Conheça um pouco da história de Lindoval, o Pezinho de Ouro, ídolo da torcida do Cavalo de Aço

Reporter: Rennan Santana

Foto: Instagram @imperaytriz.oficial

Lindoval Silvino da Rocha, também chamado de o “Pezinho de Ouro” pela torcida do Cavalo de Aço, clube no qual é tido como um dos maiores ídolos. Natural de Governador Acher, município localizado a pouco mais de 450 quilômetros de Imperatriz, porém Lindoval se considera um legítimo imperatrizense, pois veio morar na cidade quando ainda era criança, aos 8 anos, nunca mais foi embora e construiu uma bela história atuando pela equipe do Cavalo. 

Sua carreira como jogador de futebol inclui passagens por outros times como Sampaio Correia, Botafogo-PB, CSA, Sergipe, Coruripe e Araguaína. Mas sua história foi construída mesmo no Mais Querido, onde ao todo possui três passagens, sendo a mais longa delas de 2005 a 2009, além de 2001 e 2013. Lindoval é até hoje o maior artilheiro do clube, possuindo um título de campeão maranhense, o primeiro da história do Cavalo de Aço, conquistado em 2005 com Lindoval sendo o artilheiro da competição. 

Sua história é marcada também por superação, em 2012 quando atuava pela equipe do Sergipe, após uma das partidas Lindoval teve um problema no coração e precisou ser internado, ficando um ano sem poder jogar futebol. Até que em 2013 foi liberado para voltar a jogar e repatriado para o clube onde fez história, em sua última temporada, após todo o susto que passou Lindoval foi ainda sim o artilheiro do Imperatriz na campanha do vice-campeonato maranhense. 

Toda essa bela história construída por Lindoval pelo Mais Querido rendeu-lhe uma linda e merecida homenagem. Na última quarta-feira, 16 de julho, aniversário de 173 anos da cidade de Imperatriz, Lindoval foi condecorado com a comenda Frei Manoel Procópio, honraria concedida a pessoas que tiveram contribuições significativas para o desenvolvimento da cidade, em diversas áreas como social, econômica, educacional, religiosa, esportiva ou cultural. Ficou interessado em conhecer um pouco mais a fundo a história desse ícone do povo imperatrizense, leia a entrevista completa a seguir.

A vida tem momentos bons e ruins. Isso faz parte do nosso dia a dia. Mas ninguém quer partir tão cedo. A vida é boa, a vida é maravilhosa

Imperatriz Notícias: Qual o momento mais marcante você considera da sua trajetória no cavalo de aço?

Lindoval Silvino da Rocha: O mais marcante foi o título de 2005, o primeiro título para a cidade, foi um momento histórico. Então, isso aí ficou marcado para a minha vida e a vida de quem foi campeão pela primeira vez. Time do interior, ser campeão em cima do Moto Clube, que era o maior rival nosso aqui, fizemos o primeiro turno um pouco abaixo, mas no segundo turno a gente conversou, ajeitou o time, veio um treinador novo e, graças a Deus, fomos campeões. Então, isso aí ficou marcado para o resto da vida, o primeiro título é inesquecível, né? Que nem todo mundo fala: ‘Somos tricampeões, mas o primeiro foi especial’. E chegar aqui na cidade, com o título na mão, ser recebido pelo torcedor, ali frente em frente o 50 BIS, andar a cidade toda no carro de bombeiro. Então esse momento foi marcante, que agora em 10 de julho fez 20 anos do nosso primeiro título.

IN: Em 2012 quando você estava no Sergipe você teve um problema no coração? Poderia falar um pouco sobre esse momento delicado, como foi?

