As Sete Flores de Letícia: Entrevista com a cantora e compositora imperatrizense

Texto: Rebeca Ribeiro

Fotos: Gustavo Viana

 

 

 

“é da minha melancolia que surgem as músicas, até mesmo as músicas alegres eu escrevo quando estou triste”

Ana Letícia Alves dos Santos é cantora e aluna de Comunicação Social – Jornalismo, na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Mais conhecida artisticamente como Ana Letícia, a imperatrizense de apenas 19 anos, em 2016 levou o prêmio por aclamação popular no Festival de Musica Imperatrizense (FMI) e de lá pra cá vem tentando conquistar espaço no meio musical.

Ela ganhou seu primeiro violão aos 13, aprendeu a tocar praticamente sozinha e começou a materializar suas próprias canções.  “Eu percebi que não queria mais tocar música de outras pessoas e comecei a escrever minhas músicas e cantar sobre o que eu queria”, diz Ana.

Sua mãe trabalha como empregada doméstica na casa do médico Itamar Fernandes, a quem ela chama carinhosamente de pai, e por lá Letícia cantava músicas em reuniões e festas que aconteciam na casa do médico. Em 2010, começou a cantar o salmo na igreja de Fátima, em 2015 participou do Festival de Musica Imperatrizense (FMI) e em 2016 levou o prêmio nesse mesmo festival.

Em 2017, Ana Letícia lançou seu EP de estreia que se chama “Sete Flores” e tem apenas 1000 streams no spotify e quase 700 views no Youtube. O trabalho tem sete faixas (uma delas em inglês) e é composto pela voz suave da cantora e letras de amor, superação, raiva e esperança.  “Eu queria que significasse uma coisa simples que você pode dar pra alguém, e coisas simples também são flores. Então cada música é uma flor” afirma a cantora.

A seguir entrevista, a compositora que já realizou um de seus sonhos ao lançar o EP, conta quais as dificuldades de ser um artista independente, a importância de apoio de outros artistas e fala de seus trabalhos com o fotógrafo e cantor Jefferson Carvalho. Ele que é amigo, parceiro e divulgador da cantora.

 

Imperatriz Notícias – Ouvindo suas músicas é fácil perceber algo meio Clarice Falcão, meio Mallu Magalhães. Você pretende variar o estilo musical ou se sente bem e feliz no seu estilo?

Ana Letícia Alves dos Santos – Eu não sei dizer ao certo qual é o meu estilo, mas é mais pro MPB e Pop. Se fosse pra variar, seria mais uma coisa de me voltar um pouco mais pro Pop. Eu iria mais pra esse rumo, mas não ir tanto assim para longe. Tipo, sertanejo… Não. É mais pra ficar nesse círculo, assim.

 

I.N – Você é claramente uma artista independente. Quais os desafios que uma cantora independente tem que enfrentar?

A.L.A.S – É muito difícil, tem a questão da grana mesmo. As maiores dificuldade são encontrar parceiros, pessoas que acreditam no teu trabalho, de conquistar patrocinadores e pessoas que acreditam que tu vai ser alguma coisa, entende?! Não é só porque é de Imperatriz que não pode vir a ser um artista melhor, de ser reconhecido.

 

I.N – “A propaganda é a alma do negócio”, é o que dizem por aí. Por que você divulga pouco o seu trabalho?

A.L.A.S – Eu desanimei um pouco quando lancei meu EP. Porque eu esperava uma coisa e acabou que minha expectativa não foi alcançada. E aí eu acabei desanimando mesmo e parei um pouco.

“Tenho muitas flores (risos). O difícil mesmo é produzir, encontrar gente que queira trabalhar mesmo comigo”

I.N – E o que você esperava?

A.L.A.S – Como eu disse, eu pretendia alcançar mais pessoas do que realmente alcancei. Numericamente falando, minhas músicas tiveram um alcance de menos de 1.000 visualizações – no Youtube. Eu esperava, inicialmente, algo no faixa dos 20.000. Porém, creio que a minha falta de conhecimento sobre como impulsionar meu conteúdo, acabou por me atrapalhar. Falta de conhecimento também, que me fez desanimar. E sim, a propaganda é a alma do negócio, principalmente nos dias de hoje, onde quanto mais você impulsiona seu conteúdo, mais pessoas você alcança. Tanto é que eu desanimei, e meu EP deu uma parada nas visualizações. Nesse quesito, eu creio que preciso de mais pessoas me ajudando, porque é muita coisa pra decidir.

