Maranhão apresentou aumento no percentual de eleitores indecisos

Descontentamento com a política e dificuldade em identificar propostas podem explicar situação

Repórteres: Agda Emanuelle e Ana Carolina Campos

No estado do Maranhão o número de eleitores indecisos aumentou nas eleições de 2018 se comparado ao mesmo período do ano nas eleições de 2014, de acordo com as pesquisas  realizadas pelas instituições Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística), e Fiema (Federação das Indústrias do Estado do Maranhão), cadastradas no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Segundo a professora Michele Goulart Massuchin, Doutora em Ciência Política, as eleições de 2018 apresenta um maior percentual de indecisos do que as eleições anteriores, devido a insatisfação das pessoas com a atual gestão ou gestões passadas. “O descontentamento de eleitores com os atuais candidatos, colaboram para que eles não consigam se identificar com nenhuma das propostas, ideologias e até mesmo consideram que todos os candidatos são bem parecidos”, comenta a cientista política.

Na pesquisa de 2014 foram entrevistados 1.400 eleitores entre os dias 09 e 13 de setembro com margem de erro de 3,2 percentuais para mais ou para menos, e na pesquisa de 2018 foram entrevistados 1.008 eleitores entre os dias 16 e 18 de setembro com margem de erro 3,0 percentuais para mais ou para menos.

Em ambas as eleições observa-se que existe uma variação no índice dos números de eleitores indecisos, de acordo com cada cargo político, isso ocorre devido a uma junção de fatores e entre eles estão: o desconhecimento da real função de cada um desses cargos, a centralidade que é dada para as eleições presidenciais e menos para as funções relacionadas ao estado, e também  a questão do grande número de opções  que certos cargos possuem em comparação a outros, em consequência disso os eleitores encontram maiores dificuldades na hora de fazerem suas escolhas.

Pesquisas

Algo a ser destacado sobre o percentual de eleitores indecisos na pesquisas de opinião de voto é que existem variações nos resultados, não somente entre as instituições que executam tais questionários mas também na metodologia que é usada para a coleta de informações. Cotidianamente os institutos divulgam resultados que derivam de dois tipos de coletas de dados, que são as pesquisas estimuladas e as pesquisas espontâneas.  A principal diferença entre essas abordagens, se dá na metodologia.

Na pesquisa espontânea, uma pergunta é feita aos entrevistados e não é dada nenhuma alternativa para resposta. Esta pesquisa serve para medir a lembrança da pessoa que participa do levantamento e a importância que eles dão aos questionamentos. As pesquisas espontâneas realizadas em 2018 pelo Instituto de Pesquisa Econométrica que entrevistou 1.008 pessoas, o percentual de eleitores indeciso no estado foi de 40%.

Já no caso das pesquisas estimuladas também realizada pelo Instituto de Pesquisa Econométrica, o percentual foi de 4,90%, nesse tipo de abordagem é dado as alternativas com os nomes dos eventuais candidatos, com a finalidade de saber quais são os que mais estão bem colocados entre o eleitorado. A pesquisa estimulada limita mais a ação do entrevistado, e é mais simples para apuração pois têm um índice muito menor de repostas do tipo “não sei ou não quero responder”.

Indecisos

No Maranhão 147.306.275 eleitores são aptos a votarem, as mulheres representam 52,5% desse eleitorado comparado a 47,5% do eleitorado masculino. Uma das pesquisas realizadas pelo Ibope em 58 municípios do estado com 1008 entrevistados mostra que o índice de mulheres que se encontram indecisas supera o eleitorado masculino, porém, por mais que seja majoritário a presença feminina nessa classe de indecisos, não é possível definir um perfil exato para eles. “Algo que poderia sem dúvidas caracterizar essa classe de eleitores é que eles são bem heterogêneos”, afirma Michele Massuchin.  A professora explica que é importante que os eleitores conhecem o funcionamento das instituições e que não deixem de votar em nenhum dos cargos. Ouça a entrevista:

O sociólogo Carlos Alberto Claudino, Mestre em Políticas Públicas,  explica que não se pode definir com certeza um perfil para esses eleitores, principalmente aqui no Maranhão que tem uma grande dimensão territorial e apresenta culturas e regiões diferenciadas. Segundo Claudino, a única característica que é presente em todos eles, é que os eleitores indecisos não são relacionados ou próximos de forma alguma a partidos políticos.

Os eleitores comentam sobre suas dificuldade em escolher os candidatos. O estudante do curso de eletromecânica Lucas Theyllon Rocha Sales, de 21 anos, levou tempo para definir quem seriam os seus representantes nessas eleições. “O cenário político hoje é tão deprimente que me desmotiva, mas minha demora não é porque quero me abster da responsabilidade de votar.  O Brasil é considerado um país rico em matérias primas cobiçadas, como o minério e o petróleo. Mas o povo brasileiro perece nas dificuldades que nem deveriam existir, se fôssemos governados por pessoas justas e competentes. Eu quero chegar na urna com a certeza de que estou votando certo, se sonho com mudança para o país preciso analisar as proposta de todos os candidatos e ver se eles realmente irão nos representar”, relata o estudante.

A cabeleireira Denise Sabino Campos, de 36 anos, também se mostrou uma eleitora indecisa. “Às vezes a gente sente como se nosso voto não fosse fazer diferença, e que não tem problema em votar em qualquer um, mesmo não concordando totalmente com todas as ideias dos candidatos”, comenta a cabeleireira.

 Estratégias

A professora Michele Goulart afirma que a última semana que antecede as eleições  é de suma importância, pois as campanhas eleitorais se voltam justamente para o percentual de eleitores indecisos. As equipes de campanha buscam criar diferentes formas de estratégias para se aproximar de tais eleitores. Com o intuito de atrair os indecisos, investem menos nas campanhas negativistas, que são aquelas baseadas em atacar os adversários, e usam mais o espaço que eles tem nas mídias, que são os debates e o horário eleitoral. “É muito menos arriscado, tentar fazer com que os eleitores indecisos escolham sua opção, do que tentar roubar 30% do eleitorado do adversário”, explica a cientista política.

Atenção

É importante destacar, que não se deve permitir que o fato de estar indeciso seja empecilho para você não votar, pois o voto no país é obrigatório e se não justificado você estará sujeito a sanções, como não poder obter passaporte ou nova carteira de identidade, renovar matrícula em estabelecimento de ensino público, inscrever-se para concurso público, tomar posse em cargo público, receber vencimentos de função pública, participar de concorrência pública e obter empréstimo de órgão público.

 

*Reportagem produzida na disciplina Jornalismo Político (2018.2), do Curso de Jornalismo (UFMA Imperatriz). Foto/áudio/infográfico: Agda Emanuelle e Ana Carolina Campos.