Jovens vendem paçoca nas ruas de Imperatriz para pagar a faculdade

Grupo de amigos se reuniu para empreender e conseguir custear os estudos

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 32,9% dos jovens maranhenses entre 15 e 29 anos não trabalham e nem estudam. Em contrapartida, existem jovens como os amigos Maicon Pacheco, Samuel Souza e Danilo Akihiro que decidiram começar um trabalho autônomo, vendendo paçocas na rua para arrecadar fundos e realizar o sonho de entrar na faculdade.

Em março de 2019, Pacheco começou a vender paçocas no Calçadão e na porta de um supermercado no centro de Imperatriz. Foi durante as vendas que ele conheceu Souza e Akihiro e, ao perceberem o objetivo em comum, decidiram se unir e criar um movimento chamado “Quero Fazer Faculdade”. Todas as quintas-feiras, os três se encontravam em um shopping para definir as estratégias e os produtos que venderiam, decidindo por água, paçoca e brigadeiro.

Jovens empreendedores
Maicon Pacheco abriu mão do emprego formal para empreender nas ruas

Porém, ainda que estejam empenhados no propósito, a realidade é complicada. “Não é fácil estar aqui em pé, ouvindo piadinha. Tem pessoa que duvida e pergunta ‘será se vocês não vão usar esse dinheiro para comprar droga?'”, conta Pacheco. Por isso que, para gerar credibilidade, o grupo de amigos decidiu criar um perfil numa rede social. “O ‘Instagram’ só foi criado por um motivo. Quando a pessoa pergunta a gente diz ‘esse perfil aqui vai ser a prova de quando a gente estiver formado, todas as fotos estarão lá’. E aí pedimos para a pessoa seguir”, explica Souza.

O marketing como aliado

Além do perfil no Instagram, os rapazes, que utilizam plaquinhas e camisetas com o nome do movimento, estudam técnicas de marketing para aumentar as vendas. “Isso aqui chama copywriter, que é usar uma frase persuasiva para incentivar a pessoa a comprar a causa. Se eu tivesse só com o pote de paçoca, as pessoas não iam comprar. Mas, quando veem a placa, pensam ‘, o cara quer estudar, vamos ajudar'”, afirma Pacheco.

Trabalho autônomo
Com estratégias de marketing, o grupo se destaca nas vendas

A iniciativa deu tão certo que eles decidiram criar um grupo no Whatsapp para ajudar outros jovens que também vendem nas ruas para investir na faculdade. “A gente pega os vendedores na rua e coloca no grupo para dar um incentivo quando está cabisbaixo e ajudar a não desanimar”, explica Pacheco. Atualmente, o grupo no aplicativo de mensagens já conta com cerca de 20 pessoas.

Expectativas para o futuro

Por mês, as vendas de água, paçoca e brigadeiro somam entre 2500 e 3000 reais para cada um. Apesar de agirem como um grupo, os lucros são individuais e cada rapaz investe da sua forma. O vendedor Maicon Pacheco, que é acompanhado pela esposa nas vendas, usa o dinheiro para sustentar a família e guarda uma parte para a faculdade. Já Samuel Souza, tem guardado o que ganha para conseguir pagar todo o curso de Marketing e não precisar trabalhar enquanto estuda.

Dos três, apenas Danilo Akihiro não realiza mais as vendas, isso porque o sucesso deles foi tão grande que ele começou a trabalhar em uma agência de marketing da cidade e ganhou uma bolsa de estudos para cursar a faculdade. Segundo Pacheco, eles planejam se encontrar ao final de tudo para relembrar os feitos. “A gente pretende se reunir de novo, fazer uma confraternização para ver tudo que a gente passou e a realização do que conquistamos”, afirma.

Deseja conhecer um pouco mais da história desses jovens empreendedores? Conheça o perfil deles no Instagram: https://www.instagram.com/querofazerfaculdade/