Comerciantes e clientes da Beira-Rio relatam impactos do auge da Covid-19

Texto e fotos: Eduarda Viana

A Beira-Rio é um dos maiores pontos de encontro de Imperatriz-MA. Vários grupos se reúnem para passear, tirar fotos, brincar ou comer nas famosas barraquinhas. Durante a pandemia da Covid-19, os comerciantes locais sofreram bastante com o fechamento de vários estabelecimentos e a redução de clientes.

“Foi difícil, bastante surrado”, comenta a comerciante Rosilda Soares Mesquita, 54 anos sobre o período de queda das vendas por conta do isolamento social.  Ela mantém uma barraca de brinquedos desde 2005, junto do seu marido. O estabelecimento também oferece balões de personagens variados, como Homem-Aranha ou a Peppa. O casal também vende perfumes para ajudar na renda da casa,  mas as atrações para as crianças é que garantem o principal faturamento.

Barraca de brinquedos existe desde 2005 na Beira-Rio

Elenice Silva Batista, 59 anos, dona de uma barraca de guaraná e acarajé desde 2004, relatou que sempre enfrentou dificuldades, independente da Covid-19. Ela esteve doente e sem uma fonte de renda, mas a necessidade foi a grande motivação para começar. Então pegou dinheiro emprestado com alguns amigos e montou seu negócio.

No período de pandemia foi complicado, Elenice teve que fechar sua barraquinha, sua única fonte de renda, mas não teve outro jeito. Com a Covid-19 o aumento de preços foi inevitável. “Todos os dias as coisas aumentavam, já estava quase que normal”, declara. Elenice afirma que não queria, mas teve que fazer reajustes nos preços, mesmo com a reclamação dos clientes.

Elenice Batista mantém barraca de guaraná e acarajé desde 2004

Elenice acredita que os seus diferenciais em relação à concorrência  são o atendimento e o sabor. “Mesmo que você tenha uma coisa boa, se você tem um mau atendimento as pessoas não encostam não”, pontuou.

Opções de bares

Marcus Vinicius, que frequenta bastante o Meeting, famoso bar de rock, localizado em uma das ladeiras que dá acesso à Beira-Rio, comenta que a música, o ambiente e o atendimento são o que mais lhe agradam no local. Mesmo achando que o banheiro precisa ter mais material de higiene, o bar continua sendo seu lugar favorito para sair. “Pra mim, deveriam ter mais bares de rock”, comenta.

A frequência com que Marcus Vinícius saía antes e depois da pandemia continua a mesma, como ele alega. Assim como seu gasto, que gira em torno de R$ 100 a R$ 200. Para ele a Covid-19 não afetou tanto sua diversão no  bar com seus amigos.

Seu amigo Orleans Silva concorda com alguns pontos. Mas diz que o piso do local deveria ser trocado, por estar gasto e meio liso. Os dois frequentam muito o lugar, então já se acostumaram com o som de rock bem alto tocando ao fundo.

“Quem não gosta de comer aquele dogão considerado depois de beber todas no bar?”, diz Orleans sobre as comidas das barracas. Acrescentou também que o preço é bastante razoável considerando a situação que o Brasil se encontra após a pandemia.

Já Fabyola Veloso prefere lugares como Dell Lagoa, que tocam músicas variadas desde o funk ao sertanejo e onde todo mundo dança. “Vou tanto lá que já fiz amizade com os garçons”, relatou. Ela disse que gosta bastante do ambiente, mas que os preços poderiam “dar uma diminuída”.

Fabyola também comentou sobre o assassinato de Bruno Calaça, que ocorreu no dia 26 de julho de 2021 dentro do Dell Lagoa. “Às vezes lá dá uma confusão ou outra, mas nunca chegou a esse ponto. Ele saiu pra comemorar e acabou perdendo a vida. Podemos ver como que nunca estamos esperando sair pela última vez”.

Fabyola, que também frequenta outros lugares da Beira-Rio, conta que gosta muito da comida e dos preços. Mesmo com os reajustes, ela disse que entendeu, apesar de ser muito festeira. Às vezes comparece ao local com sua família para passear e ter um momento juntos. “Nunca temos tempo durante a semana, mas sempre que dá nos reunimos aqui para conversar e aproveitar a presença um do outro”.

Após o auge da pandemia Fabyola afirma que suas saídas diminuíram, mas seus gastos aumentaram. Com medo de ainda se contaminar com o vírus, trocou suas saídas dos bares para os programas mais caseiros, como visitar a casa de amigas ou do namorado.

Esta matéria faz parte do projeto “Meu canto também é notícia”, desenvolvido com os estudantes do 1º semestre do curso de Jornalismo da UFMA de Imperatriz (MA). Eles e elas foram estimulados a procurar histórias no entorno onde vivem.