 

I.N – Você recebe apoio de outros cantores aqui de Imperatriz/Maranhão?

A.L.A.S – No tempo quando comecei, não. Aí depois, no processo, quando eu estava postando os vídeos no Facebook, que eu conheci o Jefferson Carvalho. E hoje em dia a gente está fazendo muita coisa juntos.

 

I.N – Mas para você é importante o apoio dele e de outros artistas da região?

A.L.A.S – Sim. Eu acho que é muito importante a união de artistas. Pra dar mais visibilidade pra quem está lá fora, pra que as pessoas vejam: “Ah, esse aí é de Imperatriz, daquela turma ali, daquele pessoal que canta.” Por que quanto mais material tiver, melhor pra impulsionar a gente. Agora fica cada um pra um lado, aí é bem difícil.

 

I.N – Recentemente você publicou algo dizendo que ajudou o Jefferson Carvalho (artista da região) no EP dele. Qual foi exatamente a parceria de vocês?

A.L.A.S – Na verdade, faltava uma musica no EP dele. E aí ele fez um grupo no whatsapp e chamou eu e o Neres – outro cantor e produtor da cidade – pra ajudar a compor a música. E ele tinha o beat, o beat é tipo só o instrumental da musica, e pediu pra eu escrever sobre termino de relacionamento e ao mesmo tempo superação. Aí surgiu “Deixa”, que é uma parceria minha com ele. E a gente vai lançar uma música daqui um tempo.

 

I.N – O nome do EP é sete flores porque cada música é como se fosse uma flor pra você. Você tem mais flores guardadas por aí?

A.L.A.S – Tenho muitas flores (risos). O difícil mesmo é produzir, encontrar gente que queira trabalhar mesmo comigo, entendeu?! Só que não tem. Fica só eu. Agora mesmo, o Jefferson e o Neres, a gente tá tentando e ver como é que vai fazer pra se juntar.

 

I.N – Você é tímida. Como se sente quando está no palco?

A.L.A.S – Eu sinto que quando estou no palco, é o momento em que eu consigo falar tudo o que eu quero, sem que a timidez me atrapalhe. Eu consigo me expressar e ser quem eu sou ali. Por que falar pra mim é mais difícil do que cantar, então quando eu estou cantando eu estou ali me libertando dos limites da comunicação.

 

I.N – Para você, o que é ser um artista e o que você deseja transmitir com a sua música?

A.L.A.S – Ser um artista, pelo menos para mim, é que eu sou bem intensa. Quando eu estou alegre, eu estou muito alegre. Quando eu estou triste, eu estou muito triste. E geralmente, é da minha melancolia que surgem as músicas, até mesmo as músicas alegres eu escrevo quando estou triste. Quando eu quero escrever sobre esperança, é por que eu estou muito triste e quero escrever aquilo ali pra mim e para as pessoas que se sentem assim também. E quando eu estou no palco, cantando pra as pessoas é como colocar tudo pra fora e ao mesmo tempo tentar tocar aquela pessoa.

 

I.N – O que você sente quando olha para o seu próprio trabalho?

A.L.A.S – Eu me sinto muito orgulhosa porque é um sonho que eu tinha desde quando comecei a compor: era gravar um CD e estar em um estúdio trabalhando. O meu negócio, o que me faz feliz, é fazer o que eu gosto. Estar no estúdio, cantar, compor. Ai quando eu vejo que não tá tendo oportunidade, eu começo a me desanimar.

 

LINKS:

Ouça o Sete Flores de Ana Letícia:

Youtube – https://youtu.be/5sm2n6QpSfA

Spotify – https://open.spotify.com/album/1b7I664oCzoYbDRCTbCdJE

Deezer – https://www.deezer.com/pt/album/46549312

Google Play –https://play.google.com/store/music/album/Ana_Let%C3%ADcia_Sete_Flores?id=Bcrejgnrsjvrwdo2xf7c43tsfhe