Jornalista Norton Rafael retrata o perfil de um ídolo esportivo do Rio Grande do Norte em livro-reportagem

Em Ivan, o Terrível, o potiguar Norton Rafael conta a história de um jogador do time de futebol ABC

Texto: Andréia Liarte

Fotos: Divulgação

Jornalista lamenta que haja poucos livros de investigação sobre esportes

O jornalista potiguar Norton Rafael, 27 anos, considera que a sua experiência adquirida desde a época da graduação em jornalismo na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na TV Universitária e no jornal impresso Novo Jornal, lhe ajudou muito na criação do seu livro-reportagem Ivan, o Terrível, perfil biográfico de um ídolo do time de futebol ABC.  “Toda a minha bagagem foi de impresso desde a graduação, então naturalmente criei minha afeição por escrita. Sendo que eu não me considero um escritor, entende? Eu sou um repórter, um jornalista”.

Na opinião de Norton, é essencial para o jornalista ter vivência de apuração, de reportagem. “Eu passei muito tempo à frente do impresso e a gente tinha que trabalhar muito com apuração, confrontar fontes… Esse período me deu uma bagagem boa para desenvolver texto e também as técnicas de apuração”. Outras vantagens dessa experiência, segundo o jornalista, é saber detectar até que ponto uma história pode ser inventada, “onde tem um fundo de verdade, onde dá para ir um pouco mais”.

Norton não classifica o livro Ivan, o Terrível como uma biografia ampla, por conta do tempo em que ele foi feito. “O trabalho dele todo, durou três meses, eu não acho que dá para você fazer um levantamento muito grande da vida de uma pessoa. A gente decidiu tratá-lo como uma mini biografia, como um grande perfil. Então fica nesse meio termo”.

Perfil biográfico conta a história de ídolo do time de futebol ABC

A maior dificuldade de Norton no processo de apuração foi confrontar certos fatos da vida do jogador Ivan.  “Eu tive muita dificuldade com isso, porque tinha muita informação desencontrada.  Então teve uma hora que eu estava muito complicado com data. O Ivan tinha me falado que em 1995 ele estava no ABC. Aí eu conversei com uma pessoa que estava em 95 no ABC e ele falou ‘Não, ele só chegou em 96’. E eu ficava: ‘Onde é que ele estava em 95?”’.

Leitores

O jornalista diz que o perfil dos leitores do livro é composto por torcedores. Ele também reforça a necessidade de a leitura se tornar acessível para todas as classes sociais. ‘’A gente foi em alguns jogos do ABC e muitos torcedores compravam o livro. Então acho que muita gente que nunca leu na vida estava comprando o livro, adquirindo um conteúdo”. Norton pondera que o livro é muito elitizado no Brasil. “Quem lê, naturalmente é alguém que ou tem algum histórico de leitura, ou foi estimulado na infância. O povão, a massa, não lê. O cara vai preferir tomar uma cerveja e comer um churrasquinho a comprar um livro’’.

Para o autor, há ainda uma deficiência enorme no campo da literatura esportiva no Brasil. “Acho que, apesar de ser o país do futebol, com mais títulos em Copa do Mundo, a gente não tem uma literatura específica que inclua o futebol dentro de aspectos sociais, culturais, políticos no Brasil. Geralmente, quando se tem um livro de esporte, é a biografia de algum personagem do esporte, de um atleta consagrado, piloto de Fórmula 1, algum esportista já famoso. A gente tem poucos livros de investigação sobre esporte. Apesar de ter muito torcedor de clube, a gente não tem um clube de leitor esportivo’’, lamenta o jornalista.

A entrevista original com o jornalista foi feita no contexto da pesquisa Jornalistas escritores de livros-reportagem no Nordeste, desenvolvida pelo Grupo de Pesquisa Jornalismo de Fôlego, do curso de Jornalismo da UFMA de Imperatriz, pela estudante e pesquisadora Gislei Nayra Soares Moura.