Acessibilidade nos Locais Públicos: o eterno desafio

Texto: Tayron Silva

A acessibilidade é garantida por projetos de lei que foram elaborados não só em prol das pessoas que tem deficiência física, mas para todas aquelas que encontram dificuldade de locomoção. “É um projeto muito bom, mas que infelizmente, na maioria das vezes só existe no papel”, considera Gonçalo, cadeirante. Ele conta algumas de suas experiências em órgãos públicos, locais em que segundo ele, é difícil encontrar acessibilidade. “Para falar com o prefeito, só se alguém levar a gente nos braços. Ele não desce, a sala dele é no segundo andar e não tem elevador.”

Segundo Gonçalo, ainda no governo do ex-prefeito Sebastião Madeira, foi criado um projeto de lei que padronizaria todas as calçadas no centro da cidade, o que melhoraria a locomoção das pessoas com dificuldades, no entanto, o projeto ainda não foi efetivado. “É raro ter uma calçada padronizada, temos que disputar o transito com os carros”, acrescenta o cadeirante. E complementa: “Quer ver exemplo de coisa boa em termos de acessibilidade? Vá ao Parque de Exposições”.

Quem chega na Beira-Rio em Imperatriz, após a recente reforma, já dá de cara com no mínimo sete rampas para cadeirantes. “Lá está tudo adaptado com acessibilidade”, elogia Gonçalo. Até aí, tudo bem, mas a dificuldade volta quando se procura banheiros adequados. “Eles não existem”, afirmou. Para o cadeirante Diego Machado, de 24 anos, o estereótipo da palavra “acessibilidade” ainda está muito ligado somente às “rampas”. Essa questão pode ser percebida em muitas praças e calçadas, onde mesmo existindo esse acessório, o cadeirante não pode trafegar, pois o estado do piso do local impede, como por exemplo, em alguns pontos da praça Mané Garrincha, ou até mesmo em pleno Calçadão.

Embora exista um pequeno esforço da sociedade para a melhoria, ainda é possível encontrar lacunas, quando se trata de acessibilidade, principalmente em locais públicos. Para a deficiente física Solenne Carvalho, de 32 anos, e participante da associação Cenapa (Centro de Assistência Profissionalizante ao Amputado e Deficiente Físico de Imperatriz), não há muitas dificuldades pelo fato de ela conseguir andar. No entanto, a tormenta aparece no momento de estacionar seu veículo, pois os estacionamentos para prioridades sempre estão ocupados. “As vagas são todas usadas por gente não deficiente”, denunciou.

Essa é a vida dos que precisam de acessibilidade nos grandes locais públicos de nossa cidade. Há dificuldades de locomoção e até para ir ao banheiro. Convicto do que diz, Gonçalo acredita que se trata de falha dos administradores da cidade, dos políticos e autoridades: “Porque eles aprovam o projeto, mas não faz ser cumprido. Aí, nós que sofremos na pele”.