Vantagem com V de van: cresce o número de usuários de transporte alternativo

Ponto de vans fica no setor da antiga rodoviária

Texto e foto: André da Silva Sousa

Ultimamente é notável o aumento do número de usuários do transporte alternativo em Imperatriz, segunda maior cidade do estado e referência no empreendedorismo da região. Dentre as mais variadas opções de transportes, as vans e micro-ônibus se popularizaram por oferecer um serviço mais rápido e barato no que se refere a viagens curtas e transporte de encomendas. É o que conta o motorista de van José Carlos Carneiro de 57 anos, que atua no ramo desde 2002: “Comecei na profissão de motorista por necessidade mesmo, tinha três filhos pra criar e ninguém me dava emprego. Aí troquei meu carro numa van e comecei a transportar pessoas de Imperatriz para cidades vizinhas e também levava encomendas.”

José acorda cedo, geralmente às 5 da manhã, mas ele conta que alguns itinerários exigem que a partida se dê de madrugada, entre 3 e 4 da manhã. São os destinos que ficam ao norte do estado ou em estados vizinhos, como o Pará e Tocantins. O serviço atrai o público que tem pressa em chegar ao objetivo, ou aqueles que buscam economizar na viagem, já que a diferença de preço entre o transporte alternativo e o rodoviário pode chegar a R$ 40.

Os profissionais contam com o auxílio do Sintramasul (Sindicato de Transporte Alternativo do Maranhão do Sul), entidade que defende os interesses da classe e trabalha em conjunto com as autoridades de trânsito. No entanto, há também as cooperativas de transporte alternativo, que se apresentam como uma segunda opção para aqueles que não querem estar vinculados a nenhum sindicato.

São exemplos de cooperativas a Cooptasul e a Cooama, que atuam na cidade há mais de 10 anos e que tem em seu plantel mais de 130 motoristas, cada. São muitos os destinos disponíveis: Amarante, Estreito, Grajaú, Araguaína, Parauapebas, Marabá, Colinas, entre outros. O motorista Diel dos Santos Sousa, conhecido como “cantor”, fala das dificuldades de exercer a profissão com excelência: “É complicado, porque a gente tem todo o apoio da cooperativa, mas falta ainda a prefeitura se sensibilizar e perceber que a nossa clientela, hoje, está de igual pra igual com a de quem pega ônibus na rodoviária. E se eles tem um lugar exclusivo de embarque porque que a gente não tem um também?”

Diel se refere ao descaso das autoridades sobre a falta de um lugar apropriado e seguro para o embarque dos passageiros que utilizam as vans. Hoje ele é feito nas proximidades da antiga rodoviária da cidade com os veículos estacionados na rua. Uma sugestão dos motoristas e das coorporativas é a reforma e adaptação do antigo terminal, que está em desuso. Lá funcionam hoje somente alguns restaurantes, uma empresa de transportes de encomendas e uma borracharia. Não há nenhum projeto em análise na prefeitura para que seja feita a realocação das empresas e dos veículos para o terminal, porém o pedido é de conhecimento das autoridades e resta a expectativa dos profissionais por um posicionamento dos gestores o mais breve possível.

Além deste impasse, outra dificuldade citada pelos profissionais é a insegurança das estradas, tanto no que se refere à sua infraestrutura, quanto à integridade física dos passageiros e funcionários. Assaltos e roubos de carga infelizmente se tornaram comuns nas estradas e adotam as vans e micro-ônibus como principais alvos, pois em sua maioria não possuem rastreadores, escoltas e motoristas com treinamento em direção defensiva. As vias também não oferecem as melhores condições de trabalho, sobram buracos, faltam acostamento e sinalização em alguns trechos.

O pior dos concorrentes

Percebe-se que se trata de uma classe unida, que enfrenta algumas dificuldades evidentes que limitam a sua atuação em parte. Há ainda os motoristas autônomos, os que dirigem para empresas privadas, aqueles de transporte escolar ou universitário e os chamados “clandestinos”, que prestam serviços sem vínculo nenhum com sindicatos e coorporativas. Este último é motivo de reclamação certa entre os profissionais da área. Segundo os motoristas de vans, esses condutores não pagam taxas, prestam serviço ruim e são tidos como concorrência desleal no mercado.

A diarista Maria Rosa de Sousa Nunes é usuária do transporte alternativo há sete anos e fala sobre o serviço com propriedade: “É melhor do que usar ônibus, porque é mais barato e a viagem é mais rápida. Tenho família em Grajaú, minha neta nasceu há pouco tempo e todo mês visito ela pelo menos três vezes.” É costumeiro o transporte de cargas leves e entregas de pequenos pacotes a partir do serviço oferecido pelas vans. Além da entrega rápida, a opção é viável a quem deseja evitar a burocracia e fila dos Correios.