Por: Maria Eduarda Santos
O desrespeito por parte dos alunos ouvintes e a ideia equivocada dos pais de que somente a instituição de ensino é responsável pela educação dos filhos são as principais queixas entre gestão e estudantes acerca da inclusão dos surdos na sala de aula. Esse fato evidencia que os obstáculos no ensino da comunidade não ouvinte vão além da comunicação.
“São as famílias que na maioria das vezes não colaboram. Só entregam os alunos na escola e esperam a mesma resolver tudo sozinha”, relata Francisco Ferreira de Deus, de 56 anos, atual gestor da escola Governador Archer, referência em educação inclusiva na cidade.
Por outro lado, para os alunos surdos o problema é outro. “Outros estudantes zombavam, fazendo gestos, mímicas e ficando mudos para os demais”, lembra Nereda de Carvalho Gomes, de 27 anos, pessoa surda, professora de libras e ex-aluna da Instituição de ensino Governador Archer.
Para Sabrina Alves Moraes, de 19 anos, aluna de pedagogia e pesquisadora no ramo da inclusão da comunidade surda, na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), ter a Libras como disciplina obrigatória desde o ensino básico seria a solução para a garantir a participação escolar dessa parcela dos alunos.
“A linguagem de sinais é a ‘porta’ entre o surdo e o ouvinte”
Segundo a estudante, a oferta da língua no ensino fundamental contribuiria para além da comunicação. “Já treinaria crianças para ter um convívio com o surdo”, disse. Ela acrescenta ainda que a medida também ajudaria na autoconfiança do indivíduo não ouvinte. “O surdo poderia não se guardar para si, com medo”.