Mercadinho, Centro e Jardim São Luís concentram hotéis de viajantes e migrantes
Michel Hage
Acordo com o sol dourando as ruas de Imperatriz. Estou no coração da cidade, onde os passos apressados dos viajantes se misturam ao barulho dos comerciantes abrindo suas lojas. Da janela do hotel, vejo o movimento incessante: carros cortam as ruas, motociclistas desviam habilidosamente, ciclistas rumam para seus destinos e os ônibus lotados anunciam o ritmo frenético da cidade.
No Jardim São Luís, o cheiro de café recém passado invade as calçadas. No bairro, você encontra diversos hotéis como o Primavera, Pedreiras e o Santos. Neste último, recebo um bom dia caloroso de Raimundo, o recepcionista. Ele está sempre por ali, observando os hóspedes, organizando as reservas e garantindo que tudo funcione. “Tem café de manhã, de manhãzinha já tá botado”, indica.
No banco da recepção, Marcelo, um hóspede frequente, conversa comigo sobre a cidade. “Aqui dá mais pescador”, diz, lembrando que muitos dos que se hospedam nos hotéis do Centro dependem do rio Tocantins para seu sustento.
Cotidiano da região
Caminho pelo Centro, onde os prédios antigos dividem espaço com hotéis modernos. Aqui, cada esquina guarda um pedaço da história da cidade. Hospedar-se nesta região significa estar perto de tudo: bancos, lojas, restaurantes. Você acha um café forte com bolo até pratos fartos de arroz, peixes do rio Tocantins, galinha caipira, churrasco, macaxeira e farofa. Há um efervescência inebriante que parece única nesse lugar, onde a vida é tênue e corrida.
No fim da tarde, um vendedor de cabos USB na praça me conta histórias de um tempo em que Imperatriz não tinha tantos hotéis. Os visitantes precisavam se contentar com as poucos dormitórios familiares. “Hoje em dia tem muitos hotéis por aqui pra você se hospedar. Antigamente era menos e só pousadas, hoje o cenário mudou”, afirma.
No Jardim São Luís, a atmosfera é um pouco diferente. O bairro é mais tranquilo, mas não menos acolhedor. Os hotéis daqui oferecem um respiro da movimentação intensa. No fim do dia, cadeiras são colocadas nas calçadas em frente às hospedagens, e os viajantes se sentam para prosear sobre o dia corrido. Há risadas, histórias trocadas, desabafos sobre o trabalho, e até planos para os próximos destinos.
Perto da antiga rodoviária, o cheiro de chambaril temperado com cheiro-verde e cuscuz de milho chama a atenção. No restaurante de Liziane, o movimento não para. Caminhoneiros, feirantes e passageiros de vans e ônibus que circulam pela região lotam as mesas. “Aqui continua movimentado porque continua circulando as vans, mesmo a rodoviária tendo mudado”, explica Dona Liziane, enquanto serve um prato a um cliente.
À noite, a cidade se veste com luzes. Os restaurantes se enchem, os bares ganham vida. Um dos pontos mais movimentados fica na rua Tamandaré, conhecido por reunir pessoas que circulam por Imperatriz. O ambiente animado, as mesas sempre cheias e as boas canções das máquinas musicais criam um cenário ideal para encontrar velhos conhecidos ou simplesmente relaxar depois de um dia intenso.
A rede hoteleira desses bairros não é apenas um conjunto de prédios e quartos numerados. São histórias em trânsito, encontros efêmeros, despedidas silenciosas. Amanhã, outros chegarão, outros partirão. E Imperatriz, com sua alma de cidade grande, continua a pulsar, acolhendo quem passa por aqui.
Esta matéria faz parte do projeto da disciplina de Redação Jornalística do curso de Jornalismo da UFMA de Imperatriz, chamado “Meu canto também tem histórias”. Os alunos e alunas foram incentivados a procurar ideias para matérias jornalísticas em seus próprios bairros, em Imperatriz, ou cidades de origem. Essa é a primeira publicação oficial e individual de todas, todos e todes.
