avenida é ainda mais complicado de andar em cadeira de rodas. Eu sozinho não consigo, preciso sempre de uma pessoa para ajudar”, desabafa.

O Censo 2010 divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que 45,6 milhões de pessoas declararam ter ao menos um tipo de deficiência, número correspondente a 23,9% da população brasileira, sendo 1.615 casos somente em Imperatriz.

Além da falta de rampas e desníveis das ruas e calçadas, quem é deficiente também enfrenta mais uma dificuldade: calçamentos lotados de manequins e bancas com roupas. “É bastante complicado isso, precisamos ficar desviando a todo tempo. Nós que somos cadeirantes, temos uma vida ativa. Não é por estarmos em cadeiras de rodas que não temos uma vida normal. Queremos ser inclusos na sociedade, só que os obstáculos que tem pela frente nos impedem de fazer isso”, expõe Catanhade.

O arquiteto da Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transportes e Serviços Públicos (Sinfra) Marcos Damásio, diz que um dos motivos para o problema de acessibilidade nas ruas de Imperatriz é a falta de empatia. “Não existe sensibilidade. Não existe cultura de tornar acessíveis as ruas e calçadas para pessoas com deficiências”, aponta.

Situação que pode mudar graças ao Decreto Nº 9.296, de 1º de março de 2018, que torna lei a adequação de todo e qualquer projeto arquitetônico para pessoas com deficiência. “Todos os projetos que são feitos aqui saem aptos e acessíveis às pessoas com deficiência. Então, praças, ruas, faixas para pedestres, projetos particulares, residências, comércios, são todos perfeitamente projetados para facilitar a vida dessas pessoas”, explica Damásio.