Lindoval: Foi após um jogo, que lá também é quente, quatro horas da tarde, quando acabou o jogo eu perdi um quilo e 200 gramas. A gente foi para a concentração para a jantar, depois de um grande jogo. Aí eu me comecei a me sentir mal, aquela dor no peito, aquela falta de ar. Aí o jogador lá do quarto, ligou para o diretor e foi lá ver o que eu tinha, me levaram para o hospital, fiquei três dias entubado, dei seis paradas cardíacas. Eu nunca tive problema, pra você ver como são as coisas, não bebo, nunca fumei, atleta, mas aconteceu esse problema. Fiquei um mês de recuperação lá no hospital. A gente ficou naquela sensação, aqui (Imperatriz) me deram como morto. Fiquei um ano parado, aí recuperei lá, não deu nada, cheguei aqui em Imperatriz, fiz outra bateria de exames com Dr. Benner Camacho, ele me liberou para jogar, foi quando eu joguei o último ano em 2013 pelo Cavalo de Aço, onde eu fui o artilheiro do time e fomos vice-campeões.

IN: Qual foi o sentimento que você teve? Ficou com medo do pior? 

Lindoval: Fiquei com medo, ninguém quer morrer né? (risos). A vida tem momentos bons e ruins. Isso faz parte do nosso dia a dia. Mas ninguém quer partir tão cedo. A vida é boa, a vida é maravilhosa. Você poder acordar todos os dias para o seu trabalho, ver a sua família, seus amigos. Isso aí é coisa divina. Então, no momento difícil a gente ficou preocupado. Ficava com medo de dormir e não acordar. Mas faz parte. Eu, os médicos, as cozinheiras que eram todas minhas amigas, sempre lá comigo, me dando apoio, palavras, a gente sempre lendo a Bíblia, pregando a palavra de Deus. E estou aqui contando história, graças a Deus. 

IN: E, mesmo assim, depois disso tudo, ficou um ano sem jogar, parado, sem treinar. Voltou e ainda conseguiu ser o artilheiro do time. Foi uma superação né? 

Lindoval: Verdade, é uma superação. O pessoal não queria mais que eu jogasse, mas o Dr. Benner me garantiu: ‘Não Lindoval, pode voltar’. Eu voltei, comecei a treinar e fomos para o campeonato. Eu fui artilheiro do time com 14 gols. Então, realmente foi uma superação. Infelizmente, perdemos na final por detalhes. Era para termos sido campeões, que seria mais glorioso ainda, pelo problema que eu tive, ser campeão ia ficar mais marcado ainda. Mas é coisa do futebol, quando Deus quer é assim. Fiquei mais feliz mesmo por poder voltar a treinar, a jogar futebol e dar alegria ao meu torcedor, dar alegria aos meus amigos, à família. Então, isso foi muito importante. Aí encerrei a carreira em 2014. Eu não ganhei dinheiro no futebol, mas o que eu ganhei de reconhecimento, de amizade, de carinho, não tem noção. Aqui aonde eu chego, graças a Deus, sou muito bem recebido, sou muito bem acolhido, respeitado. Isso aí não tem dinheiro no mundo, não tem preço. Então, na minha vida eu sou um cara realizado, graças a Deus.

IN: É verdade que você foi barrado de entrar no estádio para assistir o jogo da imperatriz? Como foi isso? 

Lindoval: (Risada) É, mas isso já foi resolvido, foi uma falta de comunicação né, o pessoal tá fazendo o trabalho deles lá, eu sempre entro, estava eu e outra pessoa aí não podíamos entrar pois estávamos com ingresso. Eu liguei pra outras pessoas que trabalham lá também. Mas depois de meia hora quando foi resolvido né, a gente entrou. Foi uma falta de comunicação, e aconteceu, já passou, tenho certeza de que não vai acontecer mais e vida que segue. 

IN: Os torcedores ficaram revoltados né? Por você como um dos ídolos do Imperatriz ser barrado de entrar no estádio para assistir ao jogo? 

Lindoval: Foi o assunto mais comentado nas redes sociais esse dia (risos). O torcedor é um cara que é realmente apaixonado pelo clube, sabe da minha história, lá dentro de campo quando a gente entrava vestia a camisa com o coração. Então o torcedor ficou um pouco chateado, mas já foi resolvido, graças a Deus, tá tudo na paz, agora é focar nessa final de temporada e o Cavalo conseguindo o acesso, a gente fica mais feliz ainda.

