Artesãos do calçadão de Imperatriz lutam por espaço e reconhecimento

Artistas de rua de Imperatriz relatam falta de apoio e dificuldades vividas no dia a dia no centro da cidade

Por Luiza Cruz

Vanilson Pimentel divulgando suas produções no centro de Imperatriz. (foto: Luiza Cruz)

Mesmo com a reforma do Calçadão de Imperatriz concluída, artesãos independentes que atuam no local seguem enfrentando dificuldades para garantir espaço e reconhecimento. Com pouca estrutura voltada ao artesanato independente, muitos recorrem à resistência como forma de permanecer visíveis no centro comercial da cidade.

   Vanilson de Santos Pimentel, 41 anos, é um artista de rua conhecido como “Japa”. Sem ponto fixo, Vanilson circula entre estados, parando constantemente em Imperatriz para vender seus artesanatos, peças que ele começou a produzir e a vender ainda na adolescência. “Pra quem tem dom, começa desde o princípio de tudo. A gente só adquire experiência”, afirma ele. “Aqui no Norte, no Nordeste, o artesanato é muito desvalorizado. A galera dá pouco valor”. Para ele, o papel do artista de rua é claro: “Resistência. Isso é o que a gente é”.

   Já Luan Felipe da Silvaneri, 24 anos, chegou para trabalhar no calçadão há pouco tempo, mas já sente o peso da disputa por território. “Esse cara aqui já quase colocou o banco dele em cima das minhas coisas”, conta. De acordo com ele, as pessoas não respeitam, tentam tomar o espaço improvisado e até pisam em seus objetos de venda. Luan começou sua trajetória como jovem aprendiz, mas foi a convivência com os hippies que o levou ao artesanato. “Quando eu menos percebi, já tinha virado um”, ele diz. Seus produtos têm forte influência do reggae: brincos, colares e peças que carregam a estética da liberdade.

   “A gente é esquecido pela sociedade. Não tem apoio.”, Luan comenta sobre seu sentimento de esquecimento e a maneira como seu trabalho é desvalorizado. Apesar disso, ele acredita no potencial do artesanato local e acha que se cada um fizer sua parte, tem lugar para crescimento em Imperatriz.

   Resistência em Imperatriz

   A resistência dos artesãos no Calçadão de Imperatriz não é apenas uma questão de permanência física, é também um reflexo da luta por reconhecimento dentro da economia local. Segundo dados do Sebrae, o Brasil conta com mais de 8,5 milhões de artesãos, e o setor movimenta cerca de R$ 100 bilhões por ano, representando aproximadamente 3% do PIB nacional.

Em Imperatriz, estima-se que existam cerca de 600 artesãos, dos quais 318 são cadastrados na Associação dos Artesãos de Imperatriz (Assari). A Feira Cidadã, promovida pela prefeitura em parceria com a Sedec e a Assari, reúne cerca de 27 artesãs em eventos periódicos no Calçadão, oferecendo barracas e estrutura básica para exposição dos produtos.

   Apesar dessas iniciativas, muitos artesãos que são independentes e não fazem parte da associação, como Vanilson e Luan, relatam falta de apoio institucional, dificuldades de convivência e baixa valorização da arte local. A permanência deles no Calçadão, mesmo diante da revitalização e da ausência de regulamentação, revela um cenário onde a arte popular resiste não apenas às dificuldades de permanência, mas à invisibilidade.