Por Juliana Fernandes Silva
O comércio virtual segue em crescimento acelerado, trazendo desafios significativos para os comerciantes de lojas físicas que precisam se reinventar para se manterem competitivos no mercado digital. Com a conveniência das compras online, que oferecem entrega rápida e flexibilidade de horário, o comportamento dos consumidores, especialmente jovens e pessoas com rotinas corridas, está mudando rapidamente.
Segundo matéria da Agência Sebrae de Notícias, publicada em 16 de dezembro de 2022, quase 30% dos pequenos negócios brasileiros ainda não estão presentes no mercado digital. Esse número é alarmante quando se considera que o Brasil tem mais de 215 milhões de habitantes, com 77% dessas pessoas acessando a internet, o que representa uma enorme oportunidade para e-commerce.
Ainda assim, das 19,5 milhões de micro e pequenas empresas no país, cerca de 5,3 milhões (27%) ainda não utilizam redes sociais, sites ou aplicativos para vendas, conforme levantamento do Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ivan Tonet, coordenador de Mercados e Transformação Digital do Sebrae, alerta que, para competir nesse cenário, é crucial que os empreendedores invistam no básico. “Como está a sua loja virtual? Você tem um site, uma página nas redes sociais bem atrativa?” questiona Tonet, destacando a importância da experiência de compra pelo celular, que representa 53% das vendas digitais no Brasil.
A empresária Kananda Carreiro da Silva, proprietária da KC Store, ilustra como o uso das redes sociais pode ser um grande diferencial. Ela afirma que seu negócio, realizado inteiramente online, é sustentado pelo uso estratégico de ferramentas como WhatsApp e Instagram. “Atraio meus clientes através das redes sociais, postando fotos das peças e oferecendo um atendimento direto e rápido”, explica Kananda, evidenciando a praticidade e o alcance das vendas digitais.
Por outro lado, as lojas físicas enfrentam dificuldades diante dessa nova realidade. Camila Sueli Barros, da loja Toda Fashion, revela que a queda nas vendas é uma constante, uma vez que os consumidores preferem a facilidade e os preços menores oferecidos pelas plataformas digitais. “As pessoas não vêm mais à loja como antes. Agora, elas buscam tendências na internet e compram de lojas que entregam em casa com preços mais baixos”, desabafa.
Além disso, questões logísticas também prejudicam o fluxo de clientes em lojas físicas. Claudia, comerciante há quase 20 anos, aponta a zona azul como um empecilho para atrair clientes ao centro da cidade. “Eles preferem ir ao shopping, onde não têm essa preocupação”, comenta ela.
Mesmo com tantos desafios, muitos lojistas físicos estão buscando alternativas para driblar a concorrência. Promoções, sorteios e programas de fidelidade têm sido adotados como estratégias para manter a base de clientes. Algumas lojas também começaram a firmar parcerias com aplicativos de entrega, ampliando as opções de conveniência.
Especialistas destacam que o futuro do varejo passa pela integração entre o físico e o digital, no que é conhecido como omnichannel. A experiência diferenciada em lojas físicas, associada à conveniência das vendas online, pode ser a chave para o sucesso. “As lojas físicas precisam oferecer algo além do produto, criando uma experiência única para o cliente, seja através do atendimento ou de iniciativas que conectem os dois mundos”, explica Tonet.
A transformação digital, inevitável e acelerada, exige que comerciantes adaptem suas operações para continuar competindo em um mercado que está cada vez mais virtual. Para aqueles que souberem combinar o melhor dos dois mundos, as oportunidades serão vastas.