Consagrado versus autoral: as dificuldades dos músicos de Imperatriz

Músico Anderson Lima acredita que vários estilos musicais convivem na cidade sem maiores conflitos

Texto e foto: Juliana Taís

Casas noturnas, bares, eventos particulares, lei que fecha estabelecimento às duas horas da manhã. Essa é a realidade da noite em Imperatriz, sobretudo de quem vive da música. Por ser uma cidade de passagem, e ter uma cultura ampla e diversa, Imperatriz tem público para tudo, mas continua mantendo seus estilos mais procurados: sertanejo e forró. O cantor Anderson Lima, mais conhecido por tocar rock e MPB, conta que já trabalhou com forró, samba e rock, e em todos estes estilos encontrou um público muito bom na cidade.

Porém, a época em que teve uma melhor remuneração foi quando estava tocando em uma banda de forró. Anderson afirma sobre a predominância do sertanejo e forró, que “sempre houve, mas acho que nunca influenciou de forma negativa as bandas de rock da cidade, cada um tem o seu público”.

O cantor Thiago Santos, da dupla Thiago e Luan, bastante conhecida na cidade, considera o trabalho de ambos hoje bastante respeitado, mas pondera que ainda falta apoio em diversos aspectos. “A bonificação, por mais que seja boa, não é lá essas coisas. As despesas de bandas são bem caras, tudo é caro. Porém, temos um bom nome fora da cidade e em outros estados, neles o cachê já é melhor”.

É importante ressaltar que a cultura regional é de sair tarde, principalmente para bares e casas noturnas, por volta de meia-noite. Já que a lei municipal nº 1.110/2004 proíbe o funcionamento de bares depois de duas horas da manhã, a apresentação dos cantores ficam prejudicadas, fazendo assim com que muitas pessoas nem conheçam seu trabalho, conforme alerta Thiago Santos.

Rendison Santos, vocalista da Joining Invaders, banda de trabalho autoral da cidade, relata também a falta de apoio, sobretudo em relação à divulgação. Seu trabalho não é exposto em rádios e não abrange um público grande em Imperatriz que permita fazer shows com frequência. O próximo passo da banda é tentar enviar seu trabalho para os Estados Unidos e Inglaterra, pois são lugares onde espera que a sua música possa ser mais reconhecida. Outro fator abordado por Rendison é de que a cultura local não valoriza a música autoral. ‘O cover sempre teve mais força no cenário, é o consagrado versus autoral. Tem que vir da cultura garimpar bandas e ouvi-las”.