“Não posso falar que é a melhor, mas posso falar que é a maior”, entrevista com Josué Costa, sócio-fundador do Imperatriz Online

 Texto e fotos de João Pedro Brito

Com apenas 21 anos, Josué Costa Lima é criador da página Imperatriz Online, que mais tarde veio a se tornar também uma empresa de marketing. O Imperatriz Online surgiu em meados de 2013 e atualmente a maior página de rede social da cidade, com 107 mil seguidores no Instagram e mais de 230 mil no Facebook,  juntas as páginas somam mais de 41 mil posts.

A página foi criada no Facebook em 2013. No começo Josué a usava para publicar “besteiras”, expressão que usa para descrever os conteúdos de cunho duvidoso que resultaram na exclusão do Imperatriz Online da rede. Porém, Josué tornou a criar a página, desta vez com conteúdo informativos, particularmente de acidentes que ocorriam na cidade, por meio de informações que recebia da sua mãe, Maria Eunice Costa Lima, funcionaria do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Atuando como telefonista, ela disponibilizava as informações que obtinha por meio de um grupo de Whatsapp para o filho. Segundo Josué, essas informações eram sensacionalistas e envolviam situações do cotidiano da cidade como: acidentes, denúncias, casos policiais e relacionados à área da saúde. “Eu sempre pegava conteúdos que a minha mãe me mostrava, apesar de que na maioria das vezes ela queria me alertar. Ainda hoje. Tipo, Josué teve um acidente ali, toma cuidado”, brincou ele.

Ao entrar de vez no mundo do marketing em redes sociais Josué decide parar de publicar aquele tipo de conteúdo sensacionalista com o intuito de ganhar dinheiro gerando rentabilidade e renda ele passa a focar em conteúdos que gerariam mais engajamento com o público geral e tornariam a página um ambiente adequado onde as empresas e lojas. “Eu fui perceber que realmente não devia mais postar isso quando decidi que queria ganhar dinheiro com a página, e o que ia me dar dinheiro era anúncio, então pensei: como é que uma loja vai querer publicar alguma coisa se a página só tem esse tipo de conteúdo?”, declara ele.

Atualmente o Imperatriz Online transformou-se numa empresa de marketing e publicidade, com quase 10 funcionários. O crescimento impactou a vida de Josué que viu o que antes era um hobby se tornar sua principal fonte de renda. “Superou há muito tempo, eu nem pensava grande”, disse ele. Nesta entrevista com Josué Costa Lima, criador da página Imperatriz Online, o Imperatriz Notícias irá tratar sobre a evolução da página.

 

Imperatriz Notícias: De onde surgiu a idéia de criar a página?

Josué Costa Lima: É uma longa história. Eu sempre estudei em escola pública até chegar o ensino médio, queria muito estudar no IFMA, estudei bastante pra passar no seletivo, mas infelizmente não consegui passar, aí um amigo me falou sobre a prova do seletivo do colégio Dom Bosco, aí fiz a prova e consegui passar, só que no começo fui muito difícil de me enturmar com a galera, porque eu era um aluno de escola pública e sofria bullying.

Mas, sempre gostei de ler, ler de tudo, só não gosto de ler por obrigação. Gostava muito de ler conteúdo regional, na biblioteca do colégio tinha computador, foi minha primeira experiência com a internet, um amigo me pediu para criar uma página no Facebook, daí conheci três páginas de conteúdo regional aí falei poxa que massa muito bacana o conteúdo, resolvi pedir pra participar das páginas, mas todos me falaram não sem dar detalhes sobre o motivo, então depois de um tempo pensei e resolvi criar uma página pra mim, coloquei o nome de Imperatriz na Web, mas daí pensei esse nome não vai pegar, então por acaso conheci uma loja de roupas e no final do nome tinha a palavra online, daí pensei poxa que bacana e mudei o nome da página para Imperatriz Online, mas basicamente criei a página porque não me deram oportunidade de participar das outras.

IN: Como foi o início do Imperatriz online?

JCL: Antes eu não tinha noção de nada e acabava postando muita besteira, colocava um conteúdo qualquer no feed, mas quando partia para a parte criativa não saia nada. Minha mãe trabalha no atendimento no SAMU há muito tempo e eu sempre postava na página o conteúdo que ela me mandava, por mais que ela me mandasse para me alertar, tipo, Josué teve um acidente grave de moto aqui anda devagar filho. Sempre que ela me mandava essas coisas eu postava. O ser humano tem um negócio de ver desgraça e querer compartilhar, demorei muito tempo pra aprender que isso é feio.

IN: Você nunca pensou que poderia colocar o trabalho da sua mãe em risco?