IN: Na última quarta-feira dia 16 você foi homenageado recebendo a comenda frei Manoel Procópio. Fala um pouquinho sobre esse momento, qual o sentimento de receber esse reconhecimento?

Lindoval: O sentimento é de gratidão, pelo reconhecimento por tudo que eu fiz no futebol, tudo que eu fiz pela cidade de Imperatriz. Não só eu, como outras pessoas que também estavam lá. Eu fiquei muito feliz mesmo. Não só eu, como minha família, meus amigos. Eu postei no Instagram, nas redes sociais, todo mundo me parabenizando. É que nem eu sempre falei, até na minha fala lá: ‘Que reconhecimento, não tem preço’. Me emocionei lá no momento. Agradeço a Deus pela oportunidade de receber essa linda homenagem. Que é uma das maiores da cidade fiquei sabendo. Me senti grandão (risada) no meio dos cara lá. Nunca imaginava um dia no aniversário da cidade de 173 anos ser homenageado daquela forma. Então foi muito lindo, muito gratificante, emocionante e a palavra é gratidão.

IN: O que você está achando do atual momento do Imperatriz. Sabemos que o clube passou por momentos ruins, rebaixado para segunda divisão do maranhense. Agora voltou foi vice-campeão esse ano e está indo bem no campeonato brasileiro serie D. Quais suas expectativas?

Lindoval: O cavalo estava num patamar bem acima, ai caiu para a série B do maranhense, para serie D do Brasileiro. Deixamos de participar dos campeonatos nacionais. Ficamos triste como torcedor, como ex-atleta, né? Porque a gente ama esse clube. E eu tenho certeza que não só eu, como todo mundo ficou triste. Mas tudo é passageiro, graças a Deus, o novo presidente do time montou uma diretoria muito boa, conseguiu subir o time para a primeira divisão do maranhense, esse ano já fomos para a final, infelizmente perdemos o título, para o Maranhão mais uma vez, sempre é um carrasco pra nós. Mas o time está bem. Conseguiu calendário para o ano que vem todinho. Isso foi muito importante e estamos bem no Brasileiro, somos vice-líder, já classificado para o mata-mata, momento muito bom e a expectativa é que a gente consiga o acesso, nada impossível, a gente tem um time bom, conseguimos trazer o Railan que é um cara também que eu tenho maior admiração e a diretoria está trabalhando bem e a gente a expectativa é que a gente possa subir esse ano para a Série C.

IN: Qual o sentimento de ser ídolo do cavalo de aço? As pessoas o reconhecem bastante na rua, como é a relação dos torcedores do Imperatriz com você, se sente mesmo querido?

Lindoval: É uma relação de muito amor, eu não esperava, comecei a fazer meus golzinhos, como eu sou prata da casa, comecei a cair na graça da torcida. E esse reconhecimento, esse carinho, é verdadeiro. Eles sabem da minha dedicação quando entrava em campo, eu fazia de tudo para dar alegria para eles. Com minhas jogadas, com meus gols, com dedicação nos treinos, com disciplina, com amor. Então realmente, esse carinho do torcedor com o Lindoval Pezinho de Ouro é para sempre, é verdadeiro. Eu sinto isso no dia a dia. Aonde eu chego, no meu trabalho, no comércio, nos campos de futebol, no shopping, no supermercado, sempre tem alguém: ‘Lindoval, eu só ia para te ver jogar, muito obrigado por tudo que você fez pelo Cavalo de Aço’. Fico até arrepiado, cê tá vendo, né? Então, a gente sente que é verdade. As crianças, vem tirar foto comigo. Então é desse jeito, esse carinho, esse reconhecimento realmente são verdadeiros. Eu sinto isso no dia a dia na rua e só tenho a agradecer mesmo.