Em entrevista, Aila Sousa explica críticas recebidas após comentários sobre Imperatriz

Por; Daiane Yeshua

A jovem detalhou as razões por trás das críticas que recebeu após expressar opiniões sobre a cidade.

Durante a Expoimp em Imperatriz, A influencer Aila Sousa Costa gravou um vídeo onde expressou suas críticas à cidade. Em uma de suas falas, a jovem destacou que Imperatriz é predominantemente uma cidade do agro, o que se reflete até mesmo no modo de vestir das pessoas.

  “Pra mim Imperatriz é bem ruim assim, e eu vou explicar nesse vídeo o porquê ela é tão ruim. Primeiramente, Imperatriz é a cidade do Agro, né, a cidade do agronegócio. É uma cidade muito de monopólios, de grandes empresários, e valoriza muito a exploração animal.” Expressou Aila.

 Essas declarações geraram muitos comentários negativos entre os moradores. Em entrevista ao Imperatriz Notícias, Aila explicou que a cidade, influenciada pelo “agro way of life” (estilo de vida rural), carece de um sentimento cultural mais profundo.

ENTREVISTA

1. Você pode compartilhar um pouco sobre sua infância em Imperatriz e como foi a transição para São Luís aos seis anos de idade?

A primeira infância é um momento de poucas memórias, né…, mas tenho muitas lembranças com os meus avós e na antiga casa que morei. Mudanças são sempre assustadoras, ainda mais a primeira, mas não demorou muito pra eu me adaptar em São Luís e não querer mais voltar.   

2. Recentemente, você expressou algumas opiniões sobre Imperatriz que geraram reações fortes. Pode nos contar mais sobre o que motivou essas opiniões?

Não existiu um motivo pra essas opiniões. São opiniões que carrego ao longo dos anos e sempre compartilhei com os amigos, conhecidos… E sempre foi unanimidade. Percepções de uma sociedade que fica mais fácil ainda de ter quando você sai.

   3. Você mencionou ser contra o tipo de esporte que maltrata os animais, como visto na Expoimp. Pode nos explicar mais detalhadamente suas preocupações e sugestões para eventos mais éticos?

Eu fui vegetariana por quase 7 anos, sou uma defensora da causa animal mesmo. Esportes como vaquejada, rodeio, cavalgada, e outros muito comuns na região, exigem exploração animal pro entretenimento do ser humano. Agora, sobre sugestões mais éticas… acho um pouco raso opinar porque isso depende muito dos costumes locais, de muito dinheiro e toda a economia de uma cidade envolvidos. Então não acho justo eu vir aqui e sugerir que toda uma cidade mude sua forma de se expressar culturalmente, sem ao menos ter estudado sobre como isso se implantaria… deixo essa missão pros pré-candidatos a vereadores da região, rs.

4. Você comentou sobre a cultura local e as vestimentas das pessoas em Imperatriz. Pode esclarecer suas observações e o que acredita que poderia ser feito para valorizar mais a diversidade cultural e de estilo?

Bom, cultura além do “agro way of life” acho difícil encontrarmos enraizada na população local. Sinto falta de um sentimento de pertencimento, que se permeia nas pessoas de um mesmo lugar através de contos, lendas, preservações históricas… Imperatriz, além de ser extremamente nova, parece não ter sido cuidada com zelo pra que se mantivessem vivos esses pilares culturais da história de um povo, e isso interfere 100% na maneira que as pessoas se portam e se vestem, completamente influenciadas pelo senso comum, sem nenhuma raiz mais profunda que possa amparar algumas expressões mais autênticas de sua personalidade.

   5. Como você tem lidado com as críticas e ataques que recebeu após compartilhar suas opiniões sobre Imperatriz? Gostaria de usar este espaço para se defender e esclarecer algum ponto específico?

De primeira é sempre um choque. Ainda mais quando supostos representantes da oposição e de pautas progressistas se colocam no lugar de ataque contra a tua pessoa por uma simples expressão de opinião. As pessoas de Imperatriz estão tão acostumadas com um tratamento de autoritarismo constante, onde você não pode achar e muito menos dizer nada a não ser que você “seja alguém”, que se perdeu o senso crítico base da construção de uma opinião pessoal. Passei quase 6 anos de um início de vida adulta na cidade e foi suficiente pra que eu percebesse como seria fácil me perder nesse meio, como quase me perdi. Hoje, aos 24 anos e vivendo a vida que eu busquei viver, consigo enxergar com mais clareza o porquê de as pessoas agirem como agem. A influência quase que coronelística, até feudal, que paira Imperatriz e dita como as pessoas vivem e se portam, facilmente cega os sonhos, achismos e censura as vozes de quem ainda se mantém por aqui. É uma pena.

6. Quais são seus planos para o futuro em relação ao seu ativismo pelos direitos dos animais e outras causas que você apoia?

Eu não me enxergo como ativista dos direitos animais, até porque tentei viver a causa do vegetarianismo e não consegui manter. O que faço é compartilhar um pouco do que aprendi durante esses anos e tento não colaborar com os eventos que promovem todo e qualquer tipo de exploração animal. Quanto as outras causas que apoio, como a luta contra o machismo, por exemplo, me sinto cada vez mais madura, dona da minha própria história e capaz de compartilhar dela com sabedoria e apoio às outras mulheres que passam, passaram e vão passar pelo que já passei. Então, pretendo manter minha voz ativa e minha disposição de sempre buscar fazer a diferença.

7. Que mensagem você gostaria de deixar para as pessoas de Imperatriz, tanto para aquelas que concordam quanto para as que discordam das suas opiniões?

Deus me livre de gente concordando comigo o tempo todo. Eu sou um ser humano mutável, em constante evolução e viciada em aprender coisas novas, sair das caixas que nos colocam. Aprendi muito nos últimos dias com muita gente respeitosa, que concordando ou não comigo, souberam manter diálogos construtivos e eu sou muito grata por isso. Acho que o único recado que quero deixar para as pessoas de Imperatriz é que se mantenham atentas, pra que não caiam no senso comum, na influência autoritária e conservadora que paira o pensamento comum da região. Amem a cidade de vocês, mas não como cegos apaixonados, e sim como familiares preocupados, que buscam zelar e evoluir junto com o meio em que convivem.

Aila Sousa Costa