Servidores da limpeza de Amarante relatam desafios da pandemia

Trabalhadores incentivam o isolamento durante a pandemia. Foto: Francisco de Assis

Em Amarante, Covid-19 atingiu 30% dos funcionários da empresa de coleta pública de lixo

Ane Sandes

A limpeza urbana foi um dos serviços considerados essenciais pelos decretos que regulamentam o isolamento durante a pandemia. Em Amarante, no Maranhão, cidade de 41.729 habitantes, a 112 km de Imperatriz, 30% dos funcionários da empresa NK Construções, responsável pela limpeza urbana, contraíram o vírus.

Trabalhadores do setor relatam o medo de continuar as atividades se expondo à contaminação. “No começo foi um choque para todos nós. Porque ninguém tava esperando por uma coisa dessa. E a verdade, é que todo mundo ficou assustado e com medo”, conta Francisco de Assis, 42 anos, encarregado da equipe de garis em Amarante.

Dado o alto risco de contágio, mudanças foram necessárias para manter a segurança dos trabalhadores. A NK Construções possui em média 36 funcionários e optou por alterações no cotidiano de trabalho. Assis explica que com a modificação nos horários e na rotina, outras orientações foram adotadas. “Dobrando o cuidado”, diz. Além de prosseguir com o uso de luvas, máscaras e álcool em gel, é realizada a esterilização diária dos carros coletores e vassouras.

Houve diminuição na carga horária diária, mas os trabalhadores sentem a dificuldade de adaptação às novas regras de segurança no trabalho. “Sobre esse negócio de ter que usar máscara, não foi muito fácil não. Porque às vezes a gente suava demais, ficava com calor que chega molhava. Tinha que usar três ou duas máscaras se tivesse varrendo a rua. Então foi bem difícil”, diz Maria Irene da Conceição, 50 anos, varredora de rua da empresa.

Com a alta propagação do vírus, a empresa estabeleceu que, ao contrair ou apontar suspeitas de contágio da doença, o trabalhador era afastado do cargo de 15 a 23 dias. Agnaldo Alves, de 39 anos, que trabalha como coletor de lixo em um dos carros da coleta, faz parte do grupo de funcionários que foram infectados pelo coronavírus. “Eu cheguei a pegar ele, esse vírus, um tempo atrás. Fiquei assim, com o corpo ruim, febre e dor de cabeça. Passei 15 dias afastado e tudo”, relata Alves.

De acordo com os dados fornecidos pela NK, o isolamento da população também acarretou em um aumento na demanda de lixo gerado na cidade. Antes da pandemia, a média diária de lixo coletado era de sete toneladas. Houve aumento de aproximadamente uma tonelada e a empresa contabilizou a média de oito toneladas de lixo recolhidas por dia.

 

Matéria produzida para a disciplina de Redação Jornalística, semestre 2020.1, com a orientação da profa. Yara Medeiros.