“O Centro de Formação de Condutores prepara o aluno para a vida”: Entrevista com o presidente do Sindicato das autoescolas, Gilmar Gama

Repórter: Nathália Carvalho

Fotos: Nathália Carvalho

Gilmar Gama Silva, 53 anos, tem amor pela classe das autoescolas, sendo 35 anos fazendo parte desse ramo, e presidente há dois anos do SINDCFC (Sindicato Centros de Formação de Condutores do Sul do Maranhão). A ideia de trabalhar nisso começou quando ele foi tirar sua carteira de motorista e lá surgiu a oportunidade de estagiar na autoescola, a partir daí sua vocação foi mantida com muito amor até hoje.

O presidente Gilmar é casado e tem cinco filhos, não é somente ele que atua nessa área, mas também dois de seus filhos, Gil Andreson Barros de 35 anos e Giana Barros de 33 anos. Atualmente, Gil encerrou suas atividades nas autoescolas, mas passou 18 anos trabalhando, e a Giana comanda a autoescola no lugar de seu pai, é instrutora e proprietária na empresa.

Com a Covid-19, os impactos surgiram em muitos setores e áreas, inclusive, nos serviços das autoescolas. Para a obtenção da CNH (Carteira Nacional de Habilitação), exige-se um extenso processo, desde uma avaliação psicológica, exame teórico, até uma prova prática. Os CFC (Centro de Formação de Condutores) sentiram a dificuldade em realizar todas essas fases, principalmente aquelas que exigem a presença física dos alunos.

Na entrevista concedida ao Imperatriz Notícias, Gilmar conta sobre adaptações necessárias que foram inseridas nas autoescolas durante a pandemia, para elas poderem continuar em funcionamento e de acordo com os protocolos sanitários.

Imperatriz Notícia: O que o senhor pensa sobre a formação de condutores?

Gilmar Gama Silva: Sobre a formação de condutores, se o Governo desse mais credibilidade e alternativa para as autoescolas, os instrutores seriam bem mais conduzidos e, se a fiscalização existisse. Não adianta só as autoescolas fazerem a parte delas, se outros não fazem. Mas as autoescolas, que levam as coisas a sério, sobre formar um condutor, os alunos saem com a aprendizagem perfeita, para alcançar o grande objetivo que é diminuir os acidentes de trânsito e ir de acordo com as leis e normas. O curso de formação de condutores prepara o aluno para a vida, para não matar e nem morrer, porque a vida no trânsito é complexa, pois transita como pedestre, ciclista, motociclista, conduz carro grande e pequeno, ele é a fusão de tudo isso. E uma boa formação vai fazer com que esta pessoa se torne um bom cidadão, consciente do trânsito e com esse aprendizado, transforma as informações em ações positivas.

IN: Sobre essa formação de condutor, o senhor faria algo diferente?

GGS: Procuraria aperfeiçoar mais o aprendizado, porque hoje, a gente vive no regime em que obedecemos uma lei muito antiga, não é uma lei que faz com que a preparação se desenvolva mais. Se as autoescolas tivessem autonomias para inovar, seria melhor, e passar isso com mais dinâmica e atual. Infelizmente, o regime é de 1966, trabalhamos em cima disso, não adiantou montar um código de lei de trânsito de 1997, continua a avaliação de 66, tem que haver inovação, para melhor formação do condutor na realidade atual.

IN: Essa melhor preparação do condutor estaria ligada a quantidade de aulas?

GGS: Não, a quantidade de aulas é o menos importante, porque nós sabemos que o ser humano é assim, tem uns com a capacidade de pegar com mais rapidez e outros não, o desenvolvimento depende da dinâmica, tanto de quem vai ensinar, quanto de quem vai aprender. Particularmente, sou um defensor de que não há obrigatoriedade do número de aulas, ou seja, se a pessoa consegue com cinco aulas estar pronto, fica liberado a fazer a prova, mas se não, com cinquenta, essa quantidade varia de aluno para aluno.

IN: Fazer o treino da CNH de fato torna a pessoa motorista?

GGS: O motorista na verdade, aprende a noção de que um condutor deve fazer no dia a dia, ou seja, porque o trânsito é muito melindroso e ocorre a cada momento. Sempre tive que o trânsito é tão importante, pois é uma aprendizagem todos os dias, para os novos e para os antigos motoristas, a cada dia você passa por uma coisa diferente, então, na autoescola, é simplesmente estar preparado para adquirir novas experiências no trânsito, e com isso saber conduzir o veículo.

IN: Quais as mudanças precisaram ser feitas para proteger os alunos, professores e funcionários da contaminação da Covid-19?

GGS: Primeiro passo foi tomar a decisão de não dar aula presencial, seguir o protocolo que a portaria da saúde e do Detran mandaram para as autoescolas, que é fazer o distanciamento, guardar as cadeiras, usar álcool em gel, usar máscara, isso tudo foi implementado para proteger os funcionários, instrutores, diretores e principalmente o público alvo, que são os alunos.

IN: O aluno é prejudicado após o processo de habilitação alcançar um ano?

GGS: Não, não é prejudicado porque agora foi decretado que enquanto houver pandemia validade para o processo ficará suspensa, antes valia um ano e agora está indefinida a data, até passar a pandemia. Após a pandemia, volta valer aquele prazo de um ano, então não tem perda nenhuma para o aluno, a não ser uma perda de tempo, mas financeiro não vai ter no processo.

“Fomos buscar alternativa para os professores darem aula online, continuarem dando aula no carro e na moto, com as devidas precauções. O sindicato tem lutado todos os dias buscando alternativas financeiras, alguns bancos e outras coisas, para alinharem com as nossas empresas filiadas”

IN: Qual a maior preocupação dos sindicatos em relação às empresas?

GGS: O sindicato vem buscando alternativas para que as empresas continuem trabalhando, como atualmente nós fomos buscar essa luta, e conseguimos para as autoescolas não pararem, parou tudo, mas as autoescolas não pararam. Fomos buscar alternativa para os professores darem aula online, continuarem dando aula no carro e na moto, com as devidas precauções. O sindicato tem lutado todos os dias buscando alternativas financeiras, alguns bancos e outras coisas, para alinharem com as nossas empresas filiadas.

IN: Ocorreu de empresas fecharem?

GGS: Ainda não, graças a Deus, não teve este número para fechar. Tivemos alguns contratempos, mas com a flexibilidade tanto do governo estadual, quanto federal, deu a possibilidade para as empresas continuarem trabalhando até 2022. No entanto, se continuar da maneira que está, com certeza algumas empresas fecharão.

IN: O senhor disse que por parte do governo federal e estadual houve uma flexibilização, foi um decreto que saiu?

GGS: Foi uma portaria baixada pelo Detran, por exemplo, as empresas de dois em dois anos elas fazem o recredenciamento, pelo momento atual eles deram quatro anos para renovação do cadastro. Anteriormente você só poderia ter aula presencial, agora há oportunidade para as aulas remotas, em que pudesse fazer o distanciamento, foram essas duas flexibilizações que ocorreram para as empresas continuarem trabalhando e não fecharem as portas.

IN: Aconteceu de instrutores serem demitidos ou não quererem dar aulas?

GGS: A gente passou por alguns instrutores e infelizmente nós tivemos perdas de pessoas que pegaram essa doença (Covid-19), mas graças a Deus, não tivemos uma perda total. Mas os instrutores hoje, muitos estão partindo para outros serviços, porque não estão podendo trabalhar, e não podendo trabalhar estão indo buscar outras alternativas.