JCL: Eu considero que não, porque o conteúdo que era publicado no grupo do SAMU que a minha mãe participava, não era nenhum conteúdo interno e restrito só aos funcionários, mas, por exemplo, quando tinha um acidente o pessoal ligava primeiro para o SAMU, então não chegavam informações que não poderiam ser divulgadas ao público.

IN: Você decidiu não postar mais sensacionalismo por que não era rentável? E as questões éticas, nunca lhe incomodaram?

JCL: Eu fui perceber que realmente não devia mais postar isso quando decidi que queria ganhar dinheiro com a página, e com aquele tipo de conteúdo nunca tinha rendido nada, o que ia me dar dinheiro era anúncio, então pensei como é que uma loja vai querer publicar alguma coisa se a página só tem esse tipo de conteúdo? Nenhuma. Depois disso tive a ideia de criar uma página chamada O Lado Negro de Imperatriz, mas depois de um tempo percebi que não estava ganhando nada com essa outra página além de perder tempo, dinheiro, e ofender pessoas, então decidi parar com isso. Só passei a pensar nas questões éticas mais na frente, porque eu ainda era só uma criança. Recebi muita ajuda de amigos que já trabalhavam com marketing, eles me falavam que você sempre tem que estar se reinventando.

“Só passei a pensar nas questões éticas mais na frente, porque eu ainda era só uma criança”

IN: Como se reinventar e não cair na mesmice, visto que o mercado de redes sociais e marketing está bem saturado?

JCL: Basicamente, tipo como o João Marcos e a Gislei Nayra (alunos do curso de Jornalismo da UFMA) criam conteúdo e tem a galera que cuida das vendas, eu e o David ficamos com mais tempo livre, a gente está se dedicando aos painéis de LED da BR, as TVs de anúncio do Tocantins shopping e a gente quer colocar TVs de anúncio nos ônibus da cidade, mas aí é complicado porque aqui em Imperatriz colocar TVs dentro de um ônibus a chance de roubar ou quebrar é muito grande.

IN: Quais as dificuldades enfrentadas por você como profissional de redes sociais e marketing?

JCL: Uma coisa que eu acho muito chata e posso falar sem medo é que oito entre dez clientes querem anunciar porque realmente precisam anunciar, na maioria das vezes estão com vendas fracas, dificilmente é alguém que está vendendo bem e quer anunciar para vender mais ainda. A galera chega só quando está numa situação de desgraça, por chegar nessa situação eles acham caro a divulgação e pensam que é um bando de menino que fica em casa sentado usando o celular, eles não entendem que isso é um trabalho.

IN: É possível viver bem com a renda de marketing e redes sociais?

JCL: Depende do seu conceito de viver bem. Eu acho que conceito de viver bem é muito relativo, para vocês terem uma noção já fiquei três anos sem receber nada com o Imperatriz Online. Para chegar falar que vivo bem é preciso ganhar mais, ou seja, vender mais e ganhar mais.

IN: Imperatriz já possui diversas páginas relacionadas a ela nas redes sociais. Você considera o Imperatriz Online a melhor página da cidade?

JCL: Isso é muito relativo. Não posso falar que é a melhor, mas posso falar que é a maior, ser a melhor vai depender do que você gosta, por exemplo, se você gosta de comida a melhor página desse segmento é o Experimente Itz, sem dúvidas; agora se você quiser saber sobre notícias sobre os digitais influencers da cidade é o Ego Imperatriz, gostando ou não da pessoa que administra a página o conteúdo está lá, mas se você quiser saber sobre assunto gerais é o Imperatriz online.

IN: Com o sucesso e popularidade da página é normal receber críticas. Como você reage a críticas negativas?

JCL: Eu sofri muito bullying quando estava no ensino médio e isso era horrível, por sempre ter estudado em escola pública e estar estudando numa escola particular naquela época não consegui me enturmar bem, chegava na mesa na hora do recreio e todos saiam me deixavam sozinho, ficava muito triste, então aprendi a ignorar. A um tempo atrás chegaram a falar em um programa que eu recebia 50 mil reais da Roseana para manter a página funcionando, no começo ficava irado mas agora ignoro e prefiro não ligar muito.

IN: Quais são as experiências mais importantes que você já viveu nesses mais de cinco anos do Imperatriz Online e que podem contribuir para quem quer começar seu próprio negócio na internet?

JCL: Eu era muito tímido, eu chegava na escola e pensava todo mundo aí tem história pra contar e todo mundo tem o que eu não tenho, até que eu percebi que nada disso importa e o que importa é você ser sempre você mesmo, o status do meu WhatsApp já está a muito tempo com essa frase seja sempre você mesmo, sofri muito bullying, quando vejo alguém sofrendo sempre quero defender, hoje em dia você é muito julgado pelo que você tem ou pelo que você é, comecei o Imperatriz Online pra interagir com um computador porque não queria interagir com pessoas, então e isso seja sempre você mesmo.