Um sonho lento e ainda difícil: as dificuldades que a duplicação da BR-010 apresenta em Imperatriz
Um dos principais pontos de desenvolvimento que elevou Imperatriz a entroncamento comercial foi a chegada da BR-010. Por causa disso, o que hoje é a segunda cidade mais importante do estado, recebeu um alto número de habitantes, empresários, até mesmo a presença do poder público aumentou e deu uma nova interface política e social para a Princesinha do Tocantins.
A rodovia federal, a principal forma de escoamento da economia gerada na cidade, têm recebido novas obras de ampliação no perímetro urbano. A via contava com apenas 4,26 km com as marginais esquerda e direita (iniciando na Av. Bernardo Sayão e terminando no Portal da Amazônia) e com 580 metros apenas com a marginal direita, também iniciando na Av. Bernardo Sayão e finalizando no cruzamento da Avenida Jacob.
O que é para ser um sonho e gerar a expectativa de bons resultados, até o momento tem ficado apenas na imaginação dos condutores que precisam usar a via para acessar outros bairros de Imperatriz ou ir para cidades vizinhas. Isso porque a lentidão das obras, iniciadas em 2018 e organizada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), entregou apenas 9 km de marginais, que já estão liberadas na Travessia Urbana de Imperatriz. O projeto é que a BR receba novas vias adjacentes até a entrada de Davinópolis.
Deputados e Senadores da bancada Maranhense se mobilizam, liberando emendas parlamentares que ajudam o financiamento do empreendimento, onde o Governo Federal apenas licita e determina a execução das obras, por meio do DNIT. Os primeiros valores foram articulados com a liderança do deputado Hildo Rocha (MDB) e do senador Roberto Rocha (PTB).
A lentidão no processo de terraplanagem e pavimentação dos trechos, além de deixar a única pista disponível, a central, mais movimentada e lenta, provoca transtornos com os materiais da obra alocados em local impropício e os trabalhos dificultam a trafegabilidade com a nuvem de poeira que dificulta a visão dos pilotos no trecho logo após o Portal de saída da cidade.
Quem tem um negócio às margens da rodovia, sofre pelo tráfego e espera por melhorias, como o empreendedor Ernani Magno, que possui uma empresa no bairro Vale do Sol:
“Eu já presenciei vários acidentes. Como o trânsito é lento, alguns motoristas e motociclistas se arriscam em ultrapassagens perigosas e trafegam pelo acostamento. A grande maioria dos acidentes causa congestionamentos e torna ainda mais difícil o acesso à empresa. Os nossos colaboradores e clientes que perdem muito tempo no trânsito até chegarem a empresa.”, diz o empresário.
Recentemente, o novo Ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, veio a Imperatriz, acompanhado de comitiva com deputados e da equipe da pasta e do DNIT para entregar mais 9 km das obras de travessia urbana. Enquanto isso, a pista central, estava interditada para receber reparos, e até o momento da inauguração, as marginais não haviam recebido sinalização vertical, muito menos iluminação pública, serviços de responsabilidade da Prefeitura, ainda que seja uma obra do Poder Executivo Federal.
A Secretaria de Trânsito da Prefeitura de Imperatriz afirma que as primeiras liberações dos trechos duplicados, as obras tem recebido melhorias de sinalização constante, como parte de um cronograma que contempla as principais vias e que a BR-010 recebem as equipes da Setran, conforme as autorizações que o DNIT tem expedido para a pasta, e que mantêm contato frequente com a equipe da empresa responsável e do órgão federal.
Um dos engenheiros responsáveis pela obra, Josimar Morais coloca que uma das grandes dificuldades é o financiamento da obra, que prejudica o andamento dos trabalhos, deixando mais difícil a aquisição de materiais e contratação de mão-de-obra.
“A obra está aproximadamente em 30% de avanço físico. Sobre os atrasos as causas que eu poderia ditar a principal delas é recurso financeiro. A obra de duplicação travessia Urbana de Imperatriz é uma obra do Governo Federal em 2014, passou já por três governos e nunca veio o recurso para a totalidade da obra. Nesses 7 anos com a obra praticamente a metade [do tempo] a gente ficou sem recursos.
Josimar, que faz parte da equipe de 6 engenheiros responsáveis. 3 da construtora responsável, a Edeconsil, 2 de uma companhia supervisora (Prosul Projetos e Supervisão LTDA.), e o engenheiro-chefe do DNIT, comenta que as obras não interrompem o trânsito, até mesmo na execução de etapas importantes, como o viaduto na região do bairro Vale do Sol e outro no Parque de Exposições Lourenço Vieira da Silva, não exigem a interdição das vias e continuam liberadas para os condutores.
Retrospectiva – Ainda não há previsões para esse feito, mas o plano é que seja duplicado o trecho entre Imperatriz e Açailândia. As obras que iniciaram em 2014, e passado por três gestões presidenciais (Dilma, Temer e Bolsonaro) têm acumulado mais do que reclamações e insatisfação com o trânsito. Dentro do projeto, inclui a construção de 7 viadutos e mais de 14 km de extensão.
Na entrega do primeiro trecho duplicado, em 2021, o então Ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, acompanhado do Presidente Jair Bolsonaro, reconheceu a lentidão das obras feitas pela empresa privada e anunciou o início de processo administrativo que coloca o Exército Brasileiro como executor das obras de duplicação. Até o momento, isso não se concretizou. Em 2020, Tarcísio assinou ordem de serviço para a duplicação até Davinópolis, por meio de indicação da bancada parlamentar do Maranhão.
Marcelo Sampaio, em evento realizado em 20 de junho, em que liberou mais 9km da duplicação, afirmou que quer acelerar a obra, concluir a primeira etapa, e iniciar a construção para os próximos municípios vizinhos a Imperatriz.