Centro de artesanato de Imperatriz gera emprego e renda para 35 famílias

Texto e fotos de Edilson Souza

Criado a partir da iniciativa da Associação de Artesãos em parceria com a Prefeitura Municipal e o Governo Federal, o Centro de Artesanato de Imperatriz, além de promover a cultural local, representa também uma fonte de renda para os 35 sócios que trabalham efetivamente no espaço, produzindo obras de todos os tipos e tirando delas o sustento de suas famílias. Os dados ainda indicam que em média os artesãos faturam por mês R$ 700,00. Esse dinheiro mantém famílias de até sete pessoas.

Centro de Artesanato gera sustento para 35 famílias
Centro de Artesanato gera sustento para 35 famílias

A artesã Maria das Graças, 60, conta que com a venda de seus tapetes e panos de prato bordados consegue contribuir com o orçamento. Segundo ela as despesas de casa são grandes por que ela tem quatro filhos e nenhum trabalha ainda.

Já o artesão Anacleto Oliveira, 62, também um dos sócios do centro, mora na cidade de João Lisboa, localizada a cerca de 60 quilômetros de Imperatriz. Ele sai de casa às 6 horas, pega o ônibus sentido Imperatriz. “Levo o meu artesanato, portas retratos, alguns quadros pequenos, jarros de flores, imã de geladeira entre outras coisas, tudo isso em uma bolsa grande que tenho. Consigo faturar uns R$ 763,00 por mês e com esse dinheiro ajudo no sustento de três netos que crio”, diz.

A artesã Maria Pereira 42, afirma já ter conseguido arrecadar algo em torno de R$ 1.300 em um mês em que as vendas foram boas, mas ela lembra também das vezes em que não vendeu tanto assim: “Já teve meses bem ruins, lembro-me de ter vendido menos de R$ 500 outras vezes, essa parte de vender não depende da gente, depende dos consumidores mesmo”, comenta.

Variedades e preços

São mais de 300 peças produzidas por artesãos de Imperatriz e regiões postas à venda no Centro, que além da matriz conta também com duas filias, ambas localizadas nos dois maiores shoppings da cidade. São obras para todos os gostos e bolsos: quadros, vasos, panos de prato, imãs de geladeira entre outros. Os preços também são variados, sendo que entre os produtos mais caros há peças de até R$ 400,00, que dividem espaço com outras de apenas R$ 2,00, como é o caso dos anéis de tucum.

Espaço tem grande variedade de produtos
Espaço tem grande variedade de produtos

O presidente do Centro de Artesanato de Imperatriz, antes funcionário público, Doriedsom Ferreira, 47, afirma que a existência do espaço é de extrema importância, pois proporciona aos artesãos uma credibilidade aos seus trabalhos. Ele conta também que o Centro representa uma maneira mais prática que os sócios têm de se organizar: “São 190 associados, mas só 35 estão realmente atuando no Centro, então nossos ganhos são divididos entre esses sócios atuantes com base no trabalho de cada um aqui dentro. Temos nossas reuniões e prestações de conta. Tudo o que entra e sai é anotado e arquivado. Fazemos questão dessa organização toda, pois é a nossa profissão, então temos que fazer tudo direito mesmo para dar tudo sempre certo”, diz.

Gosto do freguês

Dos produtos mais procurados pelos consumidores que vêm de outros Estados e muitas vezes de outros países, se destacam os quadros. É o que afirma o artesão Rodrigo dos Santos, 38. “Por trabalhar com os quadros, percebo que eles são bastante procurados aqui, principalmente por pessoas de fora, inclusive estrangeiras. Procuro retratar sempre nas telas coisas da nossa cultura local, referências da nossa região mesmo. Acho que isso é o que mais chama a atenção pra quem vem de fora”, explica.

Anacleto Oliveira, 62, citado no começo da reportagem, afirma que de um modo geral, outras peças também são bem procuradas pelos visitantes, como por exemplo, artigos de decorações para quarto de bebês, porta-retratos com frases e cartões postais da cidade. Mas, segundo ele, um dos mais populares é o clássico imã de geladeira: “Esse é o produto mais em conta, custa bem pouquinho R$ 2,00 e por isso é um dos que mais vendem, porque muitas vezes as pessoas vêm visitar, gostam das coisas, mas estão com pouco dinheiro, ai acabam levando os imãs, que são mais baratos mesmo”, justifica.

O Centro fica aberto para o público em dias e horários comerciais. Nos finais de semana os sócios se reúnem e com base nas anotações em planilhas, fazem um balanço do que comercializaram durante a semana e dividem os lucros entre si com base no que cada um produziu e vendeu. Desse modo, todos são automaticamente estimulados a produzir sempre, pois só ganha quem faz.

Gosto pela arte

A artesã Selma do Carmo, 44, conta que aprendeu o que sabe com sua mãe e gosta do que faz. Sua especialidade é fazer cestas de cipós e panelas de barro. “Trabalho com isso desde criança, aprendi com minha mãe e ela aprendeu com minha avó. Não sinto falta de ter outra profissão, sendo artesã eu trabalho em casa, perto da minha família e ajudo no sustento aqui. Sempre deu certo. Ser autônoma e não ter patrão é a muito bom”, diz.

Quem compra ali, muitas vezes está atrás de produtos personalizados. “Sempre gostei de artesanato, acho mais bonito que esses produtos industrializados, além de que tem a questão da sustentabilidade também. Sempre que viajo procuro as lojas de artesanatos das cidades e compro pelo menos duas peças e uso na decoração da minha casa. É como se trouxesse um pouco daquele lugar comigo, sabe? A cultura daquela região, das pessoas de lá. Acredito que de um modo geral esses artistas deveriam ser mais notados pelas pessoas”, conta a estudante e consumidora do Centro, Meyre Jéssica, 23.

Dados do próprio Centro informam que as vendas de 2015 tiveram uma alta de 100% com relação às do ano anterior, trazendo boas expectativas para 2016.