Dan, o comerciante que virou ponto de referência no Bacuri

Entre vendas, histórias e quase três décadas no bairro, ele testemunha a transformação do Bacuri

Por Mateus Farias

Sentado atrás do balcão metálico, revezando entre atender os clientes e conversar com o repórter, Olidan Coelho, 59 anos — o Dan — relembra o passado do Bacuri. Segundo ele, quando chegou, há 27 anos, o bairro era “só buraco, lama e mato”.

A infraestrutura era precária e a violência tomava conta. “Hoje que tá assim, tá bom. Mas [antes] era deserto praticamente”, diz. Assaltos e furtos marcaram o início da trajetória do comerciante no Bacuri — uma história que se confunde com a do próprio bairro.

O Bacuri, localizado na região sul de Imperatriz, entre o Parque Alvorada e o Mercadinho, é um dos bairros mais tradicionais da cidade, conhecido pela feirinha, pelo comércio intenso e pela proximidade com o centro. Segundo Wilton Alves Ferreira, no livro Pelas Ruas e Avenidas da Cidade: A História de Imperatriz, sua ocupação inicial ocorreu sem qualquer infraestrutura urbana, chegando a lembrar uma “favela” em seus primeiros anos.

A mudança no bairro veio com a construção da Estrada do Arroz, que impulsionou o comércio. Em 2002, dados do Sistema de Apoio à Decisão Empresarial (SADE) apontavam o Bacuri como a segunda área com maior concentração de empreendimentos na cidade, atrás apenas do Centro. Hoje, áreas antes tomadas pelo mato abrigam casas, lojas, escritórios e academias — resultado do investimento de moradores que acreditaram no potencial da região, como Dan.

O Comerciante
No Bacuri, quase ninguém o chama de Olidan. É simplesmente “Dan”, nome que virou referência geográfica no bairro: “lá perto do Dan”, “vê se tem no Dan”. Ele deixou Paraibano (MA) em busca de trabalho e chegou a Imperatriz em 1992. Dois anos depois, abriu sua empresa e tentou empreender no Centro, mas sem sucesso. Em 1998, mudou-se para o Bacuri — mais próximo da família e com um terreno próprio — onde consolidou sua trajetória.

Naquela época, pesquisando a concorrência, percebeu que “o bairro precisava de um comerciozinho assim”. Foi um dos primeiros do tipo na área. O tempo consolidou sua presença. A rotina do mercadinho é atravessada por conversas rápidas, favores, piadas e pedidos de indicação, como o cliente que entrou perguntando: “Ei Dan, tu que conhece tudo por aqui, onde é que tem uma casinha barata?”.

Entre uma venda e outra, Dan circula entre o balcão, a maquininha de cartão e a vida dos moradores. Ele mesmo admite: a relação com os clientes “é como se fosse mesmo uma família”. A constância das visitas e a informalidade do convívio criaram laços — e mantêm o comércio vivo.

O Comércio

O ponto atual do supermercado fica na Rua Dom Pedro II, esquina com a Santa Rita, em frente à Raquel Shoes. Dan já mudou de localização algumas vezes — sempre nas mesmas quatro esquinas. Passou por reformas, incêndio e reconstruções. Hoje, está finalmente no terreno próprio. “Agora eu quero ficar aqui o resto da vida”, diz. Seus planos: permanecer no mesmo lugar, mantendo a estabilidade que construiu ao longo de décadas.