Especializado em Atendimento à Saúde, o Creaispi transforma a vida de idosos
Anna Vitória Diógenes
Localizado na avenida São Sebastião, no bairro Vila Nova, o Centro de Referência Especializado em Atendimento Integral à Saúde da Pessoa Idosa (Creaispi) — conhecido como “Casa do Idoso” — foi criado em 2021 com o objetivo de oferecer serviços voltados para a saúde da pessoa idosa. Atualmente, conta com uma equipe multidisciplinar, composta por cerca de 50 profissionais, incluindo cardiologista, psiquiatra, geriatra, psicólogo, psicopedagogo, fisioterapeuta, educador físico e nutricionista.
O atendimento é destinado a pessoas a partir dos 60 anos de idade. Além do cuidado com a saúde física, o espaço também promove o bem-estar emocional e social dos frequentadores. “A gente trabalha com a parte da socialização, do lazer”, afirma a diretora geral, Elma Milhomem.

Entre as atividades desenvolvidas no local, estão rodas de conversa com psicólogos, comemoração de datas festivas, como o Carnaval e a Festa Junina, oficinas de artesanato, apresentações teatrais, exibição de filmes, entre outras ações que estimulam o convívio e a qualidade de vida dos idosos. “Eles são muito queridos, muitas vezes a gente recebe na porta com um acolhimento, e muitos deles falam que nunca tinham recebido um abraço, que tinham dificuldade no toque. E eles falam: ‘Aqui é a minha vida’”, conta Elma.
A professora de artesanato, Stefania Pereira dos Santos, fala com carinho sobre sua relação com os idosos e reforça que busca sempre oferecer o melhor atendimento possível. “A maioria deles vem pra cá em busca de afeto, de um carinho que muitas vezes não têm na família”, pontua. Stefania conta que foi até “adotada como filha” por uma senhora e destaca que mantém uma relação muito próxima e afetuosa com todos os participantes das atividades.

Relatos
Teresa Brandão da Silva, de 76 anos, explica que se cadastrou nesse dia e conta os motivos. “Eu sou sozinha, tenho um neto mais eu, mas neto não conversa nada com a gente. Tenho muitos problemas, de coluna, essas coisas.” Enquanto dialoga, ela me mostra as partes de seu corpo que doem.
“Quero vir pra cá, pra ver se eu me conserto”, ela diz com uma expressão triste, mas logo depois me conta que, mesmo sendo iniciante, já está gostando do lugar. “Em casa só fico pensando besteira”, comenta, com um olhar de esperança, sobre o espírito de acolhida do Centro.
Teresa diz que há muito tempo já queria buscar a integração no Creaispi e define a importância do local. “Se não tivesse esse lugar, os idosos morria mais ligeiro, porque aqui a gente vai se exercitar, brincar, sorrir, é muito bom.” Ela indica, aos que ainda não conhecem, que comecem a frequentar o Centro. “Aqui é muito bom pra pessoa ter saúde, se renovar, tudo”.

Já a participante Maria José, de 74 anos, relata que frequenta o local há mais de três anos. Ela está aqui desde o início do Creaispi e, assim que ficou sabendo da existência do lugar, já se interessou em participar junto de seu esposo. Embora possua plano de saúde, aponta que a maneira como é tratada no Creaispi vai além do bem-estar físico. “Eu tinha minhas carências, né? Meus filhos já estão todos casados.” Maria sentia falta de ter contato com pessoas da mesma faixa etária. “Aqui eu sou muito feliz”, ressalta.
Maria José disse que gosta tanto do ambiente, que costuma frequentá-lo mesmo quando não há atividades. Menciona também o seu carinho com os funcionários de todos os setores, como os da cozinha, limpeza e recepção. “Parece que eles foram feitos pra isso”.
Maria acredita que o lugar é importante, porque abre novas oportunidades de esperança para quem achava que a tinha perdido. Pessoas que estão depressivas acabam procurando o Creaispi e se reencontrando. “Bom seria se tivesse um lugar como esse em todos os bairros.” Ao final da conversa, ela manda um recado para idosos que ainda não conhecem a casa: “Venham pra cá, procurem por nós. Eu digo ‘nós’ porque já me sinto parte da casa”, declara, sorrindo.
Esta matéria faz parte do projeto da disciplina de Redação Jornalística do curso de Jornalismo da UFMA de Imperatriz, desenvolvido em parceria com a disciplina Laboratório de Produção de Texto I (LPT), chamado “Meu canto tem histórias”. Os alunos e alunas foram incentivados a procurar ideias para matérias jornalísticas em seus próprios bairros, em Imperatriz, ou cidades de origem. Essa é a primeira publicação oficial e individual de todas, todos e todes.