Duas décadas entre agulhas e linhas

Maria Lina, costureira há mais de 20 anos e moradora de Imperatriz há 34

Por Lara Castro 

Fotos: Lara Castro 

O que era para ter se tornado uma brincadeira entre amigas, hoje é o seu ganha pão, Maria Lina vive a mais de 20 anos sendo costureira. Ela conta que começou a se aperfeiçoar ainda na adolescência, fazendo saias e shorts. “Iniciei nessa vida costurando para as minhas amigas, coisas básicas, depois fui comprando a revista ‘manequim’ e comecei a tirar moldes.”, relata Maria.  

Através de um vestido de formatura que fez para a filha de uma amiga, as clientes apareceram e até hoje vive dessa profissão. Maria diz que aconteceu de forma natural entrar nessa carreira. “Nunca quis ser realmente costureira, porém fui consertando algumas peças, as pessoas gostavam e iam aparecendo clientes. Gostava e gosto do que eu faço hoje, é importante gostar do seu trabalho para não se frustrar lá na frente.”, conta ela 

Por conta da sua rotina familiar hoje, cuidar do marido debilitado, casa, suas costuras diminuíram. Hoje Lina não faz com tanta constância roupas desde do zero, porém faz muitos consertos, que são rápidos e práticos, assim conseguindo conciliar sua vida pessoal e profissão. 

Uma pesquisa feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), mostra que nos setores que trabalham com produção têxtil, vestuário, couro e calçados, empregam cerca de 2,7 milhões de pessoas. 1,96 milhão são mulheres, dentre elas 58% são trabalhadoras informais. 

Agulha que quebra 

Dentre das suas dificuldades está em acompanhar a moda na atualidade, a indústria está cada vez mais rápida em lançar tendências. O fast fashion, conceito que surgiu no final da década de 1990, significa ‘moda rápida’, a renovação constante de roupas para serem comercializadas no varejo da moda. 

Segundo o grupo de defesa global que luta por salário justo e justiça climática no mundo vestuário, a Remake, 80% dos resíduos têxteis são aterrados ou incinerados, enquanto apenas 20% são reutilizados ou reciclados globalmente. “As clientes trazem referências que estão na moda para que eu me baseie, mas sempre dou os meus toques e elas gostam.”, diz Maria.   

Linhas de amor

O amor pela profissão veio a observar sua madrinha que costurava, que é sua inspiração. Maria já fez várias peças de vestuário, como vestidos de noiva, roupas de formatura, para coreografias de igreja. Mas sabe seu limite ao pegar determinadas encomendas. “Não costumo pegar muitas roupas para arrumar, prefiro pegar poucos e sair um trabalho com perfeição, ‘não importa a quantidade, mas a qualidade’.” conta a costureira.” 

Lina conta que gosta do que faz, tem um amor pela costura, e que sua prioridade é a satisfação do cliente em primeiro lugar. “O importante é que as clientes fiquem satisfeitas e felizes, eu fico feliz em ver que deixei outra pessoa feliz pelo trabalho que fiz, isso é gratificante.”, relata ela. 

Maria Lina é apenas mais uma mulher desse mundo que vive de costura, mas que hoje teve a oportunidade de sua história ser contada.