Moradores resistem com demonstrações de fé e afeto pela região
Cristiny Santos
Aos olhos de quem passa apressado, a avenida Liberdade pode parecer apenas mais uma via de Imperatriz. Mas, para quem vive ali, ela é mais que trânsito e comércio: é memória, encontro e sobrevivência. A violência urbana, embora presente, não apaga os afetos que resistem no cotidiano.

Assaltos recorrentes, furtos e o medo de caminhar à noite fazem parte da rotina. Trechos mal iluminados e com pouco fluxo de pessoas se tornaram pontos de alerta. Moradores relatam episódios de violência com emoção contida, mas quase sempre finalizam com um “apesar”.
“Eu mesma já fui assaltada voltando da igreja. Mas continuo indo. Não é o medo que vai me impedir de viver, a rua também é minha”, afirma Celina Silva, moradora da Vila Ipiranga. Com um terço nas mãos, ela resume o sentimento de pertencimento e coragem de muitos.
Apesar da tensão, a avenida Liberdade segue viva. É por ela que mães levam os filhos à escola, vendedores montam bancas e jovens se reúnem para rimas de improviso. Igrejas celebram cultos ao ar livre e vizinhos se reconhecem no meio da rua.
Aos domingos, entre barracas de frutas e carros de som, ainda se vêem sorrisos. Crianças empinam pipas enquanto moradores conversam nas portas. São gestos simples, mas poderosos — sinais de resistência cotidiana.
Desejo de mudança
A ausência de policiamento constante aumenta a sensação de abandono. Moradores pedem mais segurança, mas temem que a essência da avenida se perca. “Queremos uma Liberdade segura, mas sem perder sua identidade”, pontua o morador Diego Nascimento.
Nos muros, grafites convivem com pichações. Alguns clamam por socorro; outros afirmam: “A rua é resistência”. A violência, embora real, não silencia tudo. O que resta de afeto, fé e coragem ainda fala — e fala alto.
Esta matéria faz parte do projeto da disciplina de Redação Jornalística do curso de Jornalismo da UFMA de Imperatriz, desenvolvido em parceria com a disciplina Laboratório de Produção de Texto I (LPT), chamado “Meu canto tem histórias”. Os alunos e alunas foram incentivados a procurar ideias para matérias jornalísticas em seus próprios bairros, em Imperatriz, ou cidades de origem. Essa é a primeira publicação oficial e individual de todas, todos e todes.