Estudantes sem acesso à internet receberam chips e atendimento presencial com a entrega de atividades. Foto: Andressa Santos.
Thaty Sousa
Dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) apontam que o desempenho educacional de Imperatriz em 2019 foi um dos melhores da região Nordeste: a cada 100 alunos apenas cinco reprovaram. No entanto, a transição do ensino presencial para o remoto com a pandemia tem se tornado desafiador ao aluno imperatrizense.
Andressa Santos, 19 anos, que cursou o último ano do Ensino Médio no início da pandemia, relata os obstáculos enfrentados para concluir os estudos. “Foi muito difícil pra mim no início, pois eu não tinha recursos para participar das aulas on-line. Não tinha notebook, wi-fi e já estava há um período razoável sem celular. Também tinha que arcar com os estudos e os serviços de dona de casa. Sou casada e tenho uma bebê de colo. Apesar de tudo isso, tive total apoio da coordenação da escola para continuar”.
Já Lucivania Nascimento, 36 anos, estudante no Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA), precisou desistir por um tempo, devido à dificuldade de conciliar os estudos e a correria do cotidiano, e os problemas de saúde em decorrência do Covid-19.
“Eu não consegui acompanhar, primeiro porque não sabia mexer nas plataformas e segundo, meus filhos também precisavam de auxílio nas aulas remotas e eu não conseguia administrar. Estudei até o meio do ano. Em agosto adoeci e vi que não tinha mais condições físicas e emocionais para continuar”, conta.
Após ter contraído Covid-19, ela afirma que os efeitos da doença dificultam o aprendizado. “Quando retornei foi no período de provas. Não consegui fazer por não ter aprendido nada. Estava trabalhando e quando chegava sempre havia alguma coisa para fazer em casa. Também, fiquei com sequelas da Covid, coloco as coisas em um lugar e esqueço. Apesar das dificuldades em manusear os aplicativos utilizados pela escola, sempre peço ajuda aos meus filhos.”
A estudante desabafa sobre a falta de assistência educacional. “Eu enviava mensagem aos professores, quando precisava de ajuda, eles apenas visualizavam e não respondiam, isso foi me desestimulando.”
De acordo com Rosângela Ferreira Melo, vice-diretora da escola estadual Centro de Ensino Caminho do Futuro, o governo tem implantado a estratégia de ciclos, que consiste em permitir que o aluno realize dois anos letivos em um. O projeto tem por objetivo evitar evasões e minimizar o índice de reprovações, que, segundo ela, tem variado em torno de 7 a 10% em Imperatriz.
A falta de acesso aos recursos digitais ocorre com uma parcela dos estudantes. “Não é cem por cento, pois em média 80% dos alunos têm acesso à internet e aparelho celular em casa. Aos que não têm, o governo enviou mais de 500 chips com conexão durante um ano”, lembra Rosângela Ferreira. A escola também recebeu um celular de doação.
Os alunos que não possuem o aparelho vão até a escola em horários pré-agendados para realizarem as atividades. “Ano passado chegamos a imprimir exercícios para que fizessem e trouxessem para correção”, relata Rosângela.
:: Texto produzido para a disciplina de Redação Jornalística, semestre 2020.2 sob orientação da profa. Yara Medeiros.