Entrevista com Rildo Amaral, o líder da oposição na Câmara

Texto e fotos de  Thiago Sampaio

Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Estadual do Maranhão, Rildo de Oliveira Amaral de 38 anos, foi eleito pela segunda vez como vereador de Imperatriz em 2012 pelo partido Solidariedade e atua como uma forte liderança de oposição a coligação que representa a Prefeitura. Ao longo de sua carreia política, é destacado por ser a principal referência em número de projetos de lei, com mais de 20 deles aprovados pela Câmara de Vereadores do município, entre eles a CPI da Caema, apresentada em 2013 e que previa investigações aos documentos e arquivos de pagamentos da empresa, mas o projeto acabou sendo arquivado no ano seguinte após grande pressão governista. Ao longo de quase oito anos dedicados ao exercício político, Rildo Amaral também é conhecido pelas polêmicas pessoais como questões de relacionamento e por desafiar empresas com suspeitas de irregularidades fiscais, o que lhe custou sérias ameaças de morte. Nesta entrevista ele também comenta a falta de ação dos companheiros da Câmara em prol de melhorias para a população.

O vereador Rildo Amaral
O vereador Rildo Amaral

A sua família é de classe média e possui contratos de alto valor com várias empresas. Por que decidiu entrar para a carreira política?

Apesar da atual situação da minha família, eu venho de classe baixa mesmo. Meus pais são semianalfabetos, com pouca escolaridade. Não mantemos contrato com o setor público, até pelo cargo que mantenho, vejo isso com algo que deve ser combatido. O meu interesse político partiu do desejo de ajudar a sociedade sabendo que é necessário alguém para ‘’ bater de frente’’.

Na política as pessoas se importam bastante com a questão da imagem da figura pública, dos valores e da representação da família. Por que nunca se casou?

Na verdade eu nunca me casei por que eu acho que não existe um padrão para a época de casamento. Eu tenho um relacionamento estável já há mais de 24 anos eu namoro a Perla, mas a gente nunca casou por que além de tudo nós temos compromisso com nossos pais. Eu que cuido dos meus pais por que eles já são idosos e ela também cuida dos pais dela. Então a gente tem esse compromisso com a família e a gente adora a vida que leva.

O sr. já mudou de partido mais de uma vez. Até que ponto essas mudanças influenciam em seu posicionamento político?

Eu acredito que a minha mudança de partido nunca mudou meu posicionamento político, muito pelo contrário, só fez aperfeiçoar! Tudo que eu imaginei antes de entrar na política eu tento tratar da mesma forma hoje por que acho que mais do que partido político o que faz o ser humano é o caráter e não uma sigla.

O que acha de uma projeto de lei discutido na Câmara de Deputados que veta um político a candidatura por mudança de partido?

Essa possibilidade de mudança na verdade abre espaço para quem se sente coagido ou humilhado discordar dos parâmetros que o partido trocou. Há um mês do prazo legal abre-se uma janela para quem quer mudar de partido. Então com isso a gente pode avaliar se o que o partido está fazendo é produtivo ou não.

Um dos seus maiores destaques é por fazer oposição as propostas adotadas pela Prefeitura.  Como é encarar esse embate com os demais vereadores?

Pela proporcionalidade da Câmara são 17 vereadores da base governista. Nós temos dificuldades de embates porque na hora de fazer contestações ou emitir opiniões são 17 contra 4, então eles têm mais vozes e votos inclusive que a gente. Mas foi muito difícil no início dessa legislatura porque a gente teve que encarar alguns políticos que eram de outra geração, da geração da ameaça, da baixaria, de escorraçar as pessoas. Eles nos chamavam de tudo na Câmara, inclusive diziam que os da oposição fediam. Então a gente tem que tratar com muita naturalidade, mas acima de tudo com muito respeito a opinião dos outros.

Ao longo de dois mandatos seus projetos de lei trouxeram bastante discussão e revolta por parte de grandes empresários, como as relacionadas a maior rigor em fiscalizações. Quais considera de maior relevância e como estão sendo trabalhadas as questões em torno deles?

Eu sou o vereador na história de Imperatriz já com o maior número de leis. Eu fiz a que proíbe fumo em locais fechados, fui o que torna obrigatório a prescrição de genéricos em postos de saúde e hospitais públicos de imperatriz, a que proíbe celular em banco e de meia entrada para estudantes. Então a gente procura ser o mais produtivo possível para a cidade de Imperatriz. São vários projetos mas que a cidade realmente não põe em prática por conta de uma cultura de não se organizar o que deve ser feito.

Quanto a questão da CPI da Caema, proposta em seu segundo mandato e que prevê investigações aos documentos de pagamentos da empresa, qual a sensação diante do arquivamento em 2014?

Quanto ao arquivamento da CPI foi a pior possível. Era algo que precisava ser posto em prática e depois a gente descobriu as verdadeiras causas que não era somente a falta de investimentos na cidade e sim a fraude de documentos que a Caema sempre emitiu ao público de quitação de débitos sem que os mesmos tivessem sido feitos. Então isso nos constrangeu e nos mostrou que realmente é muito perigoso mexer com algumas situações que historicamente foram comprometedoras para a sociedade de nossa cidade e estado.

 

Com o arquivamento, várias promessas de melhorias foram feitas como a troca de equipamentos por outros mais modernos nas centrais de tratamento de água. Por que apesar de tudo, os problemas de mau abastecimento persistem sem que nada seja feito?

O problema de o abastecimento nunca ter contemplado a todos e ser resolvido ainda é principalmente por que Imperatriz é uma cidade de invasões e quando se projetou o sistema inicial era para atender a um planejamento de uma cidade que não fosse crescer tanto. E as gambiarras, as faltas de investimento na estrutura e na prevenção e na ampliação do sistema, realmente nos traz esses problemas graves de abastecimento de água na nossa cidade     .

Dadas as problemáticas frequentes, é uma boa alternativa que as pessoas tenham poços em casa em Imperatriz? Há poço em sua residência?

É muito viável que as pessoas tenham poços em casa desde que com a autorização dos órgãos competentes. Para que não haja uma utilização inadequada do recurso hídrico. Na minha residência quando nós fizemos há muito tempo a gente percebeu que a economia tanto financeira quanto por senso de utilização melhora muito.

O sr. já foi ameaçado de morte algumas vezes como tem tornado a público essas informações. A que se devem as perseguições contra a sua pessoa?

Existem várias ameaças mas que graças a Deus algumas foram abordadas por ter conhecimento antes do acontecido. E tudo que se mexe com interesses particulares financeiros é grave e nessa cidade muitos assuntos ainda precisam ser passados a limpo.