Artesanato e arquitetura também são manifestações artísticas

Filtro dos sonhos feito em cipó é exemplo de artesanato

Texto e foto: Rebeca Ribeiro

As Artes Plásticas agregam um conjunto de expressões que vão além da pintura e da escultura, e que recebem pouco valor dos cidadãos de Imperatriz. Este problema não é típico somente da escultura ou da pintura, outra subárea desse tipo de manifestação artística. O artesanato sofre com a falta de atenção por parte da população.

Tinta, penas, linha, missanga, conchas, cipós e agulha são alguns dos materiais que a artesã e estudante de enfermagem, Janaina Almeida, 22 anos, utiliza em seus trabalhos. Desde pequena ela ajuda sua mãe confeccionando peças de artesanato e em 2015 começou a vender filtro dos sonhos. Janaína também faz pintura em camisetas e desenhos em paredes.

Como artista, ela encontra dificuldades em trabalhar com o artesanato na cidade. O preço dos filtros, por exemplo, varia de acordo com o tamanho e o trabalho que cada objeto tem, mas ela adianta que os valores não podem ser altos, tanto porque as pessoas não querem dar muito dinheiro, quanto pela desvalorização. E é aí que entram os dois problemas principais: falta de material e a ausência de apoio.

O primeiro dos problemas é a escassez de alguns materiais necessários e o alto preço dos poucos existentes na cidade. “Aqui em Imperatriz os materiais pra fazer artesanato são muito caros, muito mesmo. Missanga, aqui, é pesando e os cristais são tipo R$ 5”, expõe. E essa desvalorização é a raiz do segundo empecilho: a falta de apoio das pessoas. “Até um tempo desses eles (a população) preferiam comprar um filtro dos sonhos no shopping do que na mão de um artesão”, lamenta Janaína.

O valor cobrado, entretanto, não compra toda dedicação, tempo e criatividade aplicada pelo artesão em cada produto. Os objetos produzidos são similares, mas nunca iguais, já que cada um tem a sua singularidade. Fato que deveria ser um grande motivo de valorização dos produtos feitos à mão e que, infelizmente, perdem valor por causa do modelo de alta produção e urgência exigida pelo capitalismo.

Apesar de certo descaso por parte do público, a artesã diz que o cenário do artesanato já foi pior e que, atualmente, a Associação dos Artesãos de Imperatriz (Assari), que conta com o apoio da Prefeitura, tenta divulgar mais a arte. “Artesanato não é valorizado aqui. Agora que está começando a dar uma melhorada”.

 

A arte petrificada

 

As construções, projeções, organização de espaço, a estética da cidade e das casas são alguns dos elementos que formam a arquitetura e fazem dela parte da história de algum povo. Algumas das construções mais emblemáticas são as da Escola Governador Archer e a antiga Prefeitura de Imperatriz (atual Academia Imperatrizense de Letras), que já passou por reformas, mas mantém uma fachada bem preservada.

Há quem não saiba, mas a arquitetura também é considerada arte e entra no conjunto das artes plásticas. A arquiteta e professora Emilly Mota, 26 anos, afirma o valor dessa arte e que não há um sem o outro. “Não dá pra separar a arte da arquitetura. É um tipo de arte, é um tipo de manifestação artística.”

Como arquiteta, Emilly vê na cidade mais uma atitude de desvalorização do profissional arquiteto do que da própria arquitetura em si, apesar de que Imperatriz, em sua opinião, precisa, sim, ampliar seu olhar para essa manifestação artística. “Aqui na cidade precisa-se abrir os horizontes e muitas pessoas não sabem a importância do arquiteto. Algumas pessoas valorizam sim, mas ainda precisa ampliar.”, salienta.

Sendo uma arte como a maioria das outras, a arquitetura faz, sim, menção à estética, porém ela abrange o campo do conforto e também da utilidade. Por exemplo, se existe idoso na casa, o arquiteto ou design de interior, projeta o ambiente levando em conta a segurança do ancião e a prevenção de algum acidente no lar. Ou seja, ela se adapta à necessidade de quem mora no ambiente criado e na acessibilidade.