Por: Elizangela Almeida
De acordo a presidente da Comissão de Heteroidentificação Racial da UFMA, Vanda Pantoja, os critérios de avaliação são baseados nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com o objetivo de identificar corretamente a população negra, composta por pessoas pretas e pardas. “Isso significa que tanto os candidatos pretos quanto pardos são avaliados pelos mesmo critérios, levando em conta características fenotípicas como cor da pele, cabelo, entre outros processos avaliados no momento da heteroidentificação que pode acontecer tanto de forma presencial como virtual.
A presidente destacou os desafios enfrentados nas parcerias com outras instituições. Ela explicou que a participação de pessoas externas no processo de avaliação é limitada. “O Sistema da universidade exige um login específico para servidores, o que impede o acesso de avaliadores externos”, afirmou. Esse sistema rígido dificulta o trabalho em rede, essencial para envolver coletivos sociais e movimentos de mulheres negras no processo de heteroidentificação.
A Eficiência das Cotas: Conquistas e Limitações
A professora falou sobre a eficiência das cotas raciais para promover a igualdade dentro da universidade. Para ela, embora as cotas sejam uma medida importante, elas ainda não são suficientes. A falta de acompanhamento adequado dos estudantes que entram através do sistema de cotas é uma das principais falhas, já que a UFMA não realiza um monitoramento contínuo do percurso acadêmico desses alunos. “Sem dados precisos sobre a permanência e do desempenho dos estudantes cotistas, é difícil avaliar a real eficácia das políticas afirmativas”.
Desafios no Acesso à Informação e Suporte para Candidatos
Outro ponto crucial abordado pela presidente foi a dificuldade enfrentada por muitos candidatos de se adequarem às exigências do processo seletivo. Muitos estudantes, especialmente aqueles oriundos de áreas periféricas e com pouco acesso à tecnologia, têm dificuldades para acessar os editais e preencher a documentação necessária. “A falta de acesso à internet de qualidade e a de apoio para a orientação desses candidatos dificultam a inclusão plena, fazendo com que alguns desistam do processo ou não tenham suas inscrições aceitas por falhas simples, como a não assinatura de um documento”, explana a presidente.
Para aprimorar o sistema de cotas, Vanda defende a criação de uma estrutura interna mais organizada pela UFMA, que possibilite o acompanhamento contínuo dos alunos cotistas, desde a entrada até a conclusão do curso. Ela sugere ainda a criação de um sistema de suporte técnico para ajudar os candidatos no preenchimento de documentos e na resolução de problemas no envio da documentação.
Embora a política de cotas seja positiva, ela acredita que é essencial contextualizar as ações afirmativas de acordo com a realidade local, principalmente em cidades menores e com menos acesso à internet. Enquanto as políticas afirmativas são fundamentas para o acesso ao Ensino Superior, a implementação eficaz depende de ajustes, mais apoio técnico e de uma estrutura de acompanhamento que permita medir a verdadeira eficácia das cotas racial.