Sobre duas rodas: Os mototáxi nas ruas de Imperatriz

Mototáxi continua sendo opção para os usuários

Texto e fotos: Gessica  Cavalcante

Em Imperatriz existem 657 mototaxistas e cerca de 400 substitutos circulando pela cidade durante 24 horas. Um transporte de fácil acesso, que atende cerca de 54 mil pessoas por mês, em uma média de 18 por mototáxi.

Com 22 anos na profissão, Francisco Aragão Viveiros, 48 anos, relembra como tudo começou. Anteriormente trabalhando em uma fábrica de distribuição de gás, ele viu os seus colegas serem trocados por máquinas, sendo assim obrigado a providenciar outro meio de sustento.

“Começou como quase todas as outras profissões, pela necessidade. Eu trabalhava na Paragás, e aí, na década de 90, foi quando os serviços de mão de obra foram ficando para trás. Nós éramos 130 funcionários e com a chegada das máquinas industriais, ficaram somente 30, fazendo o dobro do serviço. Como não tinha saída, iniciamos no serviço de mototáxi, isso quando tinhas 15 a 20 dias que tinha iniciado. Dava para sustentar a família de uma maneira boa. A gente é livre para trabalhar no horário que queremos, e nisso, já estou há 22 anos.”

Conhecido como “Aragão mototáxi”, diz com muito louvor o orgulho que sente de sua profissão. Exercendo-a diariamente, o sustento da família é garantido, e a responsabilidade e comprometimento é o que prevalece em cada dia de serviço.

“Tenho muito orgulho, sempre ganhei o sustento da minha família com muita dedicação e responsabilidade. Agradeço muito por esse serviço, deu para a gente colocar as coisas em dias, graças a Deus”.

Com a Lei 12.009 de 29 de julho de 2009, foi regulamentado o trabalho dos mototaxistas profissionais. Eles precisam ter a idade mínima de 21 anos e dois anos de habilitação na categoria “A”, incluindo também, habilitação em curso especializado e colete de segurança dotado de dispositivos retro-refletivos.

A estudante Karinny Vasconcelos, 21 anos, utiliza o transporte para se locomover para a faculdade. Ela cursa Odontologia no período da manhã, na faculdade Pitágoras, e é moradora do bairro Parque do Buriti. Como o trajeto dura 10 minutos, relata que é mais ágil e o preço mais acessível que os demais meios de locomoção.

“Estou sem transporte em casa, e quase não tenho acesso a ônibus: ou passa cedo ou tarde demais. E para não chegar tarde na faculdade, eu pego um mototáxi e chego bem mais rápido, e só pago R$ 5”, conta Karinny.

Outra usuária do transporte é a dona de casa Marilene Alves, de 45 anos. Tanto para ir ao supermercado ou para fazer um passeio pela cidade, Marilene, na correria do dia a dia, prefere algo mais rápido e fácil de ser encontrado. Com três filhos e uma casa para cuidar, não pode demorar nos afazeres fora de sua residência.

“Eu tenho três filhos né? E quando vou resolver algo na rua, prefiro o mototáxi, que rapidinho a gente chega no destino. E não deixo eles só por muito tempo, toda esquina acha um. Marco exame, compro remédio, compro alguma coisa no supermercado, e isso em um curto período de tempo. Fora que sempre tem um conhecido que é desse meio, fica mais fácil ainda”, relata Marilene.

Ela não troca o transporte por nenhum outro. Em época de compras de materiais escolares, não se importa de transportar em seus braços o peso das compras durante o trajeto. Mesmo havendo outros meios confortáveis, não abre mão de um preço mais acessível.

“Eu moro a cerca de 20 minutos do Calçadão, e pago R$ 7. Acho um preço bom, porque minha residência é bem difícil de chegar. Se caso eu pegasse um táxi, por exemplo, não iria sobrar para comprar um lápis, borracha, caneta a mais. E com o mototáxi sobra até para um sorvetinho”, concluiu, rindo.

O presidente do Sindicato dos Motoqueiros Autônomos da Região Tocantina e também mototáxi, Francisco Alencar de Souza, 51 anos, diz que há dificuldades em relação a horários e concorrências. A falta de segurança também é um obstáculo para aqueles que exercem o trabalho.

“Com a clandestinidade, a falta de um preço justo, e agora com a concorrência do Uber, fica difícil para a gente. E a falta de segurança dificulta nosso trabalho”, reflete Francisco.

A palavra mototáxi foi atribuída no Brasil pela união da palavra moto (redução de “motocicleta”) e da palavra táxi. O objetivo do motociclista é assegurar um serviço pago de transporte de pessoas. Essa opção, segundo alguns estudiosos, já existia na Alemanha desde 1987 e na Bolívia desde 1992.

Desde 2012 não há uma tabela atualizada sobre quanto cobrar para os usuários. Francisco Alencar diz que já foram enviados ofícios ao poder público, mas não foram viabilizados os novos preços. Portanto, os moto-taxistas estabelecem os seus